Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcela de Souza Amaral (UERJ)

Minicurrículo

    Doutora em Artes, pela UERJ e pela Universidade de Reading, no Reino Unido. Investiga o Realismo no cinema contemporâneo, incluindo questões sobre mise-en-scène e narrativa, e particularmente o “Realismo de Confronto”. Atuou como professora em Direção Cinematográfica, Edição e Montagem, Efeitos Especiais e outras disciplinas, na UFF, Estácio de Sá, Instituto Infnet e no curso Darcy Ribeiro. É diretora de TV na Rio TV Câmara, e tem longa carreira como roteirista, editora e Assistente de Direção.

Ficha do Trabalho

Título

    Interlúdios fílmicos e o Realismo de Confronto

Formato

    Presencial

Resumo

    Este artigo visa analisar o que chamamos de “interlúdios”, em filmes de ficção no cinema contemporâneo, gerados no processo de produção do Realismo de Confronto. Esta é uma expressão realista baseada no atrito entre elementos do âmbito da representação e os relacionados à reprodução da realidade pró-fílmica. O objetivo principal dessa expressão realista se traduz em um forte questionamento ao realismo fílmico e à própria vocação realista do cinema.

Resumo expandido

    A proposta deste artigo é dar seguimento ao estudo do conceito de Realismo de Confronto, desenvolvido pela autora na pesquisa do doutorado, e identificar e analisar um elemento utilizado em sua constituição, os interlúdios. O emprego desse artifício por si só não determina a reprodução dessa forma realista, mas como observamos em algumas propostas fílmicas, particularmente do cinema contemporâneo, os interlúdios estão no centro do processo de geração do Realismo de Confronto, pois são as interrupções geradas pelo elemento externo, à proposta realista estabelecida inicialmente. Chamamos interlúdios, pois têm características duplas, de interromper e alterar a proposta realista das obras e, por outro lado, de manter a continuidade narrativa, ainda que modificada.
    O Realismo de Confronto, cujos traços fundamentais são a abertura para o imprevisível dentro do espaço representativo, a produção (e não só a reprodução) de realidade, dentro e fora do filme; a alteração do nível de realismo dentro do filme e o confronto em si; se traduz como uma expressão realista de forte questionamento ao próprio realismo fílmico, potencializando ainda interrogações sobre a relação do cinema com o real, sobre sua vocação realista e sobre seu múltiplo potencial de reprodução da realidade.
    Neste contexto, os interlúdios são formas privilegiadas de observação das estratégias de confronto, uma vez que funcionam como uma espécie de intervalo na proposta realista, e onde o confronto ocorre primeiramente. Por sua saliência em meio à narrativa fílmica, e por evidenciar a mudança do nível de realismo, nos voltamos neste artigo para o estudo desse elemento na constituição do Realismo de Confronto, buscando explorar mais a fundo esta forma realista e, colateralmente, o potencial realista do próprio cinema.

Bibliografia

    AMARAL, Marcela de Souza. O Realismo de Confronto: A Representação do Imprevisível. 2018. 116 f. Tese (Doutorado em Artes) – Programa de Pós-graduação em Artes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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