Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Sonia Maria Santos Pereira da Rocha (UFRGS)

Minicurrículo

    Pesquisadora na área de Cinema e Educação desde 2010. Atualmente, doutoranda em Educação com ênfase em cinema (UFRGS) com bolsa CAPES; Mestre em Educação (UERJ); Especialista em História do Brasil (UFF); Licenciada em Pedagogia (UERJ); Professora de Educação de Básica. Crítica cinematográfica, desde 2013, já colaborou com os veículos Almanaque Virtual, Telezoom e Iggy, hoje atua no site Cinema & Movimento

Ficha do Trabalho

Título

    CINEMA, SEMIÓTICA E EDUCAÇÃO

Formato

    Presencial

Resumo

    A importância do conhecimento da linguagem cinematográfica na Educação é o tema deste trabalho. A partir da análise do filme “Precisamos falar sobre Kelvin” (2011), trago as questões semióticas apresentadas na obra e as possibilidades do filme como dispositivo pedagógico de educação do olhar. A fundamentação teórica se dá a partir da semiótica com Landowski e das questões educacionais com Pillar e Fischer.

    Palavras-chave: Educação, Cinema, Semiótica discursiva, Formação de professores

Resumo expandido

    Este trabalho é um recorte da pesquisa que se realiza no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEDU) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) cuja origem baseia-se na criação da lei 13006/2014 que obriga a exibição de filmes nas escolas de Educação Básica por duas horas mensais. O objetivo é analisar o filme “Precisamos Falar Sobre Kevin” (2011) a partir de seus elementos semióticos e dissertar sobre a necessidade desse conhecimento na formação de professores.
    Christian Metz (2010, p.64) define cinema como linguagem. Barros (2005, p.11) em sua definição de texto abarca o cinema. Logo, o filme seria um texto audiovisual. Para analisa-lo o instrumento escolhido foi a sociossemiótica, que vai além das justaposições de elementos combinatórios, além das articulações entre eles dentro de um discurso, e privilegia a análise dos processos de construção de sentido. Landowski preconiza que existem quatro tipos básicos de regimes de sentido e interação e que esses regimes formam um sistema e se combinam entre si. E que, de forma abrangente dão conta de analisar o caráter complexo das relações interacionais e da produção de sentido nessas relações, os regimes de presença e os regimes de sentido.
    O objeto de análise é um filme britânico que versa sobre a recuperação do trauma de uma mãe cujo filho mata seu marido e filha caçula, e em seguida, promove um atentado em sua escola, tirando a vida de muitos de seus colegas de colégio.
    A forma que os roteiristas escolheram para contar a história foi a partir do presente, através de flashes de memória da mãe que ciceroneia o espectador em toda história. A partir desse olhar são apresentados os estágios de desenvolvimento de Kevin, montando sua personalidade de forma bem pontual para o espectador. A perspectiva é incomum, o processo de recuperação da mãe e seu retorno à vida depois de um impacto avassalador. As questões que constroem esse argumento são: Como se sente a mãe de alguém que comete tais atrocidades? Como se dá o processo de reconstrução? Como a sociedade reage a ela? Ela pode ser considerada culpada? Quais questões podem estar envolvidas em casos como esse? Como lidar com um filho depois? Um dos elementos bastante explorados são as metáforas imagéticas: o sangue; a fechadura que se quebra por dentro; os olhos em close up, no escuro e com claridades externas que os força a ‘ver’; o som da britadeira como refúgio de paz; o olho que falta em Célia; a lixía que é experimentada com requinte lascivo; o nome da personagem – Eva – a primeira mulher do mito adâmico, etc.
    Na educação, se trata de perceber a necessidade, estabelecida pelas próprias circunstâncias da inserção do cinema na escola, de conhecimentos específicos da linguagem do cinema na formação dos professores. Trazer essas possibilidades para o currículo formativo é estar em consonância com as mudanças do mundo atual. Um mundo em que a realidade virtual e aumentada, já se fazem presente no cotidiano de muitas sociedades e brevemente, também estará na Educação. Além do fomentar a educação do olhar, que é de suma importância no processo de ‘leitura’, não só de imagens, mas de mundo (PILLAR, 2011, p.8 -10). A importância da educação do olhar na sociedade das imagens é mais que uma questão epistemológica, é uma questão de qualidade de vida, de alfabetização política para o mundo.
    Fischer (2002) quando analisa os dispositivos midiáticos – o cinema e filmes de TV incluídos – os denomina como dispositivos pedagógicos pela sua capacidade de produzir sentido e de criar subjetividades. “descrevo o dispositivos pedagógico da mídia como aparato discursivo (já que nele se produzem saberes, discursos)”(p.155). O cinema, segundo Fischer (2011, p.143), educa o olhar e incita reflexões, e é importante para o processo educacional que esteja dentro da sala de aula.

Bibliografia

    BARROS, Diana Luz Pessoa. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Editora Parma, 2005.
    LANDOWSKI, Eric. Sociossemiótica: uma teoria geral do sentido. Galáxia. São Paulo (online), n. 27, p.10-20, jun. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/1982-25542014119609
    METZ, Christian. A significação no cinema. São Paulo: Perspectiva, 2010.
    PRECISAMOS, Falar Sobre Kevin (We need to talk about Kevin). Direção: Lynne Ramsay, Reino Unido, 2011.
    FISCHER, Rosa Maria Bueno. O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar na (e pela) TV. In: Educação e pesquisa; São Paulo, v.28, n.1, p.151-162, jan./jun. 2002
    FISCHER, Rosa Maria Bueno. Cinema e pedagogia: uma experiência de formação ético-estética. In: Revista Percursos. Florianopólis, v.12, n.1, p.139-152, jan./jun. 2011
    PILLAR, Analice Dutra. Leitura e releitura. In: PILLAR, Analice Dutra (org). A Educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Editora Mediação, 2011