Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Anna Karolina Veiga Santa Helena (PUCRS)

Minicurrículo

    Doutoranda em Comunicação Social na PUCRS. Possui graduação em Jornalismo, especialização em Influência Digital e mestrado em Comunicação Social. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo. Sua pesquisa tem como foco a representação de conflitos causados pelo tráfico de drogas em produções audiovisuais. Integra o Grupo de Pesquisa Cinema e Audiovisual: comunicação, estética e política – Kinepoliticom e o Grupo de Estudos sobre Cinema, Audiovisual e Filosofia – Cinesofia.

Ficha do Trabalho

Título

    Padrões imagéticos e “pistas” narrativas em Narcos México

Seminário

    Cinema e audiovisual na América Latina: novas perspectivas epistêmicas, estéticas e geopolíticas

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho tem como proposta testar uma metodologia de análise audiovisual a partir de fotogramas de episódios da série Narcos México. Com o objetivo de encontrar padrões imagéticos, foram escolhidos três episódios e extraídos 100 fotogramas de cada um. Em seguida, foi feita a análise, tendo como referência autores como Aumont e Marie (2009) e Manovich (2013). O estudo permitiu observar padrões dentro dos episódios e entre eles, bem como indícios do avanço da narrativa.

Resumo expandido

    O presente artigo tem como objetivo propor uma metodologia de análise audiovisual de narrativas seriadas tendo como ponto de partida fotogramas de episódios. Analisando as imagens obtidas, pretende-se entender quais padrões imagéticos podem ser identificados, além de observar elementos que chamem a atenção nos quadros.
    Para este trabalho, foram selecionados três episódios: o primeiro de cada temporada de Narcos México (2018 – 2021). A escolha se deve ao fato de a série ser um dos objetos que compõem o corpus da pesquisa da autora, que estuda a representação de conflitos em regiões fronteiriças entre Estados Unidos e México causados pelo tráfico de drogas em produções originais Netflix. Uma vez que Narcos México se passa em diversas cidades, espera-se identificar com mais facilidade quais partes são ambientadas em espaços de fronteira, bem como as semelhanças que esses locais têm entre si na série.
    Autores que são referência em análise audiovisual, Aumont e Marie (2009) afirmam que não existe um método universal de se analisar um filme, mas é importante ter consciência do que se deseja analisar e de que forma isso será feito. Neste trabalho, interessa identificar padrões nos fotogramas, por isso, o tipo de análise que faz mais sentido é a da imagem. Penafria (2009) ressalta que a retirada de fotogramas de filmes é um procedimento de análise muito comum e até mesmo essencial, sendo uma técnica útil para a reflexão sobre a obra.
    Na tentativa de testar uma metodologia baseada no que dizem esses autores, para cada episódio selecionado nesta análise foram extraídos, automaticamente, 100 fotogramas, utilizando-se o programa Windows Media Player Classic.
    No fotograma do primeiro episódio da primeira temporada de Narcos México, é possível ver que não há uma grande quantidade de personagens, nem mesmo de locações. No que diz respeito a padrões de imagem, é possível perceber uma predominância de tons quentes e enquadramentos em primeiro plano.
    No episódio selecionado da segunda temporada, há uma maior variedade de rostos. Da mesma forma, outros dois espaços nos quais a série se passa são introduzidos, ambos em regiões de fronteira com os EUA. Assim, há uma descentralização das atividades relacionadas ao narcotráfico na série. Quanto aos padrões, nota-se uma mescla de tons quentes e frios e a predominância de enquadramentos em primeiro plano.
    Na terceira e última temporada de Narcos México, novos personagens ganham espaço, bem como as regiões fronteiriças. A maior parte do episódio se passa em locais de fronteira entre México e EUA. Em relação aos padrões, é possível perceber a presença tanto de tons quentes quanto frios, e até mesmo neutros em determinadas sequências. Chama atenção, também, a construção dos ambientes internos das casas de alguns personagens – antecipando que seus conflitos pessoais serão explorados.
    O método aplicado neste estudo contribui para se ter uma percepção e um entendimento dos episódios como um todo. Segundo Manovich (2013, tradução nossa), “Essa visualização transforma o filme em uma única imagem”. Utilizando os fotogramas dos episódios completos, conseguimos ter uma visualização abrangente do que acontece tanto em termos imagéticos quanto de narrativa. Entretanto, parece ser um método mais confiável uma vez que o pesquisador já tenha alguma intimidade com o objeto.
    Como somente no primeiro episódio da última temporada há uma maioria de fotogramas cujo cenário são regiões de fronteira, não foi possível identificar padrões específicos dessa representação. Por outro lado, a metodologia permitiu não só identificar padrões nos episódios e entre eles como também perceber o quanto os fotogramas antecipam sobre as narrativas. Além disso, o exercício contribuiu para a percepção de que as regiões fronteiriças vão ganhando espaço dentro da série com o passar das temporadas – o que pode vir a auxiliar a delimitar melhor o corpus do estudo.

Bibliografia

    AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. 2. ed. LISBOA: Edições Texto e Grafia, 2009, 216 p.

    MANOVICH, Lev. Visualizing Vertov. 2013. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2021.

    PENAFRIA, Manoela. Análise de Filmes – conceitos e metodologia(s). In: CONGRESSO SOPCOM, 6, 2009, Lisboa. Anais […]. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2022.

    NARCOS México. Estados Unidos/México: 2018 – 2021. Disponível em: .