Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Isaac Pipano Alcantarilla (Unifor)

Minicurrículo

    Isaac Pipano é professor e realizador, atua no campo do ensino, pesquisa e experimentação com imagens e sons. Doutor em Comunicação (PPGCOM UFF | Estágio Doutoral Sorbonne Nouvelle | Paris 3), é professor da UNIFOR e coordenador de Inovação e Pesquisa na Escola Porto Iracema das Artes. Diretor da série “Mundo-Imagem”. Publicou o livro “Cinema de Brincar”, com Cezar Migliorin, e “Isso que não se vê: teorias para cinemas e educações”.

Ficha do Trabalho

Título

    “Mundo-imagem”: um percurso de formação remoto em audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    A linguagem e os recursos audiovisuais têm sido largamente empregados nas estratégias de ensino-aprendizagem em todos os campos do conhecimento e níveis da educação. Entretanto, sua aplicação majoritária adota o formato das videoaulas que emulam a dinâmica de transmissão do conhecimento. A série educativa “Mundo-Imagem” procura desconstruir essa premissa ao apostar numa experiência de formação remota em edição e montagem, dialógica e interativa, a partir de um curso ofertado pelo Moodle.

Resumo expandido

    O emprego da linguagem, tecnologia e recursos audiovisuais foi intensificado pelo contexto da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), embora já fosse uma tendência da educação nos mais diversos níveis de ensino e formatos (presencial, remoto ou híbrido). Apesar de ser apenas uma dentre as dezenas de possibilidades oferecidas pela Educação à Distância (EaD), as videoaulas se configuraram como a principal opção adotada no ensino no Brasil nos últimos anos.

    A preferência pelo formato não é trivial: seu arranjo emula a convencional experiência da sala de aula centralizada no professor, numa atualização digital do arcaico modelo nomeado por Paulo Freire [Freire 2011, 2014] como educação bancária, na qual o docente atua como o emissor de um conteúdo, enquanto os estudantes são concebidos como invólucros vazios prontos para serem preenchidos pelas palavras do mestre. Há de se destacar que a associação não é meramente entre a sala de aula tradicional e o ensino presencial como métodos anacrônicos; e, sim, a metodologia que, na fisicalidade do encontro ou pela mediação das telas, promove a reprodução de uma dinâmica alicerçada na exposição e transmissão de conteúdos. É assim, portanto, que se estabelece uma primeira crítica ao modelo que procura emular a configuração da sala de aula presencial remota ou on-line: as videoaulas – ou “aulas filmadas” – subestimam o potencial das experiências audiovisuais, que desde os primórdios do século XX elaboram formas inventivas e originais de criar e partilhar as imagens e sons, para além do mero registro de eventos. E, no mesmo gesto, desconsideram as metodologias ativas da educação e sua extensa problematização ao paradigma transmissivo como a única alternativa para o ensino-aprendizagem. Quer dizer, as aulas filmadas não conseguem conectar integralmente o sujeito à cultura em que vivemos, nem utilizam a potência do meio audiovisual.

    Partindo de tais premissas, o presente trabalho tem como objetivo uma reflexão em torno do projeto-piloto “Mundo-Imagem”, um percurso formativo em edição e montagem audiovisual voltado a jovens de 15 a 29 anos, ofertado por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle, idealizado e desenvolvido pela Escola Porto Iracema das Artes. O projeto apresenta uma proposta formativa que se dedica à partilha de saberes e técnicas relacionadas à edição audiovisual, por meio da exposição de conceitos e obras e encontro com artistas, pesquisadores, professores e técnicos do campo audiovisual. O curso é composto de quatro módulos com três aulas cada, sendo sua espinha dorsal um programa educativo, também intitulado “Mundo-Imagem”, com duração média entre dez a 15 minutos. Cada episódio corresponde a uma aula com a qual estão relacionados diversos objetos de aprendizagem, atividades e dinâmicas, individuais e coletivas, com atenção ao desenvolvimento de habilidades e competências e não apenas à reprodução de conteúdos, totalizando 12 aulas (três para cada um dos quatro módulos – Montagem e Cotidiano, Montagem e Território, Montagem e Memória, Montagem e Corpo).

    Nesta apresentação, procuramos analisar a série e sua articulação com a proposta formativa, procurando compreender de que maneira a linguagem e os recursos audiovisuais estão empregados como formas de construir estratégias de ensino-aprendizagem de natureza dialógica e participativa.

Bibliografia

    Freire, P. (2011). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43a edição ed. São Paulo: Paz e Terra.

    Freire, P. (2014). Pedagogia do oprimido. 58 rev. e amp. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

    Lopez, R. R. and Américo, M. (2022). AUDIOVISUAL E ENSINO NÃO PRESENCIAL: PROBLEMATIZAÇÃO DA PRODUÇÃO PELO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE. Revista GEMInIS, v. 13, n. 1, p. 188–202.

    Martins, N. H. da S. P. (2022). ADEQUAÇÕES PARA O ENSINO REMOTO: TRANSFORMANDO O YOUTUBE® EM SALA DE AULA. Experiências em Ensino de Ciências, v. 17, n. 1, p. 485–495.

    Máximo, M. E. (24 aug 2021). No desligar das câmeras: Experiências de estudantes de ensino superior com o ensino remoto no contexto da Covid19. Civitas – Revista de Ciências Sociais, v. 21, n. 2, p. 235–247.

    Migliorin, C. and Pipano, I. (2019). Cinema de brincar. Belo Horizonte: Editora Relicário.