Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Luciano Dantas Bugarin (UFRJ)

Minicurrículo

    Doutorando em Educação pela UFRJ. Mestre em Cinema e Audiovisual pela UFF (2022). Especialista em Bullying, Violência, Preconceito e Discriminação na Escola pela UNIFESP (2021). Possui grau de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Desenho pela UFRJ (2006) e bacharel em Cinema e Audiovisual pela UNESA (2008). Atualmente é professor de Artes Plásticas da SME-RJ. Também atua como cineasta independente e crítico de cinema.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema e intermidialidade: uma janela para ver, capturar e reinventar o mundo

Eixo Temático

    ET 2 – INTERMIDIALIDADES, TECNOLOGIAS E MATERIALIDADES FÍLMICAS E EPISTÊMICAS DO AUDIOVISUAL

Resumo

    Este trabalho propõe a intermidialidade como promotora de um aprendizado artístico com foco no olhar que captura e transforma a realidade. A partir de um paralelo da criação imagética com o ato de aprender como janelas para descobrir e reinventar o mundo, aponta-se como um diálogo intermidiático entre cinema, realidade virtual e pintura proporciona novos modos de leitura e criação em uma conjuntura de atravessamento entre arte e tecnologia. Gera-se a renovação da imagem com base na modernidade.

Resumo expandido

    O ensino de arte compreende diversas possibilidades de leituras de mundo por meio de imagens artísticas. Se a educação é uma janela que revela uma parcela de um panorama mais abrangente a ser descoberto, a imagem artística destaca como um fragmento emoldurado de uma perspectiva mais ampla resulta da sensibilidade de um olhar que transforma o ato de observar em possibilidades de produção de conhecimento.
    A composição de uma imagem é produto de observação crítica, na qual o autor imagina e reinventa a partir do que examina e descobre. Toda obra visual apresenta uma moldura disposta sobre o que se vê, como resultado de uma percepção sensível particular que atua sobre uma compreensão do mundo ao redor (Pontes; Souza; Leal, 2022).
    A criatividade é um componente fomentador do olhar, tanto na educação, quanto na criação visual, ao impulsionar o cognitivo do pensamento e suas subjetividades. Imaginar é um meio fundamental para capturar e transformar uma realidade com base em uma compreensão crítica (Barbosa, 1998).
    O cinema potencializou a concepção, da pintura, de um recorte da realidade que motiva contemplação, reflexão e produção de sentido a partir do olhar. O cinema é uma janela que dispõe uma pluralidade de modos de reinventar o que se vê, o que se vivencia e de evidenciar o que ainda não se conhece (Bartalini, 2021).
    O cinema pode operar, no ensino de arte, como mobilizador e catalisador de um olhar sensível no estudante, como o olhar criador do artista. Esse é o olhar que possibilita a criação de composições carregadas de uma poética visual sobre diferentes narrativas. A amplitude da estética audiovisual pode estimular os estudantes a “olharem” de forma mais atenciosa para suas vivências e aspectos socioculturais de seus entornos (Fresquet, 2020).
    O cinema tem como característica uma natureza plurimidiática, por abranger aspectos estéticos e narrativos de diferentes mídias e linguagens artísticas. Um filme é um potente dispositivo de apreciação intermidiática, e pode proporcionar uma experiência lúdica e imersiva de produção de sentido.
    A realidade virtual (RV), que pode ser considerada como um formato tecnológico renovado do cinema, alcançou um nível de imersão, que esse jamais alcançou. A RV amplia e dispõe um novo sentido para a imagem como uma janela. A imersão da experiência coloca o indivíduo dentro da imagem, que se expande ao redor.
    A experiência do sentir/estar na imagem artística instiga uma leitura, cuja percepção pode consistir em uma compreensão mais subjetiva do mundo ao redor. Quer dizer, a RV pode gerar uma leitura de natureza mais emancipatória na presentificação da imagem por meio de uma percepção identitária. Em outras palavras, a leitura da imagem estaria vinculada a percepções distintas, tal como artistas ao criarem suas obras (Axt; Schuch, 2001).
    Através de um diálogo intermidiático entre pintura, RV e cinema, o ensino de arte pode ser conduzido através de associações entre experiência estética e visualidade. Assim, é possível estabelecer uma aprendizagem imersiva, onde o estudante pode assimilar elementos formais e subjetivos das imagens por meio de experimentações midiáticas e tecnológicas a partir de uma construção própria.
    Se olhar pela janela pode ser um modo de buscar compreensão sobre o mundo, cada uma dessas três linguagens traz sua versão de “janela” pelo uso da perspectiva como recorte da realidade. Cada suporte oferta uma vista, onde a origem os integram, enquanto que a espectatorialiade salienta a interface de cada mídia, o que possibilita que cada uma reinvente a imagem, segundo sua própria essência.
    A intermidialidade entre as janelas da pintura, da RV e do cinema, em especial na animação, devido a um impressionante potencial de liberdade da representação subjetiva (Sarrat, 2023), proporciona o encontro do estudante com novas perspectivas, e compreensões da imagem e sua presença. A intermidialidade promove uma criação imagética que se reinventa perante o sistema de comunicações.

Bibliografia

    AXT, M.; SCHUCH, E, M. M. Ambientes de realidade virtual e educação: que real é este?. Interface – Comunição, saúde, educação, Botucatu, v.5, n.9, p.11-30, 2001.
    BARBOSA, A. M. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: Arte & Ensino, 1998.
    BARTALINI, M. M. Para além da sala escura: encontros entre cinema e escola. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.
    FRESQUET, A. Cinema e educação: Reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.
    PONTES, G. M. D.; SOUZA, R. G. P.; LEAL, F. L. A. Crianças e arte: encontros para abrir as janelas à dimensão estética da prática docente. Zero-a-Seis, Florianópolis, v. 24, n. 46, p. 1069-1086, jul./dez., 2022.
    SARRAT, S. A. La animación: un espacio para el arte. La pintura-animada en la última década del siglo XX. Tese (Doutorado em Belas Artes). Universitat Politècnica de València, Valência, 2002.