Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Laís Lara (UFF)

Minicurrículo

    Pesquisadora e artista-etc. Graduada em Produção Cultural (UFF), mestre pelo PPGCA (UFF), onde, atualmente desenvolve sua pesquisa e tese de doutorado. Desempenha investigações nas áreas de cinema, artes do vídeo, artes do corpo na interface arte e filosofia. É pesquisadora Jr. no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Proprietas e vice coordenadora do núcleo Proprietas Cultural. É diretora artística na galeria interativa 3D de arte contemporânea Gretas e no Laboratório Vazantes.

Coautor

    Leandro José Luz Riodades de Mendonça (UFF)

Ficha do Trabalho

Título

    Entre documentário e transbordamentos na mostra de Cao Guimarães

Formato

    Presencial

Resumo

    A presente proposta objetiva trazer à tela o debate sobre as ideias-força de transbordamento e apropriação (modos de circulação e exibição) nos documentários de Cao Guimarães exibidos em sua Mostra “Ver é uma Fábula” (2014). Pretendemos discutir as formas de exibição/exposição dessas obras em relação aos espaços imersivos e suas problematizações possíveis do lugar e não lugar do “audiovisual contemporâneo” e suas abstrações .

Resumo expandido

    A presente proposta objetiva trazer à tela o debate sobre as ideias-força de transbordamento e apropriação (modos de circulação e exibição) nos documentários de Cao Guimarães exibidos em sua Mostra “Ver é uma Fábula” (2014). Pretendemos discutir as formas de exibição/exposição dessas obras em relação aos espaços imersivos e suas problematizações possíveis do lugar e não lugar do “audiovisual contemporâneo” e suas abstrações .
    Propomos, desta maneira, pensar estas práticas a partir da ideia força que chamamos de transbordamentos, onde não se aplica uma fronteira fixa entre a arte visual e o cinema, mas um transbordamento entre estes lugares e fazeres. Consideramos que a porosidade nestas supostas fronteiras se dá, substancialmente, em dois pontos em destaque: o processo de criação e o espaço de exibição e circulação das obras. Documentários como “O fim do sem fim” (2001) e “Atrás dos olhos de Oxaca” (2006) fazem parte da gama de obras audiovisuais exibidas/expostas de maneira imersiva nos salões da instituição, e é, principalmente, com estas que iremos dialogar. Torna-se primordial, no que compete a presente comunicação, entrar em contato tanto com o processo de criação de Cao Guimarães, como a ativação de suas obras no espaço imersivo, propondo uma experiência cinema. Assim, pretende-se abordar as práticas de apropriação e os fazeres do audiovisual levantando questões dos processos como “microdrama da forma”, “ready made” e o corpo e corpografia do cineasta. Acreditamos que estes processos de criação e distribuição fazem parte do dispositivo cinema e seus transbordamentos, o qual compreende o cineasta, o curador, o espaço e o espectador. Desta maneira, a proposta em tela visa abordar os momentos chaves do processo de construção da obra até chegar à exposição em si, incluindo, claro, o espectador que, neste caso, está dentro de uma galeria e experimentando uma mostra/exposição. Moacyr dos Anjos foi o curador desta Mostra e, a partir do próprio título da mostra, cujo foi retirado do poema de Leminski e do filme “Ex Isto” (2010) de Cao Guimarães, “Ver é uma Fábula”, propõe fabulações do/de cinema dentro da galeria a partir de seu projeto expográfico. Dos Anjos afirma ter construído uma proposição de montagem e disposição das obras como uma coreografia no tempo e no espaço, uma coreografia das obras, ou seja, uma coreografia das telas em movimento, o que impacta diretamente o espectador e a experiência cinema do mesmo. “Coreografadas no tempo e no espaço expositivo” (dos Anjos, 2013). Multiplicam-se telas e sons, gerando atravessamentos audiovisuais, promovendo uma outra experiência de cinema com intervalos e/ou sobreposições entre telas, esgarçando a noção de transbordamento entre o documentário e a imersão artística. Assim, interessa-nos o processo de criação que culmina em uma experiência fabulada em um espaço paradoxal vivido pelo cineasta, pelo curador, pela própria obra em si, e, claro, pelo espectador. Notabiliza-se deste modo, o transbordamento do cinema em outras artes, propondo outras possibilidades do ver e do experienciar cinema, entre os documentários e as fabulações em “Ver é uma Fábula”.

Bibliografia

    COSTA, Luiz Cláudio (org.). Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/FAPERJ, 2009.
    DELEUZE, Gilles. Cinema 1 – A Imagem-movimento. São Paulo: Editora 34, 2018.
    _______O que é um ato de criação?. Palestra de 1987. Edição brasileira: Folha de São Paulo, 27/06/1999. trad: José Marcos Macedo
    GUÉRON, Rodrigo. – Da imagem ao clichê, do clichê à imagem: Deleuze, cinema e pensamento. Rio de Janeiro: NAU editora. 2011.
    GUIMARÃES, Cao. Histórias do não ver. Rio de Janeiro: Cobogó Ltda. 2013
    LINS, Consuelo. Cao Guimarães: arte documentário e ficção. Rio de Janeiro: 7Letras, 2019
    MACIEL, Kátia – Transcinemas (org.), Rio de Janeiro: Contracapa Livraria, 2009.
    PARENTE, André. Entre Cinema e arte contemporânea. Revista Galáxia, São Paulo, n.17, p.27-40, jun. 2009.
    RANCIÈRE, Jacques. – O destino das imagens. Rio de Janeiro: Contraponto editora. 2012.
    _________As distâncias do cinema. Rio de Janeiro: Contraponto editora. 2012.