Ficha do Proponente
Proponente
- PEDRO ARTUR BAPTISTA LAURIA (UFF)
Minicurrículo
- Pós-Doutorando em Cinema e Audiovisual na UFF, onde fez seu doutorado. Mestre em Comunicação Social pela UFRJ. Formado em Geografia pela PUC-Rio. Editor Chefe do OCA-UFF. Um dos diretores do pré-vestibular social PECEP. Também é um dos fundadores do laboratório de narrativas, LEINA. Foi professor de Roteiro, Argumento e Narrativas na UFF e dá aulas na COART UERJ. Autor do livro “O Subúrbio e o Suburbanismo Fantástico” publicado pela editora Nau.
Ficha do Trabalho
Título
- O Plágio de Spielberg? A Children’s Film Foundation como precursora do Suburbanismo Fantástico
Seminário
- Estudos do Insólito e do Horror no Audiovisual
Resumo
- O presente trabalho propõe a análise de três desses filmes. Os média-metragens Supersonic Saucer (1956), Kadoyng (1973) e The Glitterball (1977), produzidos pela Children’s Film Foundation, uma organização sem fins lucrativos que fazia filmes infantis para TV britânica. Os três precederam os elementos semânticos, sintáticos, estéticos e narrativos de E.T. – O Extraterrestre (1982) – e trazem novos olhares para as origens do suburbanismo fantástico e ampliam os debates sobre suas influências.
Resumo expandido
- O suburbanismo fantástico é um dos subgêneros cinematográficos mais influentes do cinema estadunidense da década de 1980. Em “The Suburban Fantastic Cinema”, Angus McFadzean, primeiro pesquisador a propor o Suburbanismo Fantástico como uma categoria genérica distinta dos “Filmes Família de Aventura”, indica E.T. – O Extraterrestre (Steven Spielberg, 1982), como obra de origem para o subgênero. Sendo indiscutível a influência do filme de Spielberg e de seu estrondoso sucesso na consolidação da Amblin e dos filmes de aventura com protagonistas jovens que viriam ocupar as telas de cinema nos anos seguintes como Gremlins, De Volta para o Futuro, Os Goonies e Esqueceram de Mim.
O presente trabalho, faz parte do trabalho genealógico de buscar por elementos semânticos, sintáticos, estéticos e narrativos que definem o Suburbanismo Fantástico, quanto subgênero, em obras anteriores ao clássico de Spielberg. Este é o caso de três média-metragens produzidos pela Children’s Film Foundation, uma organização sem fins lucrativos que fazia filmes infantis que eram passados aos sábados de manhã na televisão britânica. São eles, Supersonic Saucer (Guy Fergusson, 1956), Kadoyng (Ian Shand, 1973) e The Glitterball (Harley Cokeliss, 1977). Apesar de filmes pouco conhecidos pelo público geral, todos são recorrentemente apontados como “possíveis influências” de Spielberg na criação de E.T. – O Extraterrestre, por críticos de cinema.
Tais inferências não são levianas, como a narrativa destes filmes expõe: em Super Sonic Saucer, um grupo de crianças precisa ajudar que um simpático E.T. a regressar para Vênus, enquanto tentam proteger que ele seja sequestrado por uma gangue de criminosos. Em Kadoyng, um alienígena humanóide desce no planeta Terra e resolve ajudar uma família de classe média a impedir que uma empresa do ramo imobiliário acabe com a paz de sua cidade. Já em The Glitterball, dois adolescentes ajudam uma E.T. em formato de esfera a volta para a sua “nave-mãe”, enquanto o exército e um homem rancoroso perseguem a criatura.
Porém, para além de discussões sobre questões de influência e originalidade, essas produções da Children’s Film Foundation jogam uma luz sobre a produção infantil em língua inglesa do período pós-guerra. Elas, por exemplo, demonstram que muito antes dos estúdios de Hollywood focarem na produção de blockbusters de ficção científica, fantasia e terror protagonizadas por jovens de classe média, outras mídias já trabalhavam com esse tipo de narrativa e com esse público em mente, e começavam a sedimentar algumas das características que seriam a base do subgênero.
Assim, a presente apresentação além de categorizar alguns dos elementos semânticos, sintáticos, narrativos e estéticos presentes nessas obras, também faz uma análise comparativa dessas obras com E.T. – O Extraterrestre e demais obras de ficção científica do Suburbanismo Fantástico, analisando possíveis mudanças, adaptações e continuidades. Espera-se assim, avançar com os estudos genealógicos dessas produções audiovisuais e compreender suas influências no subgênero.
Bibliografia
- ALTMAN, rick, Los géneros cinematograficos. Barcelona: Paidós, 2000. 332 p
AGAJANIAN, Rowana. ‘Just for Kids?’: Saturday morning cinema and Britain’s children’s film foundation in the 1960s. Historical Journal of Film, Radio and Television, 18(3), 395–409. 1998
LAURIA, Pedro. Suburbanismo Fantástico como Ferramenta Genérica Hollywoodiana para adaptar Narrativas Infanto-Juvenis. A Barca, v. 2, n. 1, 9 set. 2024.
McFadzean, Angus. Suburban Fantastic Cinema: Growing Up in the Late Twentieth Century. Wallflower Press. Columbia Univesity, NY. 2019
MENDLESOHN, Farah. Rhetorics of Fantasy. Middletown: Wesleyan University Press, 2008
SHAIL, Robert. The Children’s Film Foundation: History and Legacy. Bloomsbury: London. 2016
TERUI, Tekao. Historical Perceptions about Children and Film: Case Studies of the British Board of Film Censors, the British Film Institute, and the Children’s Film Foundation from the 1910s to the 1950s. Open Cultural Studies, vol. 8, no. 1, 2024,