Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Ana Elisabete Freitas Jaguaribe (UNIFOR)

Minicurrículo

    ELISABETE JAGUARIBE é educadora e gestora de projetos de formação em artes. Doutora em Sociologia (UFC), é professora e coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza (Unifor) e é Diretora de Formação do Instituto Dragão do Mar/Porto Iracema das Artes. ​​Tem uma trajetória profissional ligada à gestão de políticas públicas na área da cultura, com ênfase na formação em artes e no audiovisual.

Ficha do Trabalho

Título

    Cine-Experiência: a criação no centro da formação universitária

Mesa

    A formação de cinema e audiovisual no ensino superior

Formato

    Presencial

Resumo

    A mesa propõe uma reflexão coletiva em torno do programa Cine-Experiência, do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza (Unifor). Para além de um simples relato de experiência do programa, a proposta procura provocar o debate em torno das possibilidades de formação de cinema e audiovisual no ensino superior no Brasil.

Resumo expandido

    Há muito, a experiência estética é convocada como um componente central da educação – e não apenas nos cursos e percursos formativos ligados às artes. Entendida, desde John Dewey (2010), com seu gosto pelo pragmatismo, como uma articulação entre o campo sensível e a ação concreta na ordem do vivido, a experiência estética articula o fazer, o ver/ouvir/sentir à própria reflexão (SALVATIERRA, 2021), num movimento não-linear, inesgotável. Compreendida assim, a formação, antes de ser um traçado que vai de um ponto a outro ou mesmo uma ordem organizada por cronologias e gradações, vincula-se a um campo de possibilidades e à criação de movimentos, cenas, situações, gestos, em geral, condições que permitam aos estudantes vivenciar certas experiências e, afetados por elas, construir saberes sobre o que se viveu, construiu, aprendeu.
    Assim sendo, a educação é determinada necessariamente por uma relação de contextualização, na qual o corpo, o território e os próprios recursos tecnológicos mobilizados estão empregados e engajados num processo singular. Trata-se, portanto, de pensar a formação audiovisual como algo que se territorializa e desterritorializa negando a tradição formativa abstrata e pretensamente universal, para dar lugar às problemáticas ético-político-estéticas que caracterizam o ato de produzir imagens e sons no mundo, a partir da tessitura de experiências com o outro, nos cruzos (RUFINO, 2019) entre o mundo material e imaterial, os agenciamentos possibilitados pela câmera e os saberes partilhados que compõem uma comunidade de aprendizagem e uma comunidade de cinema. Uma aposta pedagógica na qual se “abarca em um mesmo gesto criação artística, criação de si e criação de mundo” (MIGLIORIN, PIPANO, 2019; NICARAGUA, 2020).
    Guiado por tais princípios, o programa Cine-Experiência propõe um arranjo curricular a partir da articulação entre disciplinas que têm como objetivo comum o desenvolvimento de processos de formação ancorados nos conceitos de experiência e partilha . Implementado em 2017.2, o programa instaurou uma dinâmica inovadora no âmbito de uma matriz curricular do bacharelado de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza (Unifor). O Cine-Experiência distribui-se numa sequência de sete disciplinas (I, II, III, IV, V, VI, VII) e emerge de uma intensa reflexão sobre os processos de formação vivenciados na primeira década de funcionamento do curso. As disciplinas que integram o programa foram desenhadas na perspectiva de um lugar privilegiado às práticas de invenção e experimentação poéticas, conectadas com o território e o contexto das / dos estudantes (JAGUARIBE et al, 2021).
    Partindo dessas indagações, a proposta objetiva discorrer sobre a dimensão político-pedagógica da experiência ao tensionar o modelo tradicional de formação audiovisual, submetido aos predicados técnicos, e incita um debate em torno das urgentes demandas e desafios oferecidos aos cursos universitários de cinema e audiovisual no país.

Bibliografia

    DEWEY, John. Experiência e educação. Tradução Renata Gaspar. Petrópolis: Vozes. 2010.

    JAGUARIBE, Elisabete; MENDES, Edilberto e PIRES, Claúdia. Poéticas do Bombordo. Fortaleza: Instituto Dragão do Mar, 2021.

    MIGLIORIN, Cezar; PIPANO, Isaac. Cinema de Brincar. Editora Relicário, 2019.

    NICARÁGUA, Fórum. “A pedagogia do dispositivo: pistas para criação com imagens”. In: LEITE, Cesar; OMELCZUK, Fernanda; REZENDE, Luiz Augusto (orgs). Cinema-Educação: políticas e poéticas. Macaé: Editora NUPEM, 2021.

    RUFINO, Luiz. A pedagogia das encruzilhadas. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2019.

    SALVATIERRA, Eliany. “A experiência estética: uma proposta para o campo do cinema-educação”. In: LEITE, Cesar; OMELCZUK, Fernanda; REZENDE, Luiz Augusto (orgs). Cinema-Educação: políticas e poéticas. Macaé: Editora NUPEM, 2021.