Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Caio Victor da Silva Brito (UFC)

Minicurrículo

    Caio Victor Brito é formado em Cinema e Audiovisual, é Montador, Artista Digital e Designer de Experiências Imersivas em VR. Atualmente é mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes da UFC, com pesquisa sobre as poéticas da montagem audiovisual em realidade virtual. Realiza experimentações de montagem esférica em obras 360° junto ao Coletivo Intervalos e Ritmo(#ir!). cvb.cine@alu.ufc.br

Ficha do Trabalho

Título

    Os Gestos de Montagem em Obras Audiovisuais de Realidade Virtual

Mesa

    Gestos de Montagem nas Artes Audiovisuais

Formato

    Presencial

Resumo

    Sendo a montagem o principal meio de construção da narrativa audiovisual, propomos discutir como se dão os gestos de montagem (SZAFIR, 2014) em obras imersivas para realidade virtual (VR). Tendo em vista a experiência do público na VR, as técnicas tradicionais de montagem não se aplicam da mesma forma. Discutiremos a relação entre imersão, montagem, e interatividade como guias ao olhar do espectador: como realizadores projetam (to design) suas composições em VR.

Resumo expandido

    Partindo da constatação de que, ao experienciarmos obras audiovisuais em realidade virtual (VR), a interatividade do olhar do espectador em torno do plano 360° é a grande responsável pelos recortes da cena esférica, logo conclui-se que cada espectador pode vivenciar a obra de uma maneira particular de acordo com a sua percepção, com o seu interesse e a com a sua curiosidade, atribuindo à montagem um papel crucial para a sua experiência.

    A presente proposta ao XXVI Encontro SOCINE dá continuidade ao que apresentamos no ano anterior “Poéticas da montagem entre 360°, realidade virtual e live performances”, e parte de minha dissertação no PPGARTES/UFC, “Arte da montagem espacial em obras de realidade virtual”. A partir dessa pesquisa, dedicamo-nos a analisar descritivamente a construção dos gestos de montagem (SZAFIR,2015) em 360° em obras contemporâneas de VR imersivo e interativo (TORI; HOUNSELL, 2020). Para tanto, são explorados os fundamentos teóricos e práticos que regem a criação artística para VR, tornando-se fundamental refletir sobre como a montagem espacial (MANOVICH,2001) e a composição dos planos em 360° são elaboradas segundo essas lógicas de criação ao VR.

    Dessa forma, apresentaremos em nossa fala as análises descritivas e as decupagens de montagem das obras de artistas como Anderson e Huang (2017), Colinart (2016), Kranot (2021), Vautier (2017) e Zandrowicz (2016-2022), dentre outros. Como metodologia, adotamos os diagramas de visualização (SZAFIR,2016;MANOVICH,2020) utilizados por Manovich em “Visualizing Vertov” (2020). A partir dessas análises, é possível compreendermos as distintas poéticas e estéticas que regem a produção audiovisual contemporânea para VR, situadas na segunda onda de abordagens artísticas à mídia VR (DOYLE,2021). Também nos debruçamos nos estudos sobre a arqueologia das mídias imersivas (ELSAESSER,2014) para compreendermos como a história da realidade virtual se relaciona com a história da linguagem cinematográfica. Assim, é possível entendermos como a montagem espacial e a composição dos planos em 360° se relacionam com as técnicas e se distanciam das convenções gramaticais do cinema tradicional. Isso implica em uma reflexão sobre como o cinema e as outras mídias audiovisuais se transformam a partir do desenvolvimento e da consolidação do VR como uma nova linguagem partindo de diferentes autores que contribuem para a compreensão dos gestos de montagem em 360°. Entre eles, destacam-se Murray (1997), Grau (2003), Brillhart (2015), Mateer (2017), Tricard (2018), Doyle (2021), dentre outros.

    Por não acreditarmos haver tal separação teórica/prática tratando-se de pesquisas transdisciplinares em montagem, junto ao grupo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet’ares Audiovisuais/PPGARTES/UFC) houve o desenvolvimento de experimentações em análises estéticas e poéticas de criação imersiva. Observou-se, a partir delas, que a construção da montagem em 360° é influenciada por conceitos do design em movimento – motion graphics (SZAFIR, 2016) -, bem como pela provocação de “quando o cinema se torna Design” (MANOVICH, 2013). Esse diálogo com outras áreas do conhecimento contribui para a expansão das possibilidades criativas na elaboração da montagem em obras para VR.

    Com base nesses estudos teóricos e práticos, desenvolvemos e compartilhamos de uma abordagem crítica acerca da montagem em 360°, contribuindo para a reflexão e o aprofundamento dos estudos acerca da montagem em obras de realidade virtual ao identificar as suas particularidades, os seus desafios em relação às lógicas de edição já consolidadas e amplamente debatidas no âmbito do cinema tradicional (EISENSTEIN, 2016), e ao oferecer subsídios para a criação de obras VR imersivas que explorem de maneira criativa a composição esférica (MERINO, 2019), enriquecendo o panorama audiovisual contemporâneo.

Bibliografia

    BRITO.Poéticas da montagem entre 360°.SOCINE, 2022.https://shre.ink/QrS9
    DOYLE.The two waves of virtual reality in artistic practice.Virtual Creativity,2021
    EISENSTEIN.O sentido do filme.Zahar,2002
    ELSAESSER.Pushing the contradictions of the digital.New Review of Film and Television Studies,2014
    GRAU.Virtual Art.MITPress,2004
    MACHADO.Pré-cinemas & Pós cinemas.PapirusEditora,1997
    MANOVICH.The language of new media.MITPress,2001
    __.Visualizing Vertov. Revista Vazantes,2020
    MATEER.Directing for Cinematic Virtual Reality.Journal of Media Practice,2017
    MERINO.Montagem e pensamentos nas imagens esféricas do real. In:SZAFIR(org.) Montagem audiovisual. SOCINE,2019
    MURRAY.Hamlet on the Holodeck.MITPress,2017
    SZAFIR.Montagens audiovisuais extra-apropriaçao. In:BRANDÃO(org.)A Sobrevivência das Imagen.Papirus.2015 [2014] _.#streamengramas de uma revolução.2016.https://vimeo.com/192542307
    TORI; HOUNSELL Introdução a Realidade Virtual e Aumentada. SBC,2020
    TRICART.VR Filmmaking.Taylor&Francis