Ficha do Proponente
Proponente
- YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS (UNIFESP)
Minicurrículo
- Professora Doutora de História do Cinema do Departamento de História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Fundadora do Colóquio de Cinema e Arte da América Latina (Cocaal), pesquisadora com linhas de pesquisas em Cinema, Filosofia, Política e América Latina
Ficha do Trabalho
Título
- O outro e eu
Seminário
- Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas
Resumo
- Trato de pensar o cinema de Jorge Sanjinés e o Grupo Ukamau não como tratados amadores de antropologia, mas como imagens e roteiros nos quais os cineastas “q’aras” ou “criollos” (mestiços embranquecidos) estão pensando superar a história q’ara/criollas que se impôs em América Latina
Resumo expandido
- Trato de pensar o cinema de Jorge Sanjines e o Grupo Ukamau não como tratados amadores de antropologia, mas como imagens e roteiros nos quais os cineastas “q’aras” ou “criollos” (mestiços embranquecidos) estão pensando superar a história q’ara/criollas que se impôs em América Latina. Isto significa pensar um outro tipo de história, na qual esse grupo de cineastas cria imagens nas quais é muito difícil, para nós, os mestiços q’ara/criollos, nos reconhecer. Apesar disso, essas imagens são de suma importância para nós justamente porque são complexas e problemáticas. Neste cinema, além das representações dos indígenas, estão as imagens dos mestiços citadinos que se relacionam com as comunidades indígenas rurais. Nessa figuração, o que nos ajuda a pensar esses personagens é o conceito de anti-mestiçagem de José Antônio Kelly Luciani, que sustenta que as comunidades urbanas mestiças branqueadas da América Latina são os nem… nem. Ou seja, aqueles que não podemos nos reconhecer nem na tradição ocidental, dado a guerra das independências e o racismo dos europeus, e nem na herança indígena por uma questão também racial, apesar da imensa contribuição das culturas originárias. Não somos nem ocidentais (muitos intelectuais europeus deixam claro que não somos ocidentais e que a américa Latina tem que decidir o que é – entre eles Jacques Aumont, Hans Belting etc. O que exige de nós uma postura mais digna na maneira como nos encaramos), nem indígenas. Os filmes destes cineastas colcam de maneira complexa e forte uma profunda, dolorosa e necessária reflexão sobre nós os de América Latina urbanizados e branqueados.
s filmes permitem virar o espelho para os q’ara, pois as imagens das comunidades indígenas estão sempre mediadas pelo conflito permanente com os mestiços branqueados, além dos cineastas serem também q’ara. Se a imagem que os filmes criam dos indígenas pode ser idealizada, a dos q’ara não. Os autorreflexos criados por estes cineastas não permitem, a nós mestiços branqueados, um autorreconhecimento narcísico. Eles escancaram o fato histórico de que a necessidade de se afirmar em cima do outro é apenas a manifestação de um sentimento metafísico de inferioridade.
Atreve-te a ser você mesmo!
(Churata, 1957: 64)
Bibliografia
- Referência Bibliográfica
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