Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Patrícia Lindoso de Barros (UFMG)

Minicurrículo

    Patrícia Lindoso é artista, pesquisadora e bolsista do CNPq, mestranda em Artes (UFMG) e bacharel em Cinema de Animação (UFPel, 2014). Foi voluntária nas áreas de comunicação e audiovisual no ICMBio e no apoio da organização da ABCA, do SEANIMA e do DIA. Fez parte das equipes de curadoria das mesas do 1º FIAB e de curadoria da mostra competitiva do 11º ANIMAGE. Integra o movimento Mulher Anima – Mulheres na Animação no Brasil e trabalha na realização de documentário que investiga esse tema.

Ficha do Trabalho

Título

    Mulheres e o futuro da animação no Brasil: investigar e inventar rumos

Formato

    Presencial

Resumo

    Considerando levantamentos que evidenciam a escassez de informações sobre participação de mulheres na historiografia da animação no Brasil, busca-se analisar movimentos realizados pelo pensamento feminista no cinema brasileiro considerando que podem refletir o estado das coisas também na animação. Analisando comparativamente demandas e reivindicações de manifestos escritos por grupos de mulheres em diferentes momentos históricos, o que ainda permaneceu depois de mais de três décadas entre elas?

Resumo expandido

    Como imaginar novas configurações de realidade para as mulheres na animação no Brasil e como exatamente articular proposições efetivas para este futuro sem antes investigar, questionar, ousar discordar e expor o estado das coisas como tem sido construídas até então?

    Desvendar e apresentar a importância de artistas que foram negligenciadas dos registros históricos são, certamente, um empenho pertinente para somar conhecimento sobre as conquistas obtidas pelas mulheres nessa trajetória, mas acreditamos que seja necessário ir além.

    Reportar a situação de marginalização observada nesse contexto, que é consequência de uma divisão de gênero que já está posta, é uma possibilidade transformadora. Se considerarmos que nomear e evidenciar essas lacunas existentes sobre a memória da animação brasileira, encontraremos também uma maneira de refletir sobre elas e o funcionamento da sociedade a respeito de estruturas de gênero, raça e classe. Cria-se simultaneamente oportunidades de reconhecimento e inspiração entre artistas e criações, podendo ser incluídas no repertório de estudos de diferentes produções. Dessa maneira, arte e pesquisa exercem concomitantemente suas potencialidades como formas específicas de consciência social, “impelindo as pessoas a se envolverem em movimentos organizados que buscam provocar mudanças sociais radicais.” (DAVIS, 2017, p. 138).

    Procurando dar prosseguimento às investigações que foram abertas e tendo como base os levantamentos iniciados pelo grupo de pesquisa Mulher Anima (SCHNEIDER et al., 2021), que evidenciam a escassez de informações relacionadas à participação das mulheres na historiografia da animação no Brasil, este estudo busca analisar alguns movimentos realizados pelo pensamento feminista dentro do cinema brasileiro considerando que podem refletir o estado das coisas também no campo da animação.

    Em 1985 foi escrito o “Manifesto das Cineastas”, carta histórica de grupos feministas enviada à Embrafilme seguindo as movimentações do processo de redemocratização após o fim da ditadura, reivinicando do poder público “medidas que combatessem as desigualdades de gênero e a hegemonia dos homens no meio cinematográfico.” (SARMET; TEDESCO., 2018, p. 178). Neste mesmo ano foi assinado um acordo de cooperação técnica e cultural entre Brasil e Canadá, a fim de apoiar o desenvolvimento da produção cinematográfica nacional, estimulando o intercâmbio entre artistas da animação entre os dois países através da National Film Board of Canada, no que pode ser observado como um momento chave para o desenvolvimento da animação no Brasil.

    No seguinte às comemorações do centenário da animação brasileira ocorreu a mesa-redonda “Mulheres na Animação – Representatividade no Mercado” durante o Anima Forum de 2018, quando foi oficializada a criação do “Fórum Animação Brasileira das Mulheres”, a partir da união de profissionais do setor da animação que escreveram uma carta à Agência Nacional do Cinema, ao Ministério da Cultura e demais autoridades do poder público reivindicando suas demandas.

    Analisando comparativamente as demandas e reivindicações das duas cartas manifesto, o que ainda permaneceu depois de mais de três décadas entre elas? Quais avanços significativos foram alcançados? Pelo que e de que maneira ainda estamos lutando?

    Inventar novos rumos para essa história passa também por estimular discussões e reflexões ao redor desse tema, sendo este um exercício que pode estar presente em todos os espaços que a animação vem ocupando a partir do seu reconhecimento como linguagem que faz uso de ferramentas de tantos outros conhecimentos e saberes.

Bibliografia

    DAVIS, Angela. Mulheres, cultura e política / Angela Davis; tradução Heci Regina Candiani. São Paulo : Boitempo, 2017.

    SARMET, E.; TEDESCO, M., Articulações feministas no cinema brasileiro nas décadas de 1970 e 1980. In: HOLANDA, K.; TEDESCO, M. (org.). Feminino e plural: mulheres no cinema brasileiro. São Paulo: Papirus, 2017.

    SCHNEIDER, C.; PRADO, L.; LINDOSO, P.; BOLSHAW, C. As mulheres na animação do Brasil: um panorama sobre história, pesquisas e ações coletivas. Diálogo com a Economia Criativa, [S. l.], v. 6, n. 18, p. 126–141, 2021. DOI: 10.22398/2525-2828.618126-141. Disponível em: https://dialogo.homologacao.emnuvens.com.br/revistadcec-rj/article/view/353. Acesso em: 29 maio. 2022.