Trabalhos aprovados 2023

Ficha do Proponente

Proponente

    Lucas Camargo de Barros (FBAUL)

Minicurrículo

    Lucas Camargo de Barros. Realizador cinematográfico e Doutorando em Artes, da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa com bolsa da FCT (Fundação de Ciência e Tecnologia). Mestre em Estética e Estudos Artísticos, FCSH, UNL.

Ficha do Trabalho

Título

    Tecido de tempo e afeto em Há Uma profetas nas Olaias, tenham cuidado!

Seminário

    Estética e teoria da direção de arte audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    As camadas de tempo e afetos que atravessam o curta-metragem “Há uma profeta nas Olaias, tenham cuidado!”, realizado em 2021 por Lucas Camargo de Barros e com figurino de Raphael Fraga (autores deste artigo), são nosso foco de reflexão acerca da narrativa e sua relação com a indumentária.

Resumo expandido

    As camadas de tempo e afetos que atravessam o curta-metragem “Há uma profeta nas Olaias, tenham cuidado!”, realizado em 2021 por Lucas Camargo de Barros e com figurino de Raphael Fragas (autores deste artigo), são nosso foco de reflexão acerca da narrativa e sua relação com a indumentária. Usando a noção de somateca (Preciado, 2011) para expandir as questões travadas na narrativa analisamos a história que começa em 1911 e conta sobre “A Brasileira”, um mulher perseguida pelo estado Português em sua nova “cruzada” contra as religiões. Em um dos seus rituais de magia, ela não consegue salvar um bebê da morte, mas acaba se apaixonando pela mãe. Partindo do cinema silencioso do começo do século XX e se aproximando do fantástico, o mágico acaba por se manifestar em todas as esferas, renascendo na pele de uma criança em 2020.
    Com uma estética que mistura bitolas (16mm de arquivo, 35mm inéditos, cinema digital 2k e filmagem com smartphone) e também atravessa as relações de poder entre Portugal/Brasil, homem/mulher, estado/sujeito, analisamos aqui como o processo criativo dessa indumentária ajuda a narrar os abismos que regem todos esses vetores. A dramaturgia se faz presente nos tecidos e nas texturas que vão desde a primeira república portuguesa (1910 – 26) até a contemporaneidade, e são um terreno fértil para esta reflexão.
    Utilizando a teoria de cineastas (Aumont, 2001) como ponto de partida metodológico, discorremos sobre pesquisa, materialidade e todo o processo criativo da feitura do figurino e suas implicações estéticas. Com a finalidade de refletir sobre as bordas de subjetividade que o curta-metragem adentra, também lançamos mão de conceitos como outsider within (Hill Collins, 1984).

Bibliografia

    Aumont, J. (2006). As teorias dos cineastas. Campinas: Papirus.
    Barthes, Roland. O Sistema da Moda. Lisboa: Edições 70, 1999.
    Deleuze, G. (2005). A Imagem-Tempo: Cinema II. São Paulo: Brasiliense.
    Didi-Huberman, G. (2013). Diante da Imagem. Rio de Janeiro: Editora 34.
    Frey, Tales. Performance e Ritualização: Moda e Religiosidade em Registros Corporais. Universidade
    de Coimbra. 2016.
    Garcia, W.; Lyra, B. (org.). (2002). Corpo & imagem. São Paulo: Arte & Ciência.
    Hill Collins, P. (2016) “Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro”. Em Revista Sociedade e Estado, 31. Brasília: UNB. Pp. 99-127.
    Monteiro, Gilson. A metalinguagem das roupas. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação.
    Covilhã: UBI. 1997.
    Preciado, Paul B. Manifesto contrassexual. Práticas subversivas de identidade sexual. Tradução de
    Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: N-1 Edições. 2012.