Ficha do Proponente
Proponente
- Rodrigo Almeida Ferreira (UFRN)
Minicurrículo
- Docente do curso de Audiovisual da UFRN, Rodrigo integra o coletivo Surto & Deslumbramento e coordena o Projeto de Extensão Mostra Monstra. É diretor dos filmes Casa Forte (2014), Como era gostoso meu cafuçu (2015), Ciclo (2021), O nascimento de Helena (2021) e Verão sem fim (2024). Foi curador do Janela Internacional de Cinema do Recife (2009 – 2017), da Mostra Canavial de Cinema (2014), da Antologia do Cinema Pernambucano (2012-2015), do Recifest (2017), da mostra Brasil Distópico (2017).
Ficha do Trabalho
Título
- Mostra Monstra: uma experiência de extensão universitária em audiovisual
Resumo
- A proposta parte da história da extensão universitária, em diálogo com autores como Ana Luisa Souza, Paulo Freire e outros, para apresentar a trajetória de seis anos da Mostra Monstra, projeto de extensão interdisciplinar criado em 2019 e vinculado ao Decom/UFRN. A iniciativa atua em quatro segmentos (formação, difusão, produção e distribuição), fortalecendo o circuito audiovisual local, estabelecendo parcerias diversas e colocando os estudantes como os agentes centrais da mobilização cultural.
Resumo expandido
- A proposta parte da história da extensão universitária, em diálogo com autores como Ana Luisa Souza, Paulo Freire e outros, para apresentar a trajetória de seis anos da Mostra Monstra, projeto de extensão interdisciplinar criado em 2019 e vinculado ao Decom/UFRN. A iniciativa, sob minha coordenação, atua em pelo menos quatro segmentos. 1. FORMAÇÃO, oferecendo de forma gratuita cursos teóricos, oficinas práticas, bem como mesas de diálogos e palestras com profissionais da área audiovisual. 2. DIFUSÃO, promovendo exposições artísticas e mostras audiovisuais, com curadorias diversas, feministas, queer, decoloniais, def, desde eventos focados na produção local e estudantil até propostas temáticas relevantes para formação de repertório cinematográfico. 3. PRODUÇÃO, desenvolvendo conteúdos audiovisuais a serem disponibilizados no perfil do Instagram do projeto (https://www.instagram.com/mostramonstra/) sempre abordando um aspecto ou novidade do universo audiovisual e/ou cultural. Por fim, 4. DISTRIBUIÇÃO, investindo na divulgação de curtas-metragens produzidos por estudantes do Decom/UFRN, através da formação do corpo discente na dinâmica de inscrição em mostras e festivais nacionais e internacionais.
O projeto proporciona uma formação complementar para a comunidade acadêmica, bem como abre vagas para pessoas de fora, fortalecendo o caráter extensionista da universidade como espaço a ser acessado por toda a sociedade. Costumamos fazer um recorte que abarca diferentes aspectos da cultura audiovisual, já realizamos cursos sobre representação das mulheres no cinema, sobre afrofuturismo e ficção especulativa, sobre efeitos visuais, sobre elaboração de projetos culturais, sobre inteligência artificial, sobre cinema africano, entre outros. Com pontuam Amaranta César e Leonardo Costa em seu artigo sobre o Cachoeira Doc “a prática extensionista, que forma o tripé da formação universitária junto com ensino e pesquisa, tem se revelado como aspecto favorecido da formação universitária, em virtude de sua potência integrativa com a sociedade, enquanto agente catalisador de dinâmicas dialógicas entre saberes populares, historicamente situados, e pressupostos acadêmicos” (2021, p. 138). A presença de profissionais e pesquisadores de diferentes áreas do audiovisual e do país no Decom /UFRN vem semeando uma faísca no corpo discente a partir de outros temas, abordagens, metodologias, fundamentações, curadorias.
Segundo dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, o Rio Grande do Norte está na quarta pior colocação na relação entre quantidade de salas de cinema e número de habitantes. Mesmo em Natal não temos (ainda) uma sala pública de cinema, de forma que todas as iniciativas de difusão, mostras, festivais, cineclubes, assumem um papel importantíssimo para difundir uma programação alternativa e projetos curatoriais regidos por diretrizes não comerciais. A Mostra Monstra é um projeto fundamental para construirmos outros parâmetros de imagem, para fundamentar um audiovisual experimental e ciente de suas responsabilidades sociais, ampliando o conhecimento sobre suas tecnologias, suas teorias, sua capacidade de repercussão. Todas as ações contam com assistência, da concepção à realização, dos estudantes bolsistas e voluntários, fornecendo uma importante formação aos discentes como atores de mobilização cultural.
Apresentaremos um panorama das ações do projeto, os desafios e obstáculos da realização da extensão, em especial a relação com os editais internos da própria universidade, a dinâmica de funcionamento, revelando o impacto do projeto de extensão na cena audiovisual de Natal, por um lado convocando a comunidade externa a entender a universidade como um núcleo de formação que oferece inúmeras oportunidades para a sociedade civil; por outro, criando pontes entre alunos da graduação e pós-graduação com figuras já inseridas no mercado, além de proporcionar o diálogo com os próprios convidados de fora.
Bibliografia
- ALEA, Tomas Gutiérrez. Dialética do Espectador. São Paulo: Summus Editorial, 1983.
ALMEIDA, Rodrigo. Rasgos culturais: consumo cinéfilo e o prazer da raridade. Recife: Velhos Hábitos Ed., 2011.
BAECQUE, Antoine de. Cinefilia: Invenção de um Olhar, História de uma Cultura. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
CANCLINI, Néstor Garcia. Diferentes, Desiguais e Desconectados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
CÉSAR, Amaranta; COSTA, Leonardo. Memória e ação com CachoeiraDoc: um festival de cinema com e como política pública. Rebeca. v. 10 n 2. 2021. p. 150-173.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 17. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
MELO, Izabel de Fátima Cruz. Cinema, circuitos culturais e espaços formativos: novas sociabilidades e ambiência na Bahia (1968-1978). Salvador: EdUneb, 2022. 250 p.
RUFINO, Luiz. Pedagogia das Encruzilhadas. Periferia, v. 10, n. 1, p. 71-88, 2018.
SOUSA, Ana Luiza Lima. A História da Extensão Universitária. Campinas, SP: Alínea, 2000.