Ficha do Proponente
Proponente
- Daniel P. V. Caetano (UFF)
Minicurrículo
- Professor do curso de Produção Cultural no IHS-UFF, com formação em Cinema pela UFF e pós-graduação em Literatura Brasileira pela PUC-Rio. Organizador dos livros “Cinema brasileiro 1995-2005”, “Serras da Desordem” e “Tom Jobim – coleção encontros”, foi também colaborador das revistas Contracampo, Cinética e Filme Cultura. Realizador de filmes de longa e curta metragem.
Ficha do Trabalho
Título
- O Sertanejo, um projeto de Victor Lima Barreto
Resumo
- A partir da segunda metade da década de 1950, o cineasta Victor Lima Barreto buscou diversos meios para levantar os recursos necessários à produção de um filme baseado em Os Sertões, de Euclides da Cunha. Ao longo dos anos, promoveu leituras públicas do roteiro, divulgou nomes célebres que fariam parte do elenco – tais como Adoniran Barbosa, Assis Valente, Alzira Vargas, Mané Garrincha, Jânio Quadros e outros. Mas o filme nunca saiu do papel. Propõe-se aqui analisar aspectos desta empreitada.
Resumo expandido
- Na primeira metade da década de 1950, uma produção da Vera Cruz levou o cineasta Victor Lima Barreto a romper pela primeira vez as fronteiras do país e obter prêmios e repercussão internacionais com o seu filme “O Cangaceiro”, que chegou a ser laureado em Cannes e ganhou resenhas altamente favoráveis do crítico francês André Bazin, entre outros.
Em seguida ao sucesso extraordinário do seu primeiro longa metragem, ao longo da segunda metade da década de 1950 e nos anos seguintes, Victor Lima Barreto buscou diversos meios para levantar os recursos necessários à produção de um filme baseado em Os Sertões, de Euclides da Cunha, cuja adaptação ele intitulou de “O Sertanejo”. Ao longo dos anos, o diretor promoveu leituras públicas do roteiro, divulgou diversos nomes célebres que teriam aceitado fazer parte do elenco (tais como os compositores Adoniran Barbosa e Assis Valente, Alzira Vargas, o jogador de futebol Mané Garrincha, o político Jânio Quadros e outros) e buscou recursos nas mais diversas fontes de financiamento, privadas e públicas. Mas o projeto, mesmo após intensa divulgação nos órgãos de imprensa, nunca saiu do papel.
Propondo-se a analisar tanto a persona pública construída por Lima Barreto como as perspectivas que ele então propunha para a produção cinematográfica brasileira, esta comunicação pretende analisar o episódio e, à luz das recentes premiações que provocaram raro entusiasmo de amplos grupos da sociedade brasileira com a produção cinematográfica local, propor uma reflexão sobre o episódio aqui descrito.
Bibliografia
- BAZIN, André. “Le cinéma brésilien nous réveille, mais le suédois nous endort”. Le Parisien Liberé, 18/04/1953.
FURTADO, Filipe. “História espectral do cinema brasileiro 1995-2005”. In: CAETANO, Daniel. Cinema Brasileiro 1995-2005 – Ensaios sobre uma década. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.
GONÇALO, Pablo. Hollywood de Papel. Rio de Janeiro: Zazie, 2022.
SANTOS, Igor David. A receita de um filme inexistente: Lima Barreto e os debates sobre a produção cinematográfica no brasil dos anos 1950. Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná, 2021.
SALLES GOMES, Paulo Emilio. Um intelectual na linha de frente. Rio de Janeiro: Alhambra/Embrafilme, 1985.