Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Fernanda Pessoa de Barros (ECA/USP)

Minicurrículo

    Fernanda Pessoa é uma cineasta e artista visual brasileira, que trabalha principalmente com documentário e cinema experimental. Doutoranda na ECA/USP com pesquisa sobre o cinema experimental feito por mulheres na América Latina, orientada pelo Prof. Dr. Eduardo Morettin, e mestre em Audiovisual na Sorbonne Nouvelle, sob orientação de Philippe Dubois. Diretora dos documentários “Histórias que nosso cinema (não) contava” (2017), Zona Árida (2019) e Vai e Vem (2022).

Ficha do Trabalho

Título

    Jet Lag: Transnacionalidade no cinema experimental de Vivian Ostrovsky

Seminário

    Cinema experimental: histórias, teorias e poéticas

Formato

    Presencial

Resumo

    A partir dos curtas Copacabana Beach (1982), U.S.S.A (1985) e Public Domain (1996), de Vivian Ostrovsky, analisamos como as noções de transitoriedade, fronteira borrada e geografia criativa aparecem em sua obra. Deslocamento no espaço e equivalência entre lugares são elementos comuns e interessa explorar como Ostrovsky, que nasceu em Nova York de pais bielorrussos judeus, cresceu no Rio de Janeiro e estudou em Paris, trabalha o travelogue, associando-o a aspectos pessoais e experimentais.

Resumo expandido

    A partir da análise comparativa entre três filmes dirigidos pela cineasta Vivian Ostrovsky nas décadas de 1980 e 1990, o trabalho apresentará a forma como conceitos como transnacionalidade, transitoriedade, fronteira borrada e geografia criativa aparecem ao longo de sua obra. Copacabana Beach (1982), U.S.S.A (1985) e Public Domain (1996) possui unidade temática e formal e mostra o atravessamento do estilo da cineasta ao longo dessas duas décadas, lidando com questões de deslocamento e da figura humana.

    Ao contrário de muitos cineastas que trabalham no campo do chamado cinema experimental, Vivian Ostrovsky não costuma realizar filmes abstratos ou sem a presença de pessoas, apesar de muitos de seus filmes não terem uma narrativa clássica clara.

    Nascida em Nova York, Estados Unidos, criada no Rio de Janeiro, Brasil, e filha de pais bielorrussos judeus, Ostrovsky passou seus anos universitários em Paris, França, onde se aproximou da prática cinematográfica. Antes de começar seu trabalho como cineasta, começou como curadora e distribuidora, no projeto “Cine-Femmes International”, em 1975, com Rosine Grange. As duas viajaram pela França de carro projetando filmes feitos por mulheres. A vida pessoal de Ostrovsky parece ter influência direta nesse conjunto de filmes. “Copacabana Beach”, por exemplo, é um filme inteiro localizado no Brasil e revela muito sobre sua relação e seu olhar para o país. A sinopse de “U.S.S.A” cita sua vida pessoal como influência para o conceito de “fronteiras borradas”.

    Deslocamento no espaço, equivalência entre lugares e o uso da “geografia criativa”, conforme teorizada por Lev Kuleshov nos anos 1920, são elementos comuns e interessantes nesse conjunto de filmes, nos quais a cineasta usa imagens de diversos países, sem identificação clara de onde cada plano foi filmado, criando jogos de correspondências e transições entre lugares. Interessa explorar como Ostrovsky realiza uma releitura do filme de “travelogue”, misturando-o com aspectos pessoais e experimentais. Nesses filmes, a figura da cineasta aparece também enquanto “flaneuse”, captando fragmentos da vida moderna e lugares pelo mundo.

    Os três filmes revelam aspectos da transitoriedade no trabalho de Ostrovsky e confirmam a frase em que a cineasta afirma: “ Casa é qualquer lugar onde me sinta em casa – e isso pode ser em um hotel ou em um avião ou a caminho de um destino desconhecido com uma câmera e um gravador na minha bolsa.”

Bibliografia

    BASSAN, R. “Le Cinéma Nomade de Vivian Ostrovsky” Bref , n°56, Paris, pp 54-55, 2003
    BEAUVAIS,Y. Poussière d’Image, Editions Paris Expérimental, pp. 36-38, 1998.
    BORGES, C. “Da pose fotográfica à passagem cinematográfica: fundamentos da imagem fotossensível”. In: Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 38, n. 35, São Paulo, 2011, p. 153-167.
    MATTOS, C.A. Os muitos trânsitos de Vivian Ostrovsky. In: https://carmattos.com/2009/11/05/os-muitos-transitos-de-vivian-ostrovsky/
    MITRY, Jean. Le cinéma expérimental: histoire et perspectives. Paris: Seghers, 1974.
    MURARI, Lucas; RAMOS, Guiomar. “Fragmentos de uma história do cinema experimental brasileiro”. In: RAMOS, Fernão Pessoa; SCHVARZMAN, Sheila. (Org.) Nova história do cinema brasileiro, vol. 2. São Paulo: SESC, 2018.
    MACHADO JR., Rubens. “Contribuições para uma história do cinema experimental brasileiro: momentos obscuros, desafio crítico”. Cine Brasil Experimental, 2020.
    www.vivianostrovsky.com