Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Nívea Faria de Souza (FACHA/UCL/UNESA)

Minicurrículo

    Doutora e Mestre em Arte e Cultura contemporânea pela PPGArtes UERJ, formada pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é figurinista e diretora de arte, professora no curso de cinema e audiovisual da Universidade Estácio de Sá, Faculdade Integrada Helio Alonso e no Centro Universitário Celso Lisboa nas disciplinas de figurino e direção de arte.

Ficha do Trabalho

Título

    Direção de Arte: da técnica à tecnologia

Seminário

    Estética e teoria da direção de arte audiovisual

Formato

    Presencial

Resumo

    Desde o início do cinema, a direção de arte esteve presente, visto que sua função é construir e compor a cena para além do ator, iluminação e movimentação, no entanto, sua função esteve sempre mais atrelada e reconhecida pelo tecnicismo do que necessariamente ao processo criativo de desenvolvimento de uma obra cinematográfica. Esse trabalho tem por objetivo compreender o espaço da realização da direção de arte como construtora de mundos visuais, desde sua técnica (XX) à tecnologia (XXI) e o CGI.

Resumo expandido

    De alguns recentes anos para cá, é possível notar um maior interesse pela função de direção de arte, essa materialização visual de mundos tem despertado o olhar de jovens estudantes de cinema, críticos e apreciadores de uma bela composição visual, ainda não se sabe ao certo se pela maior acessibilidade ao audiovisual pelos streamings, ou uma maior quantidade de obras que promovam universos ficcionados, fantasiosos e desconhecidos associado com o maior emprego de tecnologia, efeitos e computação gráfica na composição visual da cena.
    Desde o início do cinema, a direção de arte esteve presente, visto que sua função é construir e compor a cena para além do ator, iluminação e movimentação, no entanto, sua função esteve sempre mais atrelada ao tecnicismo do que necessariamente ao processo criativo autoral de desenvolvimento de uma obra cinematográfica. Esse trabalho tem por objetivo compreender o espaço da realização da direção de arte como construtora de mundos visuais, desde sua técnica, mecânica à tecnologia.
    A técnica vem do grego technikós, que se refere ao produzir de uma determinado ofício, profissão ou cultura, um saber fazer que na antiguidade era transmitido de geração a geração, está relacionado à cultura humana, há uma relação próxima entre a técnica e a magia (VARGAS, 1994), pois parte de uma apreensão inata ao homem, nasce da feitura e repetição.
    Foi essa técnica primitivista que forjou o aprendizado da direção de arte como algo que surge da experiência, que se limite a pura contemplação da realidade para a solução de algo, que não é aprendido, estudado e que deva ser valorizado, uma técnica primitivista pouco relacionada ao pensamento, com o surgimento da filosofia, e a separação entre techné e episteme, Aristóteles estabelece uma separação, ainda que complementar, entre técnica e a ciência teórica, enquanto a episteme se estabelece como conhecimento racional, enquanto a techné está na esfera do conhecimento prático. De maneira simplista é a divisão entre o pensamento e o fazer, a episteme como o Ser, enquanto a techné é o Bem, que lida com a volubilidade do que é produzido.
    No cinema, a direção de arte se encontrou inicialmente na ilusão de ótica e na construção de efeitos especiais com o objetivo de enganar o público, com experimentos presentes em obras de quando o conceito de filme ainda era incipiente. No curta metragem “The Execution of Mary, Queen of Scots” (1895), uma das primeiras obras da história, utiliza truques para decepar a cabeça. Utilizando-se de uma boneca, foi feito um corte em cena, que substitui a atriz no momento do golpe de machado que tiraria a vida da personagem. Dentre diversas possibilidades da técnica explorados pelo setor da arte, Charles Chaplin (1889-1977) foi mestre em misturar técnicas de maquetes, ilusões de ótica, maquiagem em sequências longas e alta interação com cenários dinâmicos.
    Com o passar dos anos, as técnicas e suas aplicabilidades foram se tornando cada vez mais sofisticadas, assim como a necessidade de histórias cada vez mais ousadas e grandiosas foram se desenvolvendo, a técnica tornou-se tecnologias elaboradas e dispendiosas.
    Compreendendo que a tecnologia é um conjunto de conhecimentos e informações originários de variadas fontes, obtidos através de diferentes métodos e utilizados na produção de bens e serviços, esse trabalho busca parear a função da direção de arte ontem, e suas novas funções originárias das novas formas de produção, identificando as técnicas da direção de arte e seus efeitos especiais e a tecnologia (ciência + técnica), com efeitos visuais e a utilização da CGI. Pretende-se esclarecer e diferenciar a tipos de efeitos e a relação direta com a função da direção de arte.

Bibliografia

    FINANCE, C; ZWERMAN, S. The Visual Effects Producer: Understanding the Art and Business of VFX. Londres: Routledge, 2009.
    CORRÊIA, Maíra Baumgarten. Tecnologia. Inc: CATTANI, Antonio D. (Org.). Trabalho e tecnologia: dicionário critico. Petrópolis, RJ: Vozes: Editora da Universidade/UFRS, 1999 (p.250).
    JACOB, Elizabeth M. ESPAÇO E VISUALIDADE:A construção plástica do Brasil na obra cinematográfica de Luis Carlos Ripper, Tese de Doutorado, Universidade do Rio d Janeiro, 2009.
    MASCARELLO, Fernando (org.). História do cinema mundial. Campinas, SP: Papirus, 2006. –
    VARGAS, Milton. Para uma filosofia da tecnologia. São Paulo: Alfa – Omega, 1994.