Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Caio Victor da Silva Brito (UFC)

Minicurrículo

    Caio Victor Brito é formado em Cinema e Audiovisual, é Montador, Artista Digital e Designer de Experiências Imersivas em VR. Atualmente é mestrando no Programa de Pós Graduação em Artes da UFC, com pesquisa sobre as poéticas da montagem audiovisual em realidade virtual. Realiza experimentações de montagem esférica em obras 360° junto ao Coletivo Intervalos e Ritmo(#ir!). cvb.cine@alu.ufc.br

Coautor

    MILENA SZAFIR (UFCE)

Ficha do Trabalho

Título

    Poéticas da montagem entre 360°, realidade virtual e live performances

Seminário

    Montagem Audiovisual: Reflexões e Experiências

Formato

    Presencial

Resumo

    Partimos das problemáticas quanto à edição audiovisual para obras em realidade virtual (VR) e então nos vimos imersos nas poéticas da montagem tanto em 360° quanto em live performance. Assim, no encontro SOCINE 2022 propomos abrirmos o processo de criação de “3(D)ef-f-ectffect? […]”, do Coletivo Intervalos e Ritmos (#ir!/PPGARTES/ICA/UFC), conforme apresentado do Ceará/BR à África do Sul, de 2020 a 2021: diálogos entre Eisenstein e Manovich, a mise-en-cadre em estéticas neo-midiáticas.

Resumo expandido

    Dentre as diferentes conceituações para a realidade virtual (VR), levando em consideração a sua transdisciplinaridade (TORI; HOUNSELL, 2020), propomos aqui trabalharmos através de sua potencialidade artística: a montagem nas arqueologias de imersão (GRAU, 2004; ELSAESSER, 2018). Ou seja, propomos apresentar em 2022 – junto ao seminário temático de montagem da SOCINE – um diálogo sobre este processo de edição na live performance online “3(D)ef-f-ectffect? – Designing an AV Glitch Performance as the Post-pandemic Future” (2021), realizada pelo Coletivo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet’ares Audiovisuais/ PPGARTES/UFC) – www.projetares.art.br – a partir de composições esféricas (MERINO, 2019) realizadas nos moldes dos processos de criação referentes desde as vanguardas artísticas do século XX à máxima atual de quando a montagem cinematográfica se torna design (SZAFIR, 2018).

    Sendo o plano uma célula (ou molécula) de montagem, Eisenstein (2002) conceituou mise-en-cadre como o pensamento criativo por trás da composição de um plano, como “a composição pictórica de quadros mutuamente independentes em uma sequência de montagem”. Quando fazemos uma transição para a mídia VR, passamos a trabalhar não mais com o plano bidimensional e sim com um plano 3D, desenhado ao esférico em 360°. Com isso, passamos a compreender o conceito de mise-en-cadre (EISENSTEIN, 2016) frente à montagem espacial (MANOVICH, 2001). Dessa forma, nós passamos a pensar na composição do plano esférico por outra ótica: a da disposição das imagens e dos elementos visuais no espaço por uma lógica da adição e da coexistência, já que essas imagens projetam-se por distintos contrapontos visuais durante a exibição da obra – onde é então o tempo que se torna espacializado. Se a grande responsável pelos recortes de visão em torno do espaço do plano esférico é uma interatividade do olhar do espectador – a montagem final e a forma que a obra será exibida passam a não mais ser do artista criador -, como se dá a poética de montagem para obras em VR?

    Durante nossa fala, apresentaremos o arsenal tecnológico (softwares opensource ou freeware) e o conceitual que utilizamos, visando auferir um valor teórico-prático/ prático-teórico à área de montagem (impossibilitando, portanto, tal binarismo excludente). Ou seja, explanação desde os gestos de montagem (SZAFIR, 2014) quanto à sensação de profundidade de campo e de perspectiva, rodeando audiovisualmente esse participador, entre afastamentos e aproximações. Dessa forma, ainda, estimulamos o espectador a também se mover junto com o vídeo e a interagir com a sua totalidade esférica – instaurando uma outra esfera da montagem, de uma corporalidade audiovisual, ao adentrar nesse grande jogo de visualizações infinitas instaurado entre a mídia em 360° e as possibilidades na edição/ montagem, permitindo vivenciar a obra explorando-a espacialmente, e não mais apenas temporalmente.

    Nosso trabalho busca evidenciar, assim, um outro olhar para a produção imersiva em realidade virtual: menos pelo viés da técnica como inovação e mais por um olhar das suas potencialidades poético-estéticas – uma artesania que joga com as possibilidades criativas utilizando dispositivos e softwares de acesso democratizado. A montagem como base de expansão à criação audiovisual para VR, incentivando o seu uso por mais realizadores e artistas.

    Ou seja, partimos das problemáticas quanto à edição audiovisual para obras em realidade virtual (VR) e então nos vimos imersos nas poéticas da montagem tanto em 360° quanto em live performance às realidades virtuais. Assim, no encontro SOCINE 2022 propomos abrirmos o processo de criação de “3(D)ef-f-ectffect? – Design’ing an AV Glitch Performance as the Post-pandemic Future”, do Coletivo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet’ares Audiovisuais/PPGARTES/ICA/UFC), conforme apresentado do Ceará/BR à África do Sul, de 2020 a 2021: a mise-en-cadre em estéticas neo-midiáticas.

Bibliografia

    ELSAESSER. Cinema como arqueologia das mídias. Sesc, 2018.

    EISENSTEIN. O sentido do filme. Zahar, 2002.
    __. Notes for a General History of Cinema. Amsterdã University Press, 2016.

    GRAU. Virtual Art: from illusion to immersion. MIT Press, 2004.

    MANOVICH. The language of new media. MIT Press, 2001.

    MERINO. Montagem e pensamentos nas imagens esféricas do real. IN: SZAFIR; IVO (org.) Montagem audiovisual. SOCINE, 2019.

    TORI; HOUNSELL (org.) Introdução a Realidade Virtual e Aumentada. SBC, 2020.

    SZAFIR, M. Montagens Audiovisuais Extra-Apropriação: por uma pedagogia do filme-ensaio na cultura digital. In: BRANDÃO; LIRA (orgs.). A Sobrevivência das Imagens. Papirus, [2014]2015.
    __. Retóricas Audiovisuais 2.1: ensino e aprendizagem compartilhada: passado, presente, futuro: ou uma arqueologia-cartografia da montagem. Tese (Doutorado) – ECAUSP, 2015.
    __. Composição: Ensaio em 03 Movimentos. In: Sensações cinéticas: Palatnik e o movimento como tema nas artes visuais. OuvirOUver, 14(2), 2018