Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Arthur Autran Franco de Sá Neto (UFSCar)

Minicurrículo

    Professor da UFSCar desde 2002. Doutorou-se no Instituto de Artes da Unicamp e fez pós-doutorado na Universidade de Buenos Aires. Publicou os livros Alex Viany: crítico e historiador (2003), Imagens do negro na cultura brasileira (2011) e O pensamento industrial cinematográfico brasileiro (2013), bem como colaborou na Enciclopédia do cinema brasileiro (orgs. F. Ramos e L. F. Miranda, 2012). Dirigiu os documentários Minoria absoluta (1995) e A política do cinema (2011).

Ficha do Trabalho

Título

    Cine Jornal Informativo: Produção e Circulação (1946-1964)

Seminário

    Cinema no Brasil: a história, a escrita da história e as estratégias de sobrevivência

Formato

    Presencial

Resumo

    A presente proposta de comunicação enfoca a produção e a exibição do Cine Jornal Informativo no recorte temporal entre 1946 e 1964, ou seja, desde a criação deste cinejornal até o golpe militar. Ele era confeccionado pela Agência Nacional, órgão do governo federal. Objetiva-se apresentar a inserção do cinejornal no âmbito governamental, o seu modo de produção e os profissionais envolvidos, bem como indicar características da sua circulação nas salas de cinema.

Resumo expandido

    A presente proposta de comunicação enfoca a produção e a exibição do Cine Jornal Informativo (CJI) no recorte temporal entre 1946 e 1964, ou seja, desde o surgimento deste cinejornal até o golpe militar. Ele era confeccionado pela Agência Nacional, órgão do governo federal subordinado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. O CJI substituiu o Cine Jornal Brasileiro (CJB), o qual circulou ao longo do Estado Novo e foi produzido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Após o fim do regime ditatorial, o novo governo houve por bem remodelar suas formas de divulgação massiva, o que incluiu a extinção do CJB e a criação do CJI. Note-se que este último circulou até 1969 com periodicidade semanal, embora com quebras na periodicidade e até interrupções. Em relação ao recorte temporal aqui proposto, ele visa dar conta tão somente do período democrático do país.
    Objetiva-se, em uma primeira aproximação desse objeto de pesquisa, examinar as condições institucionais de surgimento e de manutenção do CJI, ou seja, em que contexto político ele foi criado e quais as suas funções, além de eventuais modificações até 1964.
    Outrossim, também será procedida a investigação a respeito da equipe de realização do cinejornal, bem como do seu modo de produção. Desta forma, serão levantados os profissionais que trabalharam no CJI tais como cinegrafistas, locutores, montadores, roteiristas e diretores, entre outros cargos. Quanto ao modo de produção, importa verificar como sua pauta era estabelecida, o que era filmado pela própria equipe do CJI, se havia material comprado de outros cinegrafistas ou de distribuidoras cinematográficas.
    Será ainda abordado se alguns dos profissionais que trabalharam no CJI possuíam vinculação com a principal organização política da esquerda brasileira de então, o PCB (Partido Comunista do Brasil), que foi legal entre 1945 e 1947, mas, mesmo na ilegalidade a partir de 1947, conseguiu arregimentar quadros no âmbito da produção cultural, o que incluiu o cinema – entre outros nomes de destaque, é possível mencionar Alex Viany, Moacyr Fenelon e Nelson Pereira dos Santos. É relevante notar que o CJB, em pleno Estado Novo, contou com profissionais que possuíam ligações com o PCB, tais como João Tinoco de Freitas e Ruy Santos.
    O último objetivo da comunicação é identificar a forma de circulação do CJI, anotando quem o distribuía, em quais cidades o cinejornal de fato chegava e destacar os tipos de cinema que o exibiam (eram salas localizadas nas regiões centrais ou de bairro, mais voltadas para um público elitizado ou popular, etc). Também serão levantados eventuais materiais publicitários que divulgavam o CJI.
    Desta forma, pretende-se circunscrever melhor o contexto de realização e circulação do CJI no interregno democrático entre o fim do Estado Novo e o início da ditadura militar de 1964.

Bibliografia

    ARCHANGELO, Rodrigo. Histórias de um Brasil em suas notícias da semana. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 27, 2013, Natal. Anais eletrônicos… Natal: ANPUH, 2013. Disponível em: http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/rodrigo_archangelo.pdf
    AUTRAN, Arthur. Cineastas comunistas no Brasil. In: ROXO, Marco; SACRAMENTO, Igor (org.). Intelectuais partidos: os comunistas e as mídias no Brasil. Rio de Janeiro: E-Papers, 2012. p. 297-324.
    BERNARDET, Jean-Claude. Cinema brasileiro: propostas para uma história. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
    NICHOLS, Bill. Representing reality: Issues and concepts in documentary. Bloomington: Indiana University Press, 1992.
    SIMIS, Anita. Estado e cinema no Brasil. São Paulo: Annablume / Fapesp, 1996.
    SOUZA, José Inácio de Melo. Trabalhando com cinejornais: relato de uma experiência. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 38, p. 43-62, 2003.