Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Camila da Silva Marques (UNILA)

Minicurrículo

    Camila da Silva Marques é Professora Adjunta do Instituto Latino-Americano de Arte, Cultura e História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (ILAACH/UNILA) no curso de Cinema e Audiovisual – subárea Direção de Arte. Possui estágio pós-doutoral, doutorado e mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria (POSCOM/UFSM). Diretora de arte e figurinista desde 2008 e integrante do coletivo de Diretoras de Arte do @bradacoletivo.

Ficha do Trabalho

Título

    Ensino e Direção de Arte: tecendo métodos e processos

Formato

    Presencial

Resumo

    O que se propõe no presente artigo é uma reflexão teórico-prática acerca do ensino da Direção de Arte em audiovisual e dos desafios que se colocam no compartilhamento do saber/fazer desta área no ambiente universitário, mais especificamente no curso de Cinema e Audiovisual da UNILA, através das disciplinas Direção de Arte e Direção de Arte II. Espera-se, assim, contribuir para a formação de profissionais que construam um mercado não apenas tecnicamente preparado, mas reflexivo e colaborativo.

Resumo expandido

    No presente artigo, apresento uma reflexão teórico-prática acerca do ensino da Direção de Arte em audiovisual e dos desafios que se colocam no compartilhamento do saber-fazer desta área que engloba 1) a compreensão teórica de sua importância na construção de atmosferas e universos narrativos e 2) sua dimensão prática e metodológica, que envolve processos criativos e executivos, além sua relação com as demais equipes técnicas e criativas do audiovisual. A fim de delimitar o corpus, observarei as relações de ensino-aprendizagem que envolvem a multidisciplinaridade da Direção de Arte para alunos de duas disciplinas do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal da Integração Latino-Americana: Direção de arte e Direção de Arte II. Desde o ingresso como docente no curso busco dar conta não apenas da dimensão teórica, estética e técnica, mas também ética e reflexiva que atravessam o fazer e o pensar sobre o que se faz quando se trabalha com DA. Dentre os principais objetivos que
    envolvem o ensino da Direção de Arte enquanto instrumento essencial na composição da linguagem cinematográfica e seu aspecto visual (Hamburger, 2014), destaco a relação entre teoria e mercado e a absorção por parte desses discentes do desenvolvimento de diferentes métodos, processos e documentos utilizados na prática em Direção de Arte e também no seu ensino, este último, ainda pouco estudado em pesquisas que se dediquem
    exclusivamente ao tema (Krupahtz, 2022).
    Alguns desafios já são percebidos no dia-a-dia da sala de aula: é preciso ressaltar constantemente a importância do trabalho da DA não apenas na fase de pré-produção, quando se pesquisa, cria e conceitua “soluções plásticas capazes de atender as demandas estéticas do filme” (JACOB, 2006, p. 37), mas também na fase da produção e na “magia” de se estar em “todos os lugares ao mesmo tempo (…) divido entre o acompanhamento do set, a preparação do dia seguinte e a produção das filmagens futuras” (HAMBURGER, 2014, p. 24). A presença da DA na pós-produção com a finalidade de se manter a unidade estética do projeto nesta que é a última fase de construção visual de um filme (Betruce, 2005; Hamburger, 2014) também se faz necessária. O trabalho coletivo entre discentes têm se mostrado uma barreira à parte, mesmoem uma área como o Cinema, em este se apresenta como condição sine qua non. Seja por suas especificidades técnicas, conceituais e/ou estéticas, a Direção de Arte trabalha organicamente integrada com as demais equipes (Jacob, 2006), porém, se apresenta na práxis a falta de construção conjunta e de diálogo dentre as equipes criativas e logísticas nas atividades práticas realizadas pelos discentes.
    Além da conscientização de que processo criativo e demandas técnicas
    (orçamento, locações e cronograma) em DA devem ser levadas em consideração em paralelo em um projeto (Jacob, 2006), devendo existir constante diálogo do departamento com as equipes de produção, é necessário o reforço constante do trabalho coletivo e em pé de igualdade criativa do tripé da visualidade (Vargas, 2014), também chamado de
    tríplice audiovisual (Hamburger, 2014) ou trindade criadora (Moura, 2015). A explicação de que a definição da atmosfera, ritmo e linha dramática de um filme é trabalho feito em conjunto entre direção e direção de arte e de que os aspectos visuais de um filme como tom, cor, temperatura e brilho são trabalhados concomitantemente entre direção de arte e direção de fotografia (Jacob, 2006; Hamburger, 2014) não raras as vezes chega aos
    discentes como informações surpreendentes. Diante do exposto, se mostra cada vez mais necessário o compartilhamento de métodos e processos de trabalho em Direção de Arte, mas não só: um diálogo entre as próprias áreas e disciplinas entre si, a fim de caminharmos juntos rumo à formação de novos profissionais que irão construir um mercado audiovisual que seja não apenas tecnicamente preparado, mas igualmente reflexivo e em busca de coletividade e colaboração.

Bibliografia

    BUTRUCE, D. A direção de arte e a imagem cinematográfica no processo de
    criação do Cinema Brasileiro dos anos 1990. Dissertação – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005.
    HAMBURGER, V. Arte em cena: a direção de arte no cinema brasileiro. São
    Ed. SENAC e Edições Sesc, 2014.
    JACOB, E. Um Lugar para Ser Visto: a direção de arte e a construção
    paisagem do cinema. Dissertação – Universidade Federal Fluminense, 2006.
    KRUPAHTZ, J. Illu: conjunto de ferramentas visuais digitais para o auxílio no
    ensino do projeto de arte audiovisual. Dissertação – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2022.
    MOURA, C. A direção e a direção de arte: construções poéticas da
    imagem em Luiz Fernando Carvalho. Tese, Universidade de São Paulo, 2015.
    VARGAS, G. Direção de arte: um estudo sobre sua contribuição na construção dos Personagens Lígia, Kika e Wellington do filme Amarelo Manga. Dissertação – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
    Alegre, 2014.