Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Lisandro Nogueira (ufg)

Minicurrículo

    Lisandro Nogueira é professor da Fic-UFG desde 1989. Pós-Doutor ECA-USP. Doutor pela PUC-SP e mestre pela ECA-USP. ex-Diretor da Cinemateca Brasileira (2013-2015). Autor do livro editado pela USP-UFG “O autor na TV”. Professor de pós na Faculdade de Ciências Sociais na UFG.

Ficha do Trabalho

Título

    Chrissie’s Death: performance orquestral e narrativa fílmica

Formato

    Presencial

Resumo

    A musica de orquestra e a narrativa fílmica. Compreender como a performance orquestral contribui na construção da narrativa fílmica. Realizamos a análise do filme “O tubarão” de Steven Spielberg. Para a leitura da cena de abertura, usamos o conceito de Intensidade da Performance de Schechner (2011) e as funções da musica na narrativa audiovisual JIménez (1993). É possível compreender que a forma como a orquestra realiza sua performance auxilia diretamente na construção do filme clássico.

Resumo expandido

    A música no cinema nasce com o próprio cinema, uma vez que, desde a invenção do cinematógrafo pelos Irmãos Lumière, na Paris de 1895, sabe-se que as primeiras projeções de espetáculos cinematográficos eram acompanhadas por música. Segundo informa Wierzbick (2009), os filmes apresentados pelos Lumière, em dezembro de 1985, foram acompanhados pelo pianista Emile Maraval.
    Menciona que também teve um intérprete de harmônio nas apresentações dos filmes Lumière, em Londres, no Polytechnic Institute, em 20 de fevereiro de 1896, e que orquestras estiveram envolvidas nas apresentações que ocorreram nos teatros Alhambra e Empire, também em Londres, em abril de 1896. O autor relata que uma orquestra também esteve tocando quando os Lumière apresentaram em Nova York, na Keith’s Vaudeville House, em 28 de junho de 1896.
    Como se percebe, as orquestras acompanham o cinema desde seu início, assim como também como a figura do compositor e obras direcionadas exclusivamente para filmes. Isso porque, já em 1908 se tem a primeira produção musical para um filme encomendada a um compositor; no caso, o francês, Camille Saint-Saens (1835-1921), e sua composição para o filme. L’assassinat Du duc de Guise. Passando por Joseph Carl Breil e sua obra para o filme The Birth of a Nation, de 1915, vamos encontrar nos anos 1930, já na era do cinema sonoro, alguns compositores europeus instalados em Hollywood, cuja música direcionada para filmes, permanecerá como alicerce até os anos 1950.
    A obra desses compositores era, sobretudo, em estilo sinfônico e com grande influência do Romantismo. Nesse estilo, a partir da música para o filme King Kong (1933) começa a se desenvolver em Hollywood uma linguagem própria de composição orquestral para filmes. Isso contribuiu para a consolidação da música orquestral no cinema hollywoodiano; e, ao mesmo tempo, inaugurou o que ficou conhecido como a “Era de Ouro” da música do cinema de Hollywood, que irá até os anos 1950.
    O estilo de composição orquestral de John Williams remete à “Era de Ouro”, uma vez que é, de alguma forma, influenciado pelos compositores deste período. Todavia, neste compositor, também há um grande senso de originalidade e espírito de elaboração criativa. Assim, no cenário cinematográfico dos anos 1970 é justamente John Williams quem irá compor, em 1975, a música para o filme Jaws, de Steven Spielberg, do qual extraímos a cena Chrissie’s Death para servir como objeto de análise.

    No sentindo de causar algum tipo de sensação no espectador a música escrita para o filme Jaws foi tão singular quanto às imagens idealizadas por Steven Spielberg. Sua intensidade, e o poder visceral nela contido, ajudaram a tornar o filme num fenômeno global de maneira que Spielberg comparou-a com a música, igualmente assustadora, de Bernard Herrmann para o filme Psycho, de Alfred Hitchcock, produzido em 1960. a música de Jaws, escrita para apoiar e reforçar as exigências expressivas da narração, só será efetiva e precisa no cumprimento das funções da música de cena mediante à performance orquestral. Se a música foi pensada e escrita para orquestra, logo esta será encarregada de fazer ecoar a sonoridade idealizada pelo compositor. Até porque, entre os compositores cinematográficos contemporâneos, John Williams é, provavelmente, o mais tradicional no tocante ao uso da força orquestral em música para filmes.

Bibliografia

    ADLER, Samuel. Study of Orchestration. New York: W.W. Norton & Company, 1989.

    BENCHLEY, Peter. Jaws. New York: Fawcett Crest, 1974
    DARBY, William; BOIS, Jack du. American film music: major composers, techniques, trends, 1915-1990. Jefferson, North Carolina: McFarland & Company, Inc., 1990.

    FRIEDMAN, Laster D. Citizen Spielberg. Illinois: University of Illinois Press, 2008.

    GOTTLIEBE, Carl. The Jaws Log. Sydney: ReadHowYouWant, 2010.

    JIMÉNEZ, Jesús García. Narrativa audiovisual. 3. ed. Madrid: Cátedra, 1993.

    KARLIN, Fred; WRIGH, Rayburn. On the Track: a guide to contemporary film scoring. 2.
    ed. New York: Taylor & Francis, 2004.

    LITWIN, Mario. Le film et sa musique: création-montage. Paris: Romillat, 1992.

    SCHECHNER, Richard. Pontos de contato entre o pensamento antropológico e teatral. Cadernos de campo, São Paulo, n. 20, p. 213-236, 2011.

    WIERJZBICKI, James. Film Music: A History. New York: Routledge, 2009.