Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Joao Eduardo Hidalgo (Unesp)

Minicurrículo

    Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo e pela Universidad Complutense de Madrid, Pós-doutorado pela Universidade de São Paulo e pela Filmoteca de Catalunya, Espanha. Professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação UNESP, Campus de Bauru. Autor de Cinema espanhol: nascimento, alguns caminhos trilhados, possibilidades (2013), Instruções para encontrar o sendeiro na floresta (crônicas e ensaios, 2018), entre outros.

Ficha do Trabalho

Título

    O cineasta Pedro Almodóvar e a contracultura de La Movida espanhola

Formato

    Presencial

Resumo

    La Movida é o movimento de contracultura que aconteceu em Madri, e nos principais centros urbanos espanhóis, do final dos anos 1970, neste ambiente surge o cineasta autodidata Pedro Almodóvar, que estreou comercialmente em 1980. Almodóvar costuma usar argumentos, personagens, detalhes de filmes que ele admira na composição de seus roteiros, fazendo citação, referência e incorporando o elemento parodiado na nova obra.

Resumo expandido

    O termo La Movida surgiu para nomear o movimento de contracultura que aconteceu em Madri, e nos principais centros urbanos espanhóis, do final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. Quando o ditador morreu em 1975 a Espanha era uma nação pobre, atrasada e perdida numa realidade que remontava ao início do século XX. O nome e definição do movimento não era preocupação de nenhum dos implicados nele, nunca houve um manifesto, diziam ‘estamos en el Rollo’ ou ‘yendo de movida’, criando um vocabulário que parece ter vindo da experiência de sair de casa para comprar substâncias alucinógenas, ou para meter-se em espaços underground (bares, café-concertos e congêneres). O movimento é herdeiro da Pop Art e costuma ser apontado como um dos primeiros sinais do seu início a criação, em Madri, do grupo pop Kaka de Luxe (Merda de Luxo), em 1977, liderados pela cantora Alaska, figura chave de La Movida. Esta New Wave trouxe um grupo de pessoas que não tinham experiência com a música, mas estavam dispostos a montar uma banda e dar shows-happenings. O outro eixo (eram dois fundamentais- a música era o primeiro) de La Movida foram as artes visuais, principalmente a pintura e a fotografia, nela foram significativas as presenças do pintor Guillermo Perez Villalta e do fotógrafo Pablo Pérez-Mínguez (1946-2012). A grande promotora do movimento foi a galerista Blanca Sánchez (1948-2007).
    Neste ambiente aparece o cineasta amador autodidata Pedro Almodóvar, que se junta a uma figura indefinível, que era Fabio de Miguel (ou Fanny MaCnamara), nascido em 1957 em Madri, que freqüentava a Casa das Costus (diminutivo de Las Costureras, formada pelos pintores Juan Carrero 1955-1989 e Enrique Naya 1953-1989), e circulava pela cidade assustando aos franquistas semi-apodrecidos e os conservadores em geral. Fábio não era músico e como Almodóvar não tinha voz alguma, mas a ideia era mais uma questão estética, de parecer, do que realmente ser. A dupla lançou um LP de vinil, chamado Como está o banheiro de senhoras! Como cineasta Almodóvar começou a ficar conhecido depois de ser selecionado para participar da mostra New Directors/New Movies do MoMA (Museum of Modern Art) de Nova York, em 1985 com Qué He hecho YO para merecer esto?! (O que EU fiz para merecer isto?!), depois de estrear no circuito comercial com Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón (1980).
    Quanto ao seu método de criação, faz parte do universo Almodóvar usar argumentos, detalhes, personagens de filmes que ele admira na composição de seus roteiros, fazendo citação, referência e incorporando o elemento parodiado à nova obra. E a partir de 1995 começa a retomar personagens e histórias de sua própria obra, de outro ponto de vista ou com outro tratamento, recurso que eu chamo de autocitação paródica. Por exemplo, a história de Volver (2006) é o resumo do livro da escritora Amanda Gris (Marisa Paredes), que é rejeitado por sua editora no filme La flor de mi secreto (1995). Como já disse o cinema, e em segundo lugar a literatura, sempre foram fontes fundamentais na criação de Pedro Almodóvar.

Bibliografia

    ALMODÓVAR, Pedro. Dolor y gloria (guión). Barcelona: Reservoir Books, 2019.
    CERVERA, Rafael. Alaska y otras historias de la movida. Barcelona: Plaza & Janés Editores, 2002.
    CIMADEVILA, NIÑO, Eduardo; APARICIO CILLÁN, Ana Cristina. La movida madrileña. Madrid: Editorial Tébar Flores, 2019.
    DUNCAN, Paul (editor). Los archivos de Pedro Almodóvar. Colonia: Taschen, 2017.
    GALLERO, José Luis. Solo se vive una vez. Esplendor y ruina de la movida madrileña. Madrid: Ediciones Árdora, 1991.
    HIDALGO. João Eduardo. Docudramas de La Movida madrilena: “Pepi, Luci, Bom y otras chicas del Montón” e “Laberinto de pasiones”, do cineasta español Pedro Almodóvar. Revista Conexão, UCS, N. 15, 2009, pp. 165-184.
    LECHADO, José Manuel. La movida. Una crónica de los 80. Madrid: Agaba Ediciones, 2005.
    PÉREZ PERUCHA, Julio. Antología crítica del cine español 1906-1995. Flor en la sombra. Madrid: Cátedra/Filmoteca Española, 1997.
    SÁNCHEZ, Blanca. La Movida. Madrid: Comunidad de Madrid, 2007.