Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Thiago Nogueira Carvalho (PPGMC/ECO/UFRJ)

Minicurrículo

    Mestre pelo PPGMC da ECO/UFRJ (2022). Graduado em Cinema pela UFF (2004) com especialização em Economia na UFRJ (2009). Especialista em Regulação da Ancine, desde 2006. Atuação na área de Cinema e Comunicação, com ênfase em políticas públicas de fomento e regulação do setor. Sócio da produtora Asterysko Filmes (2000-2003). Experiência como produtor, diretor e editor de curtas e vídeos. Experiência como professor em curso de graduação (substituto), e de especialização.

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema é Celebração: exibição independente no Rio de Janeiro-anos 2000

Seminário

    Festivais e mostras de cinema e audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Apresentação das principais características da cena de exibição independente de cinema e audiovisual do Rio de Janeiro na virada dos anos 2000, observadas no âmbito de pesquisa de metrado. O estudo contou com a realização de entrevistas com integrantes de cinco dos principais eventos constituintes da cena: Festival Brasileiro de Cinema Universitário, O Incinerasta, Cachaça Cinema Clube, Mostra do Filme Livre, e Cineclube Mate Com Angu.

Resumo expandido

    A presente comunicação tem como objetivo apresentar as principais características da cena de exibição independente de cinema e audiovisual do Rio de Janeiro na virada dos anos 2000. Os aspectos a serem abordados integram os resultados encontrados na pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas da ECO/UFRJ, defendida em 18/11/2022. Através de abordagem qualitativa, com aportes de estudos que se referenciam na sociologia da cultura e no debate da produção historiográfica, e a partir de pesquisa empírica por meio de entrevistas semiestruturadas com integrantes do movimento, a pesquisa investigou a cena a partir de cinco de seus principais eventos constituintes: Festival Brasileiro de Cinema Universitário, O Incinerasta, Cachaça Cinema Clube, Mostra do Filme Livre, e Cineclube Mate Com Angu.
    A relevância da cena ocorre tanto em função da vasta quantidade de pontos de exibição de filmes que surgiram pela cidade e seus arredores, quanto pela sua efervescência cultural, que reunia pessoas de diferentes origens e gerações, em eventos que, diferentemente da tradição da cinefilia clássica, misturavam a exibição de filmes com festas, shows, performances, exposições, premiações e intervenções diversas, em espaços variados e muitas vezes não tradicionais, como porões, mercados, galpões, becos ao ar livre, praças e bares.
    O estudo realizado pretendeu investigar também a importância do movimento para a constituição da identidade geracional dos novos ingressantes no campo do cinema brasileiro no Rio de Janeiro na época. Em uma abordagem preliminar, o objetivo foi a identificação de componentes transversais dos eventos, que dessa forma apontassem para uma visão de conjunto da cena local. Nesse sentido, a partir da análise dos resultados encontrados, essas características comuns foram organizadas em oito dimensões: 1 – origens e condicionantes; 2 – paixão e desejo de expressão; 3 – espaços presenciais de encontros coletivos; 4 – liberdade; celebração e território; 5 – provocação e experimentação; 6 – resgate histórico e artístico; 7 – informalidade e institucionalidade; 8 – audiovisual na periferia e expansão territorial.
    Talvez a característica principal, que melhor representa a essência da cena foi o seu caráter de celebração. Esse espírito inclusivo, agregador e festivo se manifestava de diversas formas no movimento, seja na celebração de assistir aos filmes coletivamente, no prazer da possibilidade de fazer e compartilhar filmes, assim como na descontração e intensidade dos encontros que extrapolavam os espaços constituídos de produção e exibição. Essa dimensão celebratória estava atravessada por sociabilidades típicas da cidade, como a boemia, a informalidade, a cultura de rua, e também por outras linguagens como a música, a dança, as intervenções, e ocupações artísticas. Dessa forma, estava presente também uma vinculação com a história e tradições do território do Rio de Janeiro, tanto nos filmes que eram realizados quanto na localização dos encontros e nos símbolos cultuados.
    Observou-se também que a formação e a vivência, escolar e universitária, principalmente em cursos de Cinema e Comunicação Social, são traços marcantes dessa nova geração de realizadores, e tiveram contribuição importante nas características formativas da cena, tanto na constituição da identidade e do ideário, quanto na forma de organização social e posicionamento cultural dos agentes. O ambiente das escolas e das universidades foi ponto de encontro e local de associação de grupos e parcerias que deram origem a diversas das principais iniciativas e manifestações dessa geração na cidade e seus arredores.
    Por fim, se faz necessário pontuar que o trabalho representa uma primeira abordagem sobre tema complexo. A análise das nuances, diferenças, possíveis conflitos e disputas internas, assim como a existência de grupos e manifestações desviantes e divergentes, não fez parte do escopo do estudo, e necessitaria de futuras investigações.

Bibliografia

    BEZERRA, Heraldo [HB]. O Cerol Fininho da Baixada: histórias do cineclube Mate Com Angu. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2013.
    CARVALHO, Thiago. Cinema é celebração: a cena de cinema e audiovisual independentes do Rio de Janeiro na virada dos anos 2000. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Escola de Comunicação, UFRJ, Rio de Janeiro, 2022.
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    SANSOLO, Carlos. O que é a mostra o que neguinho tá fazendo? O Incinerasta nº 13, Rio de Janeiro, out. 2001b.
    SARMIENTO, Guilherme. O Cinema Barato. In: 2º FESTIVAL BRASILEIRO DE CINEMA UNIVERSITÁRIO [catálogo]. Niterói: UFF, 2011.
    SAUERBRONN, Roberta. Festival Brasileiro de Cinema Universitário. Projeto Experimental (Bacharelado em Cinema) – Instituto de Arte e Comunicação Social, UFF, Niterói, 2007.
    TINOCO, Pedro; DURST, Rogério. Cinema é a maior diversão: uma nova geração de cineastas produz filmes às centenas e lota festivais. Veja Rio, Rio de Janeiro, 23 fev. 2005.