Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Victor Guimarães Loturco (Unicamp)

Minicurrículo

    Mestrando em Multimeios na Unicamp. Graduado em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (2019). Possui ênfase na área de Fotografia e Áudio, tendo atuado na captação e direção de som e trilha musical de curtas-metragens durante a graduação. Atualmente é editor de vídeos no Stoodi. Foi editor de vídeo e operador de câmera, áudio e GC na Record News Araraquara e TVE São Carlos. Foi editor de vídeo na Em Cena Produções.

Ficha do Trabalho

Título

    Explorando o uso de ruínas na representação do trauma e da história.

Seminário

    Estética e teoria da direção de arte audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho explora o uso de ruínas no filme “Orestes” como cenários numa representação do trauma duradouro causado pela violência policial durante a ditadura militar brasileira e nos tempos atuais. O filme cria um espaço teatral para entrevistas com vítimas, usando as ruínas da ditadura como uma metáfora para a natureza fragmentada da memória e do trauma. A justaposição do passado e do presente cria uma reflexão crítica sobre o impacto duradouro da violência estatal na sociedade brasileira.

Resumo expandido

    Este trabalho tem como objetivo analisar o uso de ruínas no filme “Orestes” como uma representação do trauma duradouro causado pela violência policial durante a ditadura militar brasileira e nos tempos atuais. Examinaremos a retratação e utilização, pelo filme, de cenários que refletem física e emocionalmente nas personagens e ecoam algumas persistências do passado ditatorial brasileiro.

    O filme cria um espaço teatral para entrevistas com vítimas, utilizando as ruínas relacionadas à ditadura em sequências bastante características como uma metáfora para a natureza fragmentada da memória e do trauma. São trechos do filme em que os testemunhos e interações performáticas entre personagens são atravessadas por imagens dos prédios arruinados em que se encontram. Há uma intenção por trás dessa articulação, que buscamos analisar.

    Ao retratar as ruínas como um elemento de conexão entre o passado e o presente, o filme traz à tona a questão do impacto duradouro da violência estatal na sociedade brasileira e oferece uma reflexão crítica sobre a relação entre memória e poder. São “lugares de memória”, no sentido de Pierre Nora, que nos requerem uma investigação dos significados atrelados a eles. Também, a articulação através da forma fílmica nos remete à própria natureza fragmentada da memória coletiva acerca de catástrofes como o golpe militar de 1964 e às continuidades que ainda assolam o presente, na forma da violência estatal, principalmente.

    O filme “Orestes” utiliza as ruínas da ditadura como cenários para as entrevistas, criando uma atmosfera carregada de significado histórico e simbolismo. As ruínas são apresentadas como testemunhas silenciosas do passado traumático do Brasil, e sua presença no filme reforça a ideia de que o trauma é algo que persiste e resiste à passagem do tempo.

    Além disso, o filme oferece uma visão crítica sobre a relação entre memória e história. Ao retratar as vítimas de violência policial durante a ditadura e as dos tempos atuais, cercadas pelos cenários arruinados, os testemunhos ganham nova dimensão, para além de lembranças individuais: são demonstrativos de continuidades que vêm da ditadura militar. As entrevistas revelam a dor e o sofrimento das vítimas, mas o filme coloca essas histórias em um contexto histórico mais amplo através dos cenários, sugerindo que a memória pode ser uma ferramenta poderosa na luta pela justiça e pela transformação social.

    Finalmente, o filme “Orestes” utiliza as ruínas da ditadura como uma metáfora para a natureza fragmentada da memória e do trauma, oferecendo uma reflexão crítica sobre a relação entre memória e história na sociedade brasileira. O filme cria um espaço teatral para as entrevistas com as vítimas, revelando sua dor e resiliência. A justaposição do passado e do presente no filme, utilizando-se dos cenários arruinados, cria uma reflexão crítica sobre o impacto duradouro da violência estatal na sociedade brasileira e sugere que a memória pode ser uma ferramenta poderosa na luta pela justiça e pela transformação social.

Bibliografia

    Orestes. Rodrigo Siqueira. 7Estrelo Filmes, 2015.
    HUYSSEN, A. Culturas do passado-presente: modernismos, artes visuais, práticas da memória. Tradução: Vera Ribeiro. [s.l.] Contraponto, 2014.
    NORA, P. Les lieux de mémoire. Tradução: Laura Masello. Uruguai: Trilce, 2008.
    RICOEUR, P. A Memória, a História e o Esquecimento. Campinas: Unicamp, 2007.
    BOYM, S. The future of nostalgia. New York: Basic Books, 2001.
    DIDI-HUBERMAN, G. Diante do tempo: História da arte e anacronismo das imagens. Tradução: Vera Casa Nova; Tradução: Márcia Arbex. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2015.