Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Juliana Esquenazi Muniz (USP)

Minicurrículo

    Juliana E. Muniz é diretora, colorista e pesquisadora. Mestre em Meios de Processos Audiovisuais pela ECA-USP, graduada em Rádio e TV pela ECO-UFRJ e colorista formada pela EICTV em Cuba. No mestrado pesquisou a realização do primeiro festival de cinema zapatista “Puy ta Cuxlejaltic” e em sua trajetória como cineasta e pesquisadora entrelaça as dinâmicas de movimentos sociais e suas reivindicações com a experiência audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    “Para ser cine, es muy otro”: o primeiro festival de cinema zapatista

Seminário

    Festivais e mostras de cinema e audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho tem como objetivo investigar as provocações do convite e algumas dinâmicas propostas durante o primeiro festival de cinema zapatista “Puy ta Cuxlejaltic”, realizado em 2018 em Chiapas, México. Podemos perceber que tais dinâmicas ‘outras’ entre as e os anfitriões zapatistas e cineastas convidados acabaram por subverter algumas características que compreendemos como comuns nos “festivais mais tradicionais” de cinema, valorizando coletividades e priorizando seus espectadores.

Resumo expandido

    Em novembro de 2018, no Caracol de Oventik em Chiapas, México, foi realizado o primeiro festival de cinema zapatista, chamado de Puy ta Cuxlejaltic (traduzido da língua Tsotsil como “O Caracol da Nossa vida”). O convite para o festival, publicado no blog Enlace Zapatista no mês anterior, chamou-se “Cinema Impossível”, e propôs a ideia de uma sala de cinema impossível: uma tela transparente colocada no meio da sala de exibição, na qual de um lado estão os cineastas realizadores e, do outro, o público, para que assim, nesse cinema “muito outro”, fosse possível “olhar os olhares” e assim acessar o ‘efeito do cinema’, ampliando as percepções da chamada espectatorialidade. Este trabalho tem como objetivo investigar as provocações do convite e as relações propostas durante festival entre as e os anfitriões zapatistas e as e os cineastas convidados, em dinâmicas ‘outras’ que acabaram por subverter muitas das características que compreendemos como comuns nos “festivais mais tradicionais” de cinema, em prol de um lugar colaborativo e que recupera sentidos de coletividade no evento. Podemos mencionar a realização do festival na semana de muertos e seu disparador ritualístico com o cuidado com a memória; a não-premiação mas a entrega dos ‘Respeitos’ e ‘Reconhecimentos’ para realizadores convidados; a não realização de debates com falas individualizadas; o exercício da coletivização de perguntas e respostas entre cineastas convidados e cineastas zapatistas; uma programação diversa que afirma a chamada autonomia do olhar (MUNIZ, 2022) em contraposição a colonialidade do ver (BARRIENDOS, 2011); entre outras dinâmicas que, no contexto de estarem sendo vivenciadas no Caracol de Oventik, território zapatista em Chiapas, México, puderam proporcionar a percepção da centralidade e protagonismo dos espectadores zapatistas na experiência deste festival.

Bibliografia

    Juliana E. Muniz é cineasta, colorista e pesquisadora. Mestre em Meios de Processos Audiovisuais pela Escola de Comunicações e Artes da USP, graduada em Rádio e TV pela UFRJ e colorista formada pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV) em Cuba. Dirigiu, produziu e roteirizou o curta-metragem “Prefiro Não Ser Identificada” (2018) e o documentário “24 mandalas num apartamento de areia” (2020). Foi curadora e produtora da mostra de cinema remota Histórias Livres no Centro Cultural Midrash em 2020. No mestrado pesquisou a realização do primeiro festival de cinema zapatista “Puy ta Cuxlejaltic” e em sua trajetória como cineasta e pesquisadora entrelaça as dinâmicas de movimentos sociais e suas reivindicações com a experiência audiovisual. Faz parte do Grupo de Pesquisas de Festivais Audiovisuais e do Grupos de Estudos Opressões e Resistências do CELACC-USP.