Trabalhos aprovados 2025

Ficha do Proponente

Proponente

    Ana Júlia Olivier Rocha (UFRB)

Minicurrículo

    Ana Júlia Olivier Rocha é graduada em Cinema e Audiovisual pela UNESPAR-FAP (2024) e, atualmente, mestranda no PPG de Comunicação pela UFRB. Também trabalha com críticas, análises e pesquisas na área de cinema. Suas pesquisas acadêmicas foram apresentadas em encontros como MusiMid e Cinema em Perspectiva. Atuou como monitora com bolsa em 2024 na ação extensionista “Tapé Arandu: enquadrar um trabalho de tradução ético-epistêmica” no curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UNESPAR.

Ficha do Trabalho

Título

    CAMINHOS DE UMA MONITORIA: OS RESULTADOS DO TRABALHO JUNTO AO PROJETO DE EXTENÇÃO ÁRA ÊNDU ANHETÊ

Eixo Temático

    ET 5 – ETAPAS DE CRIAÇÃO E PROCESSOS FORMATIVOS EM CINEMA E AUDIOVISUAL

Resumo

    A Monitoria Acadêmica vinculada ao Projeto Ára Êndu Anhetê, do Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UNESPAR e da Terra Indígena Araça’í do povo Mbya Guarani, colaborou com a promoção de uma a tradução intercultural sobre o Som como experiência cosmológica e produziu o documentário “Sonhos Afluentes”, que explora experimentações sonoras, reflexões discentes e registros audiovisuais do projeto. A análise aborda o processo criativo do filme e resultados da monitoria como recurso formativo.

Resumo expandido

    Esta comunicação tem como objetivo apresentar a trajetória e os resultados de uma Monitoria Acadêmica realizada no contexto de disciplinas extensionistas curricularizadas do Bacharelado em Cinema e Audiovisual do Campus Curitiba II da Universidade Estadual do Paraná, por sua vez vinculadas ao Projeto de Extensão Ára Êndu Anhetê: ouvir o mundo verdadeiro. O Projeto teve como objetivo principal promover um trabalho de tradução intercultural sobre o Som enquanto experiência cosmológica e o Cinema e Audiovisual como expressão ética e poética. Vinculado às disciplinas Atividades Curriculares de Extensão e Cultura (ACEC) e Seminários Temáticos, o projeto vem sendo desenvolvido entre participantes da Unespar (discentes, monitora e docentes) e habitantes da Terra Indígena Araça’í do Povo Mbya Guarani, localizada na floresta ombrófila mista da região metropolitana de Curitiba.
    Tendo como base fundamentos teóricos sobre o universo sonoro de captações cinematográficas, bem como estudos interculturais e etnológicos, desenvolvemos diálogos que efetivam trabalhos de tradução ético-epistêmica (Felix, 2021; Mapurunga, 2020; Panikkar, 1979).
    As ações que serão recorte desta comunicação ocorreram semanalmente de março a dezembro de 2024 e foram pautadas por uma metodologia participativa e alinhada à pesquisa-ação orientada para a ecologia dos saberes (Foppa; Felix, Góes, 2019; Smith, 2018). A monitoria, sob orientação dos docentes responsáveis, teve o papel de documentar esses exercícios por meio de capturas audiovisuais, oferecer auxílio pedagógico, desenvolver pesquisas teóricas acerca dos assuntos tratados e criar o documentário “Sonhos Afluentes”, que registra e retrata experiências promovidas pelo Projeto a partir de experimentações ao redor do som assíncrono, de reflexões sistemáticas dos discentes participantes e de capturas audiovisuais dos encontros na TI Araça’í e na sede Boqueirão da Unespar. A presente comunicação pretende apresentar recortes dessas ações, com foco principal em uma crítica do processo criativo da produção do documentário (Salles, 2021) e numa análise reflexiva das potencialidades e desafios da Monitoria Acadêmica como recurso formativo.
    “Sonhos Afluentes” é; um documentário experimental curta-metragem que materializa a memória dos encontros do projeto por meio de relatos, sonoridades e visualidades que partem de uma estética pautada no onírico. O filme pretendeu fazer uso de recursos semelhantes aos que encontramos em nossos sonhos, com experimentações na montagem e no som que criam uma atmosfera fragmentada, mas capaz de oferecer uma narrativa inteligível. O processo de criação que pretendeu recriar uma linguagem de sonho foi realizado por meio de uma pesquisa teórica fundamentada na interculturalidade e em análises audiovisuais sobre o ato de sonhar e suas representações. O projeto poético deste documentário se justifica na forte presença dessa temática na cosmologia Guarani e nas experiências da monitora durante a execução de suas atividades. Através de uma linha discursiva pouco convencional, sem seguir uma linearidade dos fatos e com experimentações sonoras, o documentário pretendeu representar o que o Projeto promoveu em seus encontros com uma didática que emancipa o espectador, permitindo-lhe experimentar a presença nos eventos registrados ao mesmo tempo em que possibilita a superação das constrições da realidade e o envolve em multiplicidades de possibilidades associativas e sensoriais.

Bibliografia

    BERGALA, A. Hipótese cinema. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
    CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Pesquisa Narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa. 1. ed. Tradução do Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEL/UFU. Uberlândia: UDUFU, 2015.
    CATALÀ, J. M. Figuras da memória (coletiva): os documentários como palácios da memória. Tradução de: COSTA, C. R. da; OLIVEIRA, J. G. de. LÍBERO,n. 41, jan./jun. 2018
    CORAZZA, S M. Labirintos da Pesquisa, diante dos ferrolhos. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.) Caminhos Investigativos: novos olhares na pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 107-131.
    FELD, S.; PALOMBINI, C. Pensando na gravação de paisagens sonoras: Steven Feld entrevistado por Carlos Palombini. Música e Cultura. Revista da Associação Brasileira de Etnomusicologia, v. 9, 2014.
    FELIX, F. M. Hermenêutica Diatópica sobre Língua(gem) e Ensino Linguístico numa Pesquisa-Ação com Professores da Educação Escolar Indígena. Tese de Doutorado. P