Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Gabriela Capper (UFF)

Minicurrículo

    Gabriela Capper possui graduação e licenciatura em Música. É Mestre em Artes pela UERJ (2015), na área de Arte e Cultura Contemporânea. Desde 2014, leciona Música no Colégio Universitário Geraldo Reis – UFF. Atualmente, dedica-se ao Doutorado no PPGCine – UFF, na linha de pesquisa Narrativas e Estéticas, pesquisando sobre cinema, vídeo, artemídia e educação. Como bolsista, integra o projeto Ilha de Edição Remota/Impactos da pandemia – UFF (CAPES/Brasil).

Ficha do Trabalho

Título

    Outras tramas para o cinema: o processo cine-artístico do projeto Teia

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta comunicação investiga quais as implicações geradas pelo cinema expandido no desenrolar das imagens e dos sons, na montagem, na projeção e na narrativa, através do projeto de intervenção audiovisual e videoarte Teia, no qual o cinema em interface com a arte contemporânea adere a outras configurações e porta importantes reflexões sociais e políticas, por se inclinar sobre a memória oral de uma cidade que sob o impacto sócio-ambiental do garimpo, resiste com suas identidades.

Resumo expandido

    As formas cinemáticas estão cada vez mais presentes em museus, galerias e nas ruas. Desviantes do dispositivo cinema hegemônico e indo ao encontro da arte, são formas que alteram consideravelmente os componentes basilares do cinema. Esta comunicação investiga quais as implicações geradas pelo cinema expandido (YOUNGBLOOD) no desenrolar das imagens e dos sons, na montagem, na projeção e na narrativa, através do projeto de intervenção audiovisual e vídeo-arte Teia, realizado em 2015, pela artista visual paraense Roberta Carvalho, no qual o cinema em interface com a arte contemporânea adere a outras configurações. O Teia surgiu durante uma residência artística em Lençóis, na Bahia, uma pequena cidade que recebeu um grande fluxo de pessoas no passado, por conta do extrativismo de diamantes, e nos dias de hoje vive do turismo local e da produção de peças de artesanato em palha, feitas principalmente por mulheres da cidade. A convivência da artista com a cidade se deu por filmagens, conversas, gravação de áudios, que revelaram marcas e memórias do lugar. Segundo a artista, enquanto as mulheres tecem os fios de palha, tecem junto suas histórias, e foi assim que surgiu a ideia de criar uma intervenção audiovisual na cidade. Com o uso das novas tecnologias, o cinema experimenta com o espaço, ‘fora’ da moldura e dos limites lineares da narrativa (MACIEL, 2009). A imagem de uma das tecedeiras projetada e incrustada pela montagem na fachada de uma das casas antigas da cidade, as narrativas em áudios espacializados na rua, criam múltiplos sentidos para o espectador percorrer. As imagens de vídeos são projetadas […] em ambientes externos, nas fachadas das casas. Em todo objeto com o mínimo de superfície refletora (DUBOIS, 2009). Complexificando ainda mais toda a trama envolvida na intervenção audiovisual, procura-se cotejar o conceito transcinema, que define uma imagem que gera ou cria uma nova construção de espaço-tempo cinematográfico (MACIEL, 2009). Teia se constitui por um agenciamento cinemático que, propondo diferenças técnicas e estéticas ao dispositivo cinema, porta importantes reflexões sociais e políticas, por se inclinar sobre a memória oral do lugar que sob o impacto sócio-ambiental do garimpo, resiste com suas identidades.

Bibliografia

    DUBOIS, Philippe. Um “efeito cinema” na arte contemporânea. In: Dispositivos de registros na arte contemporânea. Luiz Claudio da Costa (org). Rio de Janeiro. Contra Capa Livraria/FAPERJ. 2009.

    MACIEL, Kátia. Transcinemas. Katia Maciel (org.). Contra Capa Livraria, Rio de Janeiro. 2009.

    YOUNGBLOOD, Gene. Expanded Cinema. P. Dutton & Co. Inc. New York. 1970.