Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Adriana P F Azevedo (UFRJ)

Minicurrículo

    Neste trabalho serão analisados filmes de Hollywood adolescentes de comédia que retratem personagens que “fingem ser de outro gênero”. Para esta exposição, selecionei quatro filmes: “Just one of the guys” (1985), “Nobody is perfect” (1989), “Anything for love” (1993) e “She’s the man” (2006). As análises levarão em conta a dimensão da espectatorialidade e como, apesar de um discurso normativo sobre o gênero, essas obras colaboram com o que chamarei de “fugas do gênero”.

Ficha do Trabalho

Título

    Fingindo ser menines: fugas de gênero em filmes de high school

Seminário

    Tenda Cuir

Formato

    Presencial

Resumo

    Neste trabalho serão analisados filmes de Hollywood adolescentes de comédia que retratem personagens que “fingem ser de outro gênero”. Para esta exposição, selecionei quatro filmes: “Just one of the guys” (1985), “Nobody is perfect” (1989), “Anything for love” (1993) e “She’s the man” (2006). As análises levarão em conta a dimensão da espectatorialidade e como, apesar de um discurso normativo sobre o gênero, essas obras colaboram com o que chamarei de “fugas do gênero”.

Resumo expandido

    Lembro a primeira vez que assisti “Just one of the guys” (1985) em uma sessão da tarde da TV Globo nos anos 1990. Uma garota (Joyce Hyser) resolve fingir ser um garoto ao perder um estágio de verão e estar convencida de que o perdeu por machismo. Só que o fingimento acontece de forma muito bastante convincente. Com cabelos curtos, óculos escuros e jaqueta de couro, Terry ressurge no colégio com sua nova identidade e uma expressão de masculinidade galanteadora. Suas colegas de escola começam a sentir atração e se apaixonar por sua nova forma de expressão de gênero. Ao mesmo tempo, ela se apaixona por um amigo, e provoca uma verdadeira desorganização nas expressões da cisheterossexualidade.

    “Just one of the guys” foi o primeiro filme de “fingimento de gênero” que assisti, o que se manifesta como um gênero à parte dentro dos filmes de high school de Hollywood. A desorganização de gênero que o filme provocou nas personagens foi a mesma que provocou em mim. Ele abriu novas possibilidades. Foi um desvelamento de que o gênero é uma construção social, já que foi tão convincente se passar por um dos caras da escola e conquistar garotas e garotos. Quando fiz muitas perguntas para a minha mãe, ela prontamente me disse que eu fazia muitos questionamentos, que aquilo era só ficção. Só que não foi suficiente, algo já estava fora do lugar.

    Partindo da perspectiva autobiográfica, esta comunicação pensará em formas como o filme supracitado juntamente com “Nobody is perfect” (1989), “Anything for love” (1993″ e “She’s the man” (2006), reencenam normas de gênero ao brincarem com a ideia “fingir ser homem” ou “fingir ser mulher”, mas ao mesmo tempo as bagunçam, abrindo brechas para fugas e desobediência. A confusão de gênero pode ser pensada como uma potência para novas possibilidades de existência e de desvelamento das fragilidades da cisheteronormatividade.

Bibliografia

    ANZALDUA, Gloria. A vulva é uma ferida aberta & outros ensaios. Rio de Janeiro: Bolha Editora, 2021.
    BORNSTEIN, Kate. Gender outlaw – On men, women and the rest of us. Nova York: Vintage, 2016.
    BUTLER, Judith. Problemas de Gênero – Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2008.
    HALBERSTAM, J. Masculinidad Femenina. Madrid: Editora Egales, 2012.
    MEYER, Elizabeth. “She’s the Man”: Deconstructing the Gender and Sexuality Curriculum at “Hollywood High”. Vol. 392, the sexuality CURRICULUM and youth CULTURE (2011), pp. 231-245
    NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.
    QUEBRADA, Linn da. Fissura. Série Pandemia. São Paulo: N-1 Edições, 2021.
    VERGUEIRO, Viviane. Sou travestis: estudando a cisgeneridade como uma possibilidade decolonial. Distrito Federal: Padê Editorial, 2018.
    WHITNEYN. “How She’s The Man Defied Gender Roles”. Affinity, AUGUST 24, 2016.