Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    ROGÉRIO ZAGALLO CAMARGO (UFSCAR)

Minicurrículo

    Graduado em RTV pela ECA-USP, mestrando em Imagem e Som do PPGIS-UFSCar na linha de pesquisa de História e Políticas do Audiovisual, orientado pelo Prof. Dr. Arthur Autran. Participante do grupo de pesquisa “Cinema e Audiovisual na América Latina: Economia e Estética”. Sócio-diretor da Oka Comunicações, produtor do longa de ficção “Meio Irmão” e diretor/produtor dos documentários “Segundo Tempo”, “Sinfonia Paulistana, um novo olhar” e da série “Vou Viver de HQ”, original Globoplay.

Ficha do Trabalho

Título

    ANOS INCRÍVEIS, A NOVA GERAÇÃO DE DISTRIBUIDORAS

Formato

    Presencial

Resumo

    Um olhar luz sobre o que chamaremos de “Anos Incríveis”, período de 2010 até o final de 2018, onde o surgimento de uma nova geração de distribuidoras brasileiras independentes ampliou as possibilidades de exibição para a crescente produção nacional, ainda que isto não tenha se refletido numa maior participação do filme nacional no mercado de cinema no Brasil.

Resumo expandido

    A criação da ANCINE, em 2001, tinha como um de seus principais objetivos a universalização do acesso às obras cinematográficas nacionais, garantindo a presença delas em todos os segmentos do mercado. Mais de duas décadas depois, este objetivo continua longe de ser alcançado.
    No atual momento de reconstrução do ecossistema da cultura nacional, de reativação de políticas públicas em relação ao audiovisual, passamos a ter uma rara oportunidade de buscarmos correções de rumo e evoluções para toda cadeia do audiovisual. Pensando em contribuir com este momento, este trabalho busca olhar o período que chamaremos de “Anos Incríveis”, que vai de 2010 até o final de 2018, onde o surgimento de uma nova geração de distribuidoras brasileiras independentes ampliou as possibilidades de exibição para a crescente produção nacional.
    Nos anos 2010, o mercado que era dominado pelas majors (as distribuidoras internacionais Disney, Fox, Paramount, Sony, Universal, Warner) viu o nascimento de uma nova geração de distribuidoras nacionais que levavam em seu DNA o foco no lançamento de filmes nacionais, como Vitrine Filmes (2010), Elo Company (2012), H2O Films (2012), O2Play (2013), Olhar Distribuidora (2017), Descoloniza Filmes (2017), Embaúba Filmes (2018), Taturana (2018/ Taturana Mobilização Social 2013), que se somaram a outras já consolidadas no mercado como a Downtown (2005) e a longeva Paris Filmes (1960).
    Essa nova geração pode ser considerada fruto de fortes mudanças no setor de distribuição ligadas a ações de política pública (financiamentos de produção via distribuidora, linhas de comercialização, entre outras ações) e mudanças tecnológicas (chegada e consolidação das plataformas digitais, surgimento das empresas agregadoras de conteúdo).
    Este trabalho pretende olhar de perto este crescimento único do número de empresas distribuidoras e produtoras que lançaram filmes no cinemas neste período, partindo de 52, em 2010, chegando ao ápice de 114, em 2018. A pesquisa pretende apresentar algumas destas novas distribuidoras, através de seus perfis e catálogos, situando os espaços ocupados por elas dentro do mercado nacional, detalhando suas características em comum e suas principais diferenças.
    Da mesma maneira que o crescimento da produção nas últimas décadas fortaleceu o surgimento de uma nova geração de diretores e produtores que ampliaram significativamente a diversidade não só do cinema brasileiro, como de toda a produção audiovisual nacional. Esta nova geração de distribuidoras tem o potencial de contribuir para a multiplicação de olhares no campo da distribuição fortalecendo a presença de obras de maior diversidade em todos os meios de exibição. Uma questão a ser problematizada é que estes “Anos Incríveis” da distribuição não refletiram em um crescimento da participação do filme nacional no mercado, independentemente do crescimento da produção, dos lançamentos, do número de salas e opções de distribuição. Acreditamos que ao olhar de perto estas distribuidoras podemos levantar novas informações para uma análise mais profunda desta questão, num momento em que a participação do filme nacional no mercado amarga números críticos abaixo dos 5% de média.
    Este trabalho está relacionado a pesquisa de mestrado, em andamento, do autor que estuda os caminhos e possibilidades da distribuição audiovisual contemporânea, através de um estudo de caso da distribuidora O2 Play.

Bibliografia

    AUTRAN, Arthur. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. São Paulo, Hucitec. Editora, 2013.
    BAHIA, Lia. Discursos, políticas e ações: processos de industrialização do campo cinematográfico brasileiro. São Paulo, Itaú Cultural, 2012.
    BERNARDET, Jean-Claude. Cinema brasileiro: propostas para uma história. Companhia das Letras, 2009.
    CHALUPE da Silva, Hadija. O filme nas telas. São Paulo,SP: Terceiro Nome, 2010
    GATTI, André; Piero. Distribuição e exibição na indústria cinematográfica brasileira (1993-2003). Campinas, SP : [s.n.], 2005.
    IKEDA, Marcelo. Cinema Brasileiro a partir da Retomada: aspectos econômicos e políticos. Summus editorial, 2015.
    KIRSCHBAUM, C. Renascença da indústria brasileira de filmes: destinos entrelaçados? Revista de Administração de Empresas, v.46, n.3, p.58-71, 2006.
    SOUSA, Ana Paula da Silva e. Dos conflitos ao pacto: as lutas no campo cinematográfico brasileiro no século XXI, Campinas, SP : [s.n.], 2018.