Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Marcelus Gaio Silveira de Senna (UFRJ/UFF)

Minicurrículo

    Marcelus Gaio é Professor do Departamento de Análise e Representação da Forma da Escola de Belas Artes – UFRJ e Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual – PPGCINE da UFF. Doutor em Design pela PUC-Rio com a tese Animação e expressionismo: uma questão de linguagem, gênero e estilo. Atualmente desenvolve a pesquisa Linguagem da Animação: propostas para conceituação. É coordenador do Quadro a Quadro – Laboratório de Animação da EBA-UFRJ.

Ficha do Trabalho

Título

    Animação como linguagem: elementos temporais e formais

Mesa

    Animação, linguagem e suas interfaces

Formato

    Presencial

Resumo

    A animação se constitui como uma arte independente que constrói significados que lhe são intrínsecos, ou seja, que só podem ser construídos de uma determinada forma por meio das técnicas de animação. O objetivo deste trabalho é relacionar três elementos fundamentais na linguagem da animação – a construção do movimento, a temporização ou a organização minuciosa do tempo e a manipulação da forma –, e demonstrar algumas possibilidades de construção de significados que tais elementos proporcionam.

Resumo expandido

    Forma de arte plural e independente, a animação é dotada de imensa capacidade para a construção de significados. Tais significados só podem existir daquela determinada maneira por meio das técnicas de animação, não importando se o filme foi realizado por meio de técnicas analógicas ou digitais, bidimensionais ou tridimensionais. Algumas dessas técnicas são comuns ao processo de realização de filmes de animação e estão imbricadas na linguagem. Algumas de suas características podem não estar presentes existindo em potência, ou seja, podem se manifestar caso seja esse o desejo do realizador.
    Neste trabalho se analisa a relação entre três destes elementos fundamentais da linguagem da animação: a temporização, a construção do movimento quadro a quadro e a manipulação da forma. Tais elementos se manifestam de maneira mais ou menos evidente em todos os filmes, sofrendo as devidas adaptações conforme a técnica utilizada. A temporização ou a organização minuciosa do movimento no tempo se confunde com a própria construção do movimento quadro a quadro determinando o seu estilo. O movimento, por sua vez, se manifesta visualmente pelas alterações formais na silhueta do personagem.
    Tudo isso se faz sentir tanto em obras de estilo cartum, quanto em filmes que buscam maior naturalismo e uma consequente diminuição do exagero. O exagero que, aliás, é outro fator que existe em potência no filme animado e que vale ser citado por determinar decisões importantes no processo de realização.
    Os elementos de linguagem aqui citados, podem se manifestar de maneira absolutamente evidente, ou permanecerem ocultos como algo que se percebe apenas intuitivamente, mas que ainda assim estão presentes na própria constituição do processo de elaboração do filme. Por isso mesmo, o processo de construção do movimento no filme de animação faz com que o animador esteja sempre dentro do próprio tempo, porque o planejamento depende da distribuição das poses ao longo de um gráfico do tempo – também conhecido pelo termo em inglês timechart. A animação em si ocorre no personagem – ou em um adereço ou cenário –, ou seja, aquilo que se convencionou chamar de construção do movimento quadro a quadro, com o personagem sendo movido pelo animador uma pose de cada vez. Esse processo de alteração do movimento por meio da mudança na pose, ocorre tanto pela alteração de posição de partes do personagem no espaço quanto pelas alterações formais da silhueta destas partes ou do personagem como um todo. No final do processo o animador terá construído a ilusão do movimento por meio destes fragmentos, cada um destes sendo expresso por alterações formais na silhueta ao longo do tempo. É importante destacar que aqui tratamos silhueta não apenas como aquilo que define a forma geral da personagem e que lhe particulariza perante outros personagens, mas principalmente como a forma que assume a sua configuração conforme ele se desloca no espaço em um determinado tempo.
    Entende-se assim, que tais elementos estão absolutamente imbricados no processo de construção do movimento em animação, constituindo-se em elementos fundamentais de sua linguagem e estabelecendo condições específicas de construção de significados de acordo com as intenções de cada realizador.
    Palavras-chave: animação, representação, linguagem audiovisual.

Bibliografia

    ARNHEIM, Rudolph. Arte e percepção visual. São Paulo: Pioneira, 1980.
    AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1995.
    HALAS, John & WHITAKER, Harold. Timing for Animation. United Kingdom: Focal Press, 2005.
    MANOVICH, Lev. The Language of New Media. Massachusetts: MIT Press, 2001.
    DENIS, Sebastien. O Cinema de Animação. Lisboa: Texto e Grafia, 2007.
    PASOLINI, Pier Paolo. Empirismo Herege. Lisboa: Assírio e Alvim, 1982.
    DENIS, Sebastien. O Cinema de Animação. Lisboa: Texto e Grafia, 2007.
    GRAÇA, Marina Estela. Entre o Olhar e o Gesto. São Paulo: Senac, 2006.
    SENNA, M. G. S. Animação e expressionismo: uma questão de linguagem, gênero e estilo. Tese de doutorado. PUC-Rio, Departamento de Artes e Design, 2018.
    WELLS, Paul. The Fundamentals of Animation. New York: AVA Publishing, 2006.
    WELLS, Paul. Understanding animation. New York: Routledge, 1998.
    WILLIAMS, Richard. The Animator’s Survival Kit. Londres: Faber and Faber Limited, 2001.