Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Rosane da Silva Borges (USP)

Minicurrículo

    jornalista, professora convidada do Diversitas (FFLCH-USP) e do Colabor (ECA-USP), coordenadora da Escola Online Longa, autora de diversos livros, entre eles: Espelho infiel: o negro no jornalismo brasileiro (2004), Mídia e racismo (2012), Esboços de um tempo presente (2016) e Fragmentos do tempo presente (2022).

Ficha do Trabalho

Título

    Audiovisualidades negras e feministas: construção de novos imaginários

Mesa

    Cinema negro brasileiro – concepções nativas, demandas locais

Formato

    Presencial

Resumo

    Este artigo tem como propósito examinar o debate em torno das representações imagéticas de mulheres negra, com ênfase no cinema, que tornou-se a pedra angular das reflexões atinentes às políticas de reconhecimento contemporâneas. Numa sociedade em que o racismo é categoria que hierarquiza as relações sociais, tornou-se inevitável o escrutínio das formas de representação dos grupos historicamente discriminados no audiovisual, considerando que a visibilidade é fator que garante a existência.

Resumo expandido

    O debate em torno das representações imagéticas de mulheres negras tornou-se a pedra angular das reflexões atinentes às políticas de reconhecimento contemporâneas. Numa sociedade em que o racismo é categoria que hierarquiza as relações sociais, tornou-se inevitável o escrutínio das formas de representação dos grupos historicamente discriminados na arena midiática, considerando que a visibilidade é fator que garante a existência. Somos todos impelidos a nos tornar visíveis, sob pena de nos sentirmos midiaticamente mortos, um medo contemporâneo que nos assola inapelavelmente. Receamos em cair no abismo de não ser notado. Acentua essa tendência, o fluxo ininterrupto de recursos imagéticos a que somos submetidos pelos múltiplos canais de comunicação, onde artefatos diversos jorram nas telas (de TV, do computador, dos celulares) e em outros suportes. Decididamente, somos banhados nas imagens que se põem à nossa frente e com elas redefinimos as identidades fluidas que nos habitam..
    Mais do que apenas resultado dos novos arranjos no jogo comunicativo, fruto de uma sociedade hipertecnificada, a visibilidade do mundo incide em questões políticas, posto que por ela desfilam os tópicos relacionados às identidades e identificações, ao reconhecimento e aos jogos do poder, categorias que sempre acompanharam as discussões modernas sobre os indivíduos e as sociedades, mas que agora ganham impulso renovado pelas lentes dos sistemas midiáticos. Como diria Eugenio Bucci, professor da ECA e estudioso do imaginário midiático, “a predominância do visível define o imaginário contemporâneo”. Já o pesquisador Muniz Sodré diz que pois conforme considera o filósofo e comunicólogo Muniz Sodré: “a visibilidade – o plano das aparências – não é um requisito simples, pois suscita os problemas do reconhecimento social e do valor humano. Logo, é uma questão de natureza ética”.

Bibliografia

    BORGES, Rosane da S. Esboços do tempo presente. Rio de Janeiro: Malê, 2016
    BORGES, Rosane da S. Fragmentos do tempo presente. Belo Horizonte: Aquilombo, 2021.
    hooks, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.
    GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. IN: Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, p. 223-244.
    SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho. Petrópolis: Vozes, 2011.