Ficha do Proponente
Proponente
- JANAINA WELLE (UNICAMP)
Minicurrículo
- Cientista Social (Unicamp) com mestrados em Antropologia Visual (Universidade de Barcelona) e Multimeios (Unicamp). Atualmente desenvolvendo sua pesquisa doutoral no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (Nepam/Unicamp) sobre as narrativas do extrativismo capitalista da Amazônia produzidas pelo documentário brasileiro.
Ficha do Trabalho
Título
- Imagens da Amazônia: marcas da exploração do território no documentário nacional
Resumo
- A presente comunicação apresenta as reflexões desenvolvidas na pesquisa de doutorado em andamento “Imagens da Amazônia: marcas da exploração do território no documentário” que investiga as narrativas construídas pela produção documental brasileira sobre o extrativismo capitalista e de larga escala na Amazônia nas últimas cinco décadas.
Resumo expandido
- A presente comunicação irá compartilhar as reflexões desenvolvidas na pesquisa de doutorado em andamento “Imagens da Amazônia: marcas da exploração do território no documentário” que investiga as narrativas construídas pela produção documental brasileira sobre o extrativismo capitalista e de larga escala na Amazônia nas últimas cinco décadas. Apresentaremos a base teórica e os principais conceitos trabalhados: os extrativismos, com suas amplitudes e pluralidades e sua relação com a violência lenta (NIXON, 2011) perpetrada no corpo-território (GAGO, 2020) amazônico.
As narrativas do extrativismo capitalista surgem como uma resposta à violência sofrida pelos corpos-territórios (GÓMEZ-BARRIS, 2017). O cinema documentário tem se colocado eminentemente como suporte de contranarrativas do extrativismo, fazendo um contrapeso às narrativas oficiais de da grande mídia que tendem a ser pró-desenvolvimentistas e pró-extrativistas. Neste sentido, revelam outras versões da história, exercendo papel ativo nas disputas pelas retóricas e oferecendo novos elementos para a construção de imaginários coletivos sobre a Amazônia. A pesquisa elencou 73 documentários brasileiros, ou co-produções brasileiras, realizados entre 1972 e 2022 que trazem a questão do extrativismo capitalista em suas narrativas de forma central ou tangencial. A partir da análise do arquivo, foram categorizadas as grandes tendências temáticas, éticas, estéticas e narrativas. Há duas fortes tendências temáticas: o território em disputa e a violência que a acompanha, e os grandes projetos extrativistas desenvolvidos na região como a extração da borracha, Fordlândia, projeto Jari, mineração e as grandes obras de infraestrutura que puxadas pelo extrativismo intensivo como a abertura de rodovias e construção de grandes hidrelétricas.
A mineração é a temática que mais cresce na produção nacional atual. Já a abertura de rodovias e a construção de grandes hidrelétricas conformam as temáticas extrativistas com maior volume de produções dedicadas. Partindo dessa constatação, realizou-se o panorama das rodovias amazônicas no documentário nacional a partir da análise da série “Amazônia, uma estrada para o passado” (2021) de Jorge Bodansky e Fabiano Maciel, e das grandes hidrelétricas amazônicas, desde as imagens das territorialidades e corporeidades xinguanas construídas pelos documentários que narram a construção da hidrelétrica de Belo Monte e suas consequências. Pretendemos contribuir, a partir da ecocrítica fílmica, com novas maneiras de pensar as narrativas do extrativismo capitalista na Amazônia.
O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES, processo nº 88887.502941/2020-00 e faz parte do Projeto Temático SPEC (FAPESP), processo nº 2019/17113-9.
Bibliografia
- GAGO, Verônica. A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo. Buenos Aires: Editora Elefante, 2020.
GÓMEZ-BARRIS, Macarena. The extractive zone. Social ecologies and decolonial perspectives. Durham, Duke University Press, 2017
NIXON, R. Slow Violence and the Environmentalism of the Poor. Cambridge and London: Harvard University Press. 2011