Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Luciana Droppa Wadowski (UNESPAR)

Minicurrículo

    Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV) da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), e graduado em Licenciatura em Artes Visuais pela mesma instituição. Membro do grupo de pesquisa CineCriare – Cinema: criação e reflexão (PPG-CINEAV/CNPq), vinculado à linha Processos de Criação no Cinema e nas Artes do Vídeo. Investiga as relações entre o som e a imagem em movimento no campo experimental do audiovisual, com ênfase na Música Visual.

Ficha do Trabalho

Título

    Música Visual: movimentos do som e da imagem no audiovisual abstrato

Formato

    Remoto

Resumo

    A comunicação apresentará a pesquisa em desenvolvimento no Mestrado em Cinema e Artes do Vídeo da UNESPAR. O projeto investiga a Música Visual no campo experimental do audiovisual brasileiro, focalizando artistas contemporâneos que exploram tal conceito a partir da estética abstrata. Para tanto, contextualiza diferentes abordagens de criação da Música Visual em meio a história das audiovisualidades, articulando concepções distintas do conceito para compreender seus mais recentes desdobramentos.

Resumo expandido

    A pesquisa propõe o deslocar do conceito de Visual Music para o contexto artístico contemporâneo brasileiro, buscando investigar as manifestações da Música Visual, como aqui se traduz, em produções audiovisuais abstratas. Com base na perspectiva teórica articulada pelas pesquisadoras Cornelia Lund (2009, 2015, 2017) e Keefer e Ox (2008, 2012, 2020), a Música Visual é entendida a priori enquanto um campo heterogêneo de experimentações audiovisuais que se consubstanciam, fundamentalmente, por uma relação de interdependência entre o som e a imagem. Embora abrangente, esta concepção assegura um ponto de partida para o estudo ao mesmo tempo em que traz à tona a querela da (in)definição do conceito e a vasta imprecisão que o cerca, suscitando os questionamentos norteadores da proposta: o que a Música Visual compreende na contemporaneidade? E como ela se manifesta no audiovisual brasileiro?

    Sob dado pretexto, segue-se a hipótese de que, através de uma contextualização desse híbrido áudio-visual em sua história, será possível identificar algumas das concepções a ele atreladas, as quais, em sua diversidade, embasarão caminhos de leitura plurais para investigá-lo na atualidade, mais precisamente no recorte do audiovisual brasileiro produzido nas duas primeiras décadas do século XXI. Em suma, pretende-se apresentar e discutir concepções de artistas importantes na história da Música Visual para, em um segundo momento, mapear produções nacionais colocando-as em diálogo com as manifestações históricas e refletindo possíveis contribuições que suas especificidades trazem ao debate contemporâneo.

    Assumindo a heterogeneidade e respectiva extensão do campo temático, o foco da proposta recai sobre os artistas que exploram o conceito destacado em obras audiovisuais abstratas, isto é, em obras que não aspiram semelhanças ou que rompem com o princípio mimético de representação do mundo aparente (SILVEIRINHA,1999). Desse modo, uma parcela significativa do tema central é contemplada, visto que “a maioria dos trabalhos de Música Visual datados são abstratos” (KEEFER; OX, 2008, p.3), ao passo em que um segmento específico da produção audiovisual é enfatizado: o Audiovisual Experimental – tal qual debatido por Bastos e Aly (2018), em diálogo com Santaella (2016), Machado (2010), Nogueira (2010) e outros.

    Isto posto, duas abordagens teórico-metodológicas orientam a elaboração da pesquisa: uma de cunho mais geral movimenta a investigação por um viés historiográfico (Audiovisuologia); outra, mais específica, alicerça o estudo dos artistas e obras elencadas no percurso mediante a análise crítica de seus processos de criação (Crítica de Processos e Teoria de Cineastas). De partida, pressupõe-se que para compreender os desdobramentos contemporâneos da Música Visual é necessário, ou ao menos relevante, conhecer a história do conceito. Neste sentido, o projeto adere à abordagem da Audiovisuologia sistematizada por Daniels e Naumann (2015) no intuito de contextualizar a Música Visual na história das práticas e formas artísticas baseadas numa hibridação áudio-visual e que, por isso mesmo, “desafiam a classificação em qualquer uma das disciplinas estabelecidas, sempre se situando no ‘entre’” (Ibid., p.16).

    No decorrer da investigação, o foco de análise se manterá nos processos de criação, pois, sobretudo, objetiva-se compreender a Música Visual a partir da perspectiva de quem a cria, ou seja, à luz das reflexões dos próprios artistas que trabalharam ou trabalham com o conceito no campo experimental do audiovisual. Amparando tal perspectiva, as abordagens da Crítica de Processos (SALLES, 2011) e da Teoria de Cineastas (PENAFRIA et al., 2016, 2017, 2020) serão articuladas para o desenrolar de um estudo crítico em torno do discurso poético dos artistas, acessado seja por meio de suas obras audiovisuais, seja por meio de seus escritos, entrevistas, depoimentos, rascunhos e documentos de processo diversos.

Bibliografia

    BASTOS, M.; ALY, N. (org.). Audiovisual experimental: arqueologias, diálogos, desdobramentos. São Paulo: Editora Pontocom, 2018.
    DANIELS, D.; NAUMANN, S. (eds.). See this sound: Audiovisuology: A Reader. Berlim: Buchhandlung Walther König, 2015.

    KEEFER, C.; OX, J. (eds.). Oskar Fischinger (1900-1967): Experiments in Cinematic Abstraction. Amsterdam: Eye Film Museum, 1st edition, 2012.

    LUND, C.; LUND, H.r (eds.). Audio.Visual – On Visual Music and Related Media. Stuttgart: Arnoldsche Art Publisher, 2009.

    MACHADO, A. Pioneiros do vídeo e do cinema experimental na América Latina. Significação – Revista de Cultura Audiovisual, São Paulo, v. 37, n. 33, jun. 2010.

    PENAFRIA, M.; BAGGIO, E.; GRAÇA, A.; ARAÚJO, D. Revisitar a teoria do cinema, Teoria dos Cineastas – vol. 3. Coimbra: LABCOM – Comunication and Arts, 2017.

    SANTAELLA, L. (org.). Novas formas do audiovisual. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.