Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Francisco Levy Freitas Rafael (UFRJ)

Minicurrículo

    Geógrafo, artista multimídia e especialista em literaturas africanas de língua portuguesa. É membro do SENSORIA – Núcleo de Pesquisa em Imagem, Som e Texto (UNILAB/CNPq) e Doutorando ECOPÓS/UFRJ.

Ficha do Trabalho

Título

    Perturbando a ausência. Experiências de Cinemas desde a UNILAB.

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta comunicação é uma contribuição ao movimento de reflexões e produções em torno da primeira década da criação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Partindo do enorme local ocupado pela ausência de cursos nas áreas de Comunicação e Artes, apresentamos algumas experiências de perturbação. Produções, pesquisas e ações de distribuição que perturbam, lembram das importâncias e usos dos Cinemas, em escalas que vagueiam entre indivíduos e nações.

Resumo expandido

    Com pouco mais de dez anos, a UNILAB – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, têm se mostrado como uma experiência complexa e em contínua movimentação com relação aos seus objetivos, que giram em torno de, fomentar relações entre os países membros da CPLP, como também ocupar o lugar de instituição de ensino superior em duas regiões fora das capitais dos dois estados em que se encontra, em um movimento positivo de “interiorização” do ensino superior no Brasil.
    Alguns dos desafios e conquistas desse ambicioso projeto podem ser acompanhados em uma coletânea, com mais de cinquenta textos, organizados pelos pesquisadores Artemisa Condé e Ivan Costa (2021). Muito além de somente apresentar a instituição, esses textos trazem muitos dos conflitos que compõem e giram em torno do projeto UNILAB, seus muitos atores e objetivos. Nessa teia, uma questão sempre em pauta é a que gira em torno dos cursos de Graduação e Pós-Graduação oferecidos pela instituição.
    Apesar de contemplada com os Institutos de Humanidades e Letras, a instituição não dispõe de nenhum órgão com cursos voltados às muitas áreas da Comunicação, tampouco para as múltiplas linguagens das Artes. Essas ausências são complexas, visto a importância dessas grandes áreas não somente nas movimentações diaspóricas entre Brasil e o continente africano, como também por seus usos e reúsos nos movimentos de independência e realização das “novas nações”, tantos na América do Sul, quanto em África e Ásia.
    Neste contexto, esta comunicação segue interessada tanto no não oferecimento de cursos voltados para essas áreas, como pelas ações contrárias, principalmente, as ligadas aos Cinemas. Assim, nos interessa pensar e conversar aqui junto aos movimentos de criação, realização, distribuição e discussão existentes nesses últimos tempos, ligados a Universidade, sua comunidade interna e externa, partindo de uma tríade de ações.
    Em primeiro lugar, destacamos as realizações que vêm sendo defendidas como trabalhos de conclusão de curso, sobretudo no curso de Bacharelado em Humanidades. São obras, em sua maioria curtas, que englobam uma diversidade de questões. O desejo é compartilhar aqui algum tipo de hiperlink, algo que nos levasse a um acervo, repositório, ou algo do tipo, mas não é possível. Este ponto ronda a não existência e não transparência das políticas de acervo audiovisual e memórias discentes.
    No âmbito da extensão, os dois próximos projetos comentados giram em torno de ações cineclubistas, criados um em cada estado, com suas características próprias, mas com o desejo comum de exibições e discussões possíveis. No Cine Malês, projeto iniciado no Campus de São Francisco do Conde, na Bahia, para além das exibições, algumas obras já foram realizadas e a Mostra Ousmane Sembene surgiu, na energia da cultura de rua (Schleder Almeida e Piá, 2022), como apontam as pessoas realizadoras do projeto.
    No Ceará, o Cineclube Cinemas do Atlântico Sul existe desde 2021, nesse tempo, tem executado exibições e discussões com as pessoas realizadoras dos filmes compartilhados. O projeto, que tem como foco realizações do Brasil e dos PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa), tem buscado, cada vez mais, estreitar e compreender os laços entre as indústrias dos cinemas dos respectivos países, aproximando-se também das produtoras e distribuidoras, procurando compreender como essas ligações estão proporcionando conexões em expansão.
    Assim, ainda que na privação de algo institucionalizado, que tem também seus muitos riscos e limitações, buscamos compartilhar, com esta comunicação, como ações diversas, realizadas por muitas pessoas, junto a UNILAB, tem fomentado lugares de existências possíveis para os Cinemas, sobretudo aqueles que Laura Marks (2022) insistiu em nomear de intercultural cinemas, realizados a partir de contatos outros, em um tempo/espaço que ainda não sabemos nomear ao certo.

Bibliografia

    MARKS, U.L. The skin of the film. Intercultural cinema, embodiment and the senses. Duke University Press, 2000. Durham.
    MONTEIRO A. O. C., LIMA I. C. (orgs). Unilab 10 anos: Experiência, desafios e perspectivas de uma Universidade Internacional com a África e Timor-Leste no interior da Bahia e Ceará. v.1. V. 2. [recurso eletrônico]. Imprece. 2021. Fortaleza.
    SCHLEDER ALMEIDA, L.;PIÁ, A. Extensão universitária e cultura de rua. Interfaces – Revista de Extensão da UFMG. [S.I.], v. 10, n. 1. 2022. Belo Horizonte.