Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    India Mara Martins (UFF)

Minicurrículo

    Coordenadora da Araci Incubadora de Projetos de Cinema e Audiovisual e do OCA-UFF, professora do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual – PPGCine e do Departamento de Cinema e Vídeo, na área de Design Visual/Direção de Arte, da Universidade Federal Fluminense. Pesquisadora de cinema e audiovisual, com ênfase em animação, documentário, representação do espaço, direção de arte e atmosfera fílmica. Mestre em Multimeios pela Unicamp e Doutora em Design pela Puc-Rio.

Ficha do Trabalho

Título

    OCA-UFF: perspectivas para a divulgação de pesquisas em audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    A proposta desta comunicação é refletir sobre as perspectivas da divulgação científica para a área de cinema e audiovisual, a partir da experiência do Observatório de Cinema e Audiovisual da UFF. O OCA-UFF foi criado em 2021, no contexto da pandemia de Covid, num ambiente hostil, de menosprezo à ciência, à universidade e à cultura, para ser uma plataforma de divulgação das pesquisas do PPGCine. Atualmente, o projeto vem ganhando novas configurações e incorporando outras perspectivas, com a participação de discentes da graduação, de pesquisadores de outros programas de pós-graduação e profissionais da área. Mas a proposta inicial – democratizar o acesso à informação sobre as atividades e pesquisas da universidade na área de cinema e audiovisual – continua sendo o principal objetivo.

Resumo expandido

    Apesar do termo “observatório” ter sua origem na astronomia, vinculado ao papel de observações astronômicas e meteorológicas (Trzeciak, 2009), o seu conceito se tornou muito mais amplo nas últimas décadas. Husillos (2006 in SOARES, et al. 2018, p.88) define que o vocábulo é fiel à etimologia latina “observare” e, por isso, pode ser definida como “iniciativa que se dedica a estudar com atenção uma temática e acompanhar os fenômenos relacionados”. Por sua vez, tal definição ampla também traz fragilidade ao conceito de observatório, que acaba-se tornando um termo guarda-chuva para uma grande variedade de instituições de características bastante diferentes (Albornoz e Herschemann, 2006). Por exemplo, na UFF encontramos o observatório Multidimensional de Nutrição Exclusiva, Observatório de Turismo, Observatório de Direitos Humanos Sul Fluminense(ODH-SULFLU), Observatório da Laicidade na Educação, Observatório Nacional de Saúde Mental, Justiça e Direitos Humanos – ONSMJDH / UFF, Observatório Oceanográfico, Observatório das Métropoles (Campos-RJ) e o Observatório Covid, que teve papel fundamental durante a Pandemia.
    Soares, Ferneda e Prado apontam para o estabelecimento de observatórios locais na Europa nas décadas de 1970 e 1980, ainda como iniciativas de governos municipais e regionais, e que se propagaram a partir dos anos 1990 passando cada vez mais a fazer análise e interpretação de dados para a proposição de políticas públicas (2018, p.91). Posteriormente, o conceito passou a incorporar outros atores e possibilidades de organização, porém sempre sendo compreendidos como ferramentas de governança e/ou manutenção da democracia.
    É diante da intensificação dos efeitos dessa conjuntura de redes que se estabelece o momento contemporâneo. Diante do excesso de informação presente nas redes sociais, suscita-se agora uma nova perspectiva do termo “observar” – no caso, o foco da observação, ou seja, saber o que observar. De tal maneira, os observatórios passaram a ter também a importância de reunir e organizar informações. Damas e Christofoletti falam ainda de seu papel de “alfabetização midiática” do público, no que se refere a chamar a atenção da sociedade civil para uma leitura menos ingênua e passiva dos meios (2006, p.2). Quanto a isso, é importante ressaltar que não se trata de uma perspectiva compassiva, onde o público fosse tratado como simples massa ao qual os observatórios “precisam letrar”. Pelo contrário, é importante posicionar os observatórios como agentes nascidos e mantidos pela própria sociedade civil, como instrumentos de contestação, fiscalização e contra argumentação da mídia hegemônica e do poder público. É nessa perspectiva que se faz importante ressaltar o aspecto democrático e de soberania vinculados aos observatórios.
    É nesse cenário que se estabelece o Observatório de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense, o OCA-UFF, construído como uma resposta aos questionamentos do papel social das universidades por uma parcela da população, da necessidade de intensificar suas ações em rede diante dos desafios colocados pela pandemia, e do reconhecimento da importância de democratizar o conteúdo produzido na academia. O OCA-UFF foi criado para ser uma plataforma de conteúdo informativo/analítico/reflexivo sobre o universo do audiovisual, com o objetivo de divulgar temas relacionados à área e atender à comunidade interna e externa à universidade. A plataforma está sendo desenvolvida pela Araci Incubadora de Cinema e Audiovisual em parceria com a Superintendência de Tecnologia e Informação da UFF – STI e o PPGCINE. A proposta é trazer questões que dialogam com as pesquisas do Programa de Pós-Graduação de Cinema e Audiovisual. Diferente de outros observatórios, sua composição é inteiramente formada pela comunidade acadêmica, mas com abertura para participação pontual de outros sujeitos como produtores audiovisuais, diretores, agentes do mercado, na busca por uma visão mais plural desse campo.

Bibliografia

    HUSILLOS, Jesús. Círculo para la calidad de los servicios públicos de l’Hospitalet // Anais do IV Seminario Inmigración y Europa da Fundación CIDOB, Barcelona, 2006.
    MARTINS, I.M.; BARROSO, E.. “Legado pandêmico: plataformas audiovisuais viabilizam projetos remotos”, Edital de Seleção Emergencial IV CAPES – Impactos da Pandemia, 24/11/2021.
    REBOUÇAS, Edgard; CUNHA, Patrícia. Observatórios de mídia como instrumentos para (da) democracia, 2010.
    SCHOMMER, Paula; Moraes, Rubens; Nunes, Jonas; Claudino, Jonatam. Pesquisa – Observatórios Sociais voltados à cidadania e à educação fiscal no Brasil: estrutura e atuação. Relatório Técnico, UDESC/ESAG e OSI, Itajaí, 2011.
    SOARES, Lilian Camos; FERNEDA, Edilson; PRADO, Hércules Antônio do. Observatórios: Um Levantamento do Estado do Conhecimento, 2018.
    TRZECIAK, D. S. Modelo de observatório para arranjos produtivos locais. PhD thesis, Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.
    WOLTON, D. Sobre la comunicación. Madrid, Acento editorial, 1999.