Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Amanda Lopes Fernandes (UAM)

Minicurrículo

    Doutoranda em Comunicação Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi. Mestre em Comunicação Audiovisual (2020) e, bacharel em Cinema e Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi (2016) e bacharel em Administração de Empresas pela Universidade São Judas Tadeu (2009). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Cinema, atuando principalmente nos seguintes temas: cinema, mulher, comunicação, curtas metragens.

Ficha do Trabalho

Título

    Feminismo e democratização das mulheres no audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    De acordo com dados do IBGE, as mulheres representam 51,1% da população brasileira. No entanto, quando observamos a atuação no audiovisual, notamos que esta maioria não é equânime nos espaços de liderança da área. Dados da Ancine, revelam que apenas 20% ocupam o cargo de direção e roteiro. Portanto, sem esgotar o assunto, busco discutir a importância das políticas públicas para mulheres do audiovisual. E a relevância do feminismo para a disseminação da democratização da mulher no cinema.

Resumo expandido

    De acordo com dados do IBGE, as mulheres representam 51,1% da população brasileira . No entanto, quando observamos a atuação no audiovisual, notamos que esta maioria não é equânime nos espaços de liderança da área. Dados da Ancine que apenas 20% ocupam o cargo de direção e roteiro. Portanto, sem esgotar o assunto, pretendo discutir a importância da implementação de políticas públicas voltadas para mulheres do audiovisual. E qual a relevância do feminismo para a disseminação da discussão sobre a democratização da mulher no setor.
    O feminismo vigora na construção cotidiana de ações políticas, e nas artes, consolidam as necessidades sobre se manter atenta e crítica. Sobre o mercado de trabalho no audiovisual, verificamos que temos grandes nomes de mulher no mercado, porém pouco são lembradas, o que demonstra um apagamento de suas atuações, assim como, a chance de reconhecimento e vislumbre para outras mulheres que almejam essa carreira.
    Luana Rufino , superintendente de análise de mercado da Ancine, no ano de 2018 publicou um material estatístico com foco entre a intersecção gênero e raça, mostra que em 2016 nenhuma mulher negra foi registrada nos dados da Ancine dentro da categoria de direção de longa-metragem, 20 brancas e 107 homens. Não obstante, outro dado relevante é que foi a partir dos editais afirmativos que as mulheres atingiram presença de 46% em projetos contemplados com valores financeiros.
    É válido trazer para reflexão que em 2006 o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei a lei no 11.437, ela estabeleceu a criação de um Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o qual previa que as receitas decorrentes da Condecine, paga pelos agentes econômicos do setor tinham obrigação em reverter para atividades audiovisuais. Ou seja, abre-se uma janela para não apenas uma política de Fomento, mas um investimento no que concerne um retorno financeiro. O valor de arrecadação foi superior aos anos de mandato de Fernando H. Cardoso.
    Porém com a entrada de Michel Temer no poder e depois os anos de governo de Jair Bolsonaro, houve um desmantelamento dos fomento além da extinção do Ministério da Cultura, colocando o audiovisual a mercê da negligência orçamentária, sanções e boicotes.
    A diretora e roteirista, Ana Johann, premiada no cinema, salienta que seu trabalho em, A mesma parte de um homem, seu primeiro longa de ficção e premiado na amostra de cinema de Tiradentes, diz que a construção e conclusão do filme foi, a partir do fomento a arte no Paraná, seu Estado natal. Isso revela a importância na valorização do fomento e da possibilidade e oportunidade no setor. Como disse a atriz, Viola Davis, “a única coisa que separa as mulheres negras é a oportunidade”. Sua fala atribui duas categorias: gênero e raça, ambas se conectam na intersecção e hierarquização vigente na sociedade, mas ressalta: ausência de oportunidade para mulheres.
    Em outubro de 2022 representantes de produtoras brasileiras assinaram em São Paulo, uma carta na qual consta o comprometimento sobre ampliar a participação de mulheres no audiovisual. Tal postura evidencia uma urgência para as mudanças no setor. A implementação de políticas públicas voltadas para mulheres finca uma reconstrução na valorização da discussão sobre paridade no cinema nacional.
    O sistema colonial foi capaz de moldar os corpos, elaborar estruturas políticas, sociais e econômicas que rompem com culturas e sociabilidades diversas anteriores a processo de invasão; incutindo a inferioridade, a partir da ideologia da corponormatividade, que naturaliza como perfeito o homem branco, cis e hétero. O binarismo na lógica de gênero, acentua e legitima a dominação dos homens em relação as mulheres. Acredito, portanto, que o audiovisual dentre vários outros instrumentos, pode ser uma maneira de incluir, transmitir e comunicar mundos, pessoas. E com isso, personificar ideias de respeito, valorização e inclusão feminina, trans, negra e indígena.

Bibliografia

    BAHIA, Lia, BUTCHER, Pedro e Tinen, PEDRO. Imaginar o audiovisual como política pública. Belo Horizonte, Universo Produção, 2023.

    BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, no11. Brasília, maio – agosto de 2013, pp. 89-117.

    FANON. Frantz. Pele negra, máscaras brancas Salvador: EDUFBA, 2008.

    HARAWAY Donna, Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial , Cadernos Pagu: n. 5 (1995):

    SCHVARZMAN, Sheila. Cinema brasileiro contemporâneo de grande bilheteria. São Paulo, Sesc, 2018.