Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    ALISSON OLIVEIRA SOARES DE SANTANA (PPGCINE-UFF)

Minicurrículo

    Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense – PPGCine/UFF (2022). Linha de pesquisa: Histórias e Políticas. Mestre em História pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Feira de Santana. Licenciado em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Dedica-se à área de História do Cinema e Audiovisual no Brasil.

Ficha do Trabalho

Título

    Trajetórias e exibições cinematográficas em Feira de Santana (1950-60)

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Formato

    Presencial

Resumo

    Esta comunicação apresenta reflexões de um estudo que teve como uma das propostas discutir a modernidade urbana na cidade de Feira de Santana, Bahia, a partir dos processos históricos constitutivos das duas principais salas de cinemas que coexistiram na cidade entre as décadas de 1950 e 1960: o Cine Teatro Íris e o Cine Santanópólis. Buscou-se pensar essas salas de exibições através de uma análise histórico-historiográfica do cinema enquanto lugar da experiência social e da produção de memórias.

Resumo expandido

    Esta comunicação apresenta reflexões de um estudo que teve como uma das propostas discutir a modernidade urbana na cidade de Feira de Santana, Bahia, a partir dos processos históricos constitutivos das duas principais salas de cinemas que coexistiram na cidade entre as décadas de 1950 e 1960: o Cine Teatro Íris e o Cine Santanópólis.
    Buscou-se pensar essas salas de exibições através de uma análise histórico-historiográfica do cinema enquanto lugar da experiência social e da produção de memórias. Portanto, trata-se de uma pesquisa que se insere num campo incipiente dos estudos cinematográficos e que se articula de maneira transacional com perspectivas da New Cinema History (Biltereyst, Maltby e Meers, 2019) e das histórias de cinemas (VIEIRA, 2021).
    As considerações que Michel De Certaeu (2005) faz acerca do potencial que o espaço tem de influenciar as ações do sujeito, nos permitiram refletir sobre a atuação das salas de exibições cinematográficas que surgiam para expandir o campo de sociabilidade emergente em Feira de Santana. Ao estabelecer uma distinção entre as noções de lugar e espaço, o autor identifica este último como um “lugar praticado”, animado a partir de “cruzamento de móveis” que produzem e protagonizam práticas no cenário urbano. A partir desse mesmo raciocínio, pensamos que esses espaços também possuem a capacidade de revelar modos de vidas de seus habitantes. Como esclarece Talitha Ferraz (2012), o uso que os indivíduos fazem dos marcos citadinos implica a constituição dos próprios espaços, no que refere à construção, à preservação e à modificação de suas estruturas.
    A partir de uma metodologia transdisciplinar envolvendo uma análise interpretativa de diversas fontes (jornais, revistas, plantas arquitetônicas, mapas, alvará de construção, fotografias e entrevistas), foi possível perceber como estes espaços adquirem significados e diferentes formas de apropriação com o tempo. No decorrer de suas trajetórias, os discursos se modificam constantemente de acordo com os processos sociais engendrados em seus períodos de atuação. Um exemplo disto é a inauguração do Cine Teatro Íris em 1946, que integrava um conjunto de elementos que fazia surgir uma nova paisagem urbana na cidade. Neste sentido, os discursos que orbitavam sobre a sua inauguração se direcionavam à ideia de uma cidade que se modernizava a partir das incorporações de dispositivos sociais no espaço urbano. Enquanto na década de 1950, as narrativas em jogo na cidade assumiam uma nova forma. Sem abandonar a ideia de uma “cidade moderna” e “progressista”, preocupava-se também nesse momento com as questões relacionadas à um caráter disciplinador e moral. Em diversos momentos da discussão do processo histórico do Cine Santanópolis conseguimos identificar esses códigos de moralidade atravessados tanto na inauguração desse espaço quanto na sua própria atuação.
    Vieira (2021, p. 07) sinaliza que as histórias de cinemas podem ser configuradas como uma “estratégia metodológica transdisciplinar” que privilegia “a formação de públicos e das transformações culturais, tecnológicas e mercadológicas do cinema.”. Pensar essas questões para além dos grandes centros urbanos, onde majoritariamente as pesquisas dessa natureza se direcionam, pode ser considerado um caminho de investigação significativo para a História do circuito exibidor brasileiro.

Bibliografia

    CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2005.
    Daniel Biltereyst; Maltby, Richard e Meers, Philippe (2019). “Introduction: The Scope of New Cinema
    History” em Daniel Biltereyst; Maltby, Richard e Meers, Philippe, eds. The Routledge Companion to New
    Cinema History. London e New York: Routledge
    FERRAZ, Talitha. A Segunda Cinelândia Carioca. 2.ed. Rio de Janeiro: Mórula, 2012.
    VIEIRA, João Luiz. Prefácio. In: BRUM, Alessandra; BRANDÃO, Ryan (orgs.). Histórias de cinemas de rua em Minas Gerais. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2021. Disponível em: https://www2.ufjf.br/editora/wp-content/uploads/sites/113/2021/12/HISTORIA-DE-CINEMA.pdf