Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Alexandre Nakahara (USP)

Minicurrículo

    Mestre e doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na Escola de Comunicações e Artes da USP. Possui graduação em Comunicação Social – Midialogia pela Unicamp. Seu tema de pesquisa durante o mestrado foi a representação de imigrantes brasileiros em filmes japoneses contemporâneos. Sua pesquisa atual é em torno da relação entre orientação espacial e cinema. Além disso, desenvolve uma carreira como montador e cineasta, tendo dirigido curtas metragens e documentários.

Ficha do Trabalho

Título

    Cartografia e cinema: abordagens para a análise fílmica

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho propõe analisar e colocar em perspectiva a comparação entre cartografia e cinema. Essa aproximação foi tratada especificamente por alguns autores da área de cinema, mas se levada adiante, ela também abre possibilidades de análise fílmica que ensaiam uma teoria mais abrangente. O objetivo é destacar alguns estudos que se dedicaram a essa comparação, demonstrar suas principais similaridades e diferenças e expandir outros aspectos pouco explorados na bibliografia existente.

Resumo expandido

    Este trabalho propõe analisar e colocar em perspectiva a comparação entre cartografia e cinema. Essa aproximação foi tratada especificamente por autores como Giuliana Bruno (2018), Tom Conley (2007) e Teresa Castro (2008), mas se levada adiante, a comparação também abre possibilidades de análise fílmica que ensaiam uma teoria do cinema mais abrangente. O objetivo é destacar alguns estudos que se dedicaram a essa comparação, demonstrar suas principais similaridades e diferenças e expandir outros aspectos pouco explorados nessa bibliografia existente.
    A cartografia torna-se uma importante ferramenta para análise nas ciências humanas a partir do momento em que foi colocada em local de destaque no movimento de renovação da geografia nas últimas décadas. Essa chamada “virada espacial” trouxe à tona a análise do espaço para o campo das artes e também do cinema, algo que ganha relevância em meio a discussões sobre o Antropoceno (LATOUR, 2020) e a escassez de recursos naturais. Por isso a comparação do cinema com a cartografia e os mapas, instrumentos ricos em elementos estéticos e que já foram utilizados para fins tão diversos (e similares ao cinema) como dominação de territórios, construção de identidade e produção de espaços requer atenção.
    Este trabalho busca em primeiro lugar demonstrar como algumas abordagens existentes sobre cinema e cartografia oferecem ferramentas que podem ser utilizadas de modo estratégico para a análise fílmica. Os três autores citados que trataram especificamente dessa relação, por exemplo, apresentam possibilidades de análise diversas entre si. Em Tom Conley (2007) há a análise da utilização de mapas diegeticamente nos filmes para a construção de temporalidades e significados múltiplos, Giuliana Bruno (2018), por sua vez, utiliza-se dos mapas para a genealogia de uma espacialização das emoções que propõe para o cinema, enquanto Teresa Castro (2008) busca uma “razão cartográfica” do cinema. Mas por ainda oferecer espaço para expansão nessa diversidade, esse estudo ensaia também algumas outras possibilidades para a comparação.
    Os mapas, assim como os filmes, são tomados como formas de representação, construção e produção de espaços. Mas para além dessas relações espaciais, características específicas dos mapas podem ser tomadas como forma de análise. A utilização de escalas, projeções, distorções e as funções de localização e orientação dos mapas são facilmente transpostos para o cinema e sua linguagem. Além disso, uma arqueologia de mídias e teorias também pode apontar uma genealogia do cinema na cartografia. Um exemplo disso seria a própria aproximação do crítico André Bazin da geografia e do estudo de mapas durante sua formação escolar, algo que teria sido fundamental para a formulação de suas teorias (CORTADE, 2011).
    Este trabalho visa a apresentação desse panorama da comparação do cinema com cartografia, assim como a sistematização de seu possível uso em análises fílmicas e a expansão do escopo já abordado na bibliografia existente. Apesar de não se configurar fundamentalmente como uma teoria do cinema, a apresentação busca apresentar um ensaio de como essa relação pode ser frutífera para a análise fílmica.

Bibliografia

    ANDREW, Dudley. Além e abaixo do mapa do cinema mundial. In: DENNISON, Stephanie (org.). World cinema: as novas cartografias do cinema mundial. Campinas: Papirus, 2013. p. 35-50.
    BRUNO, Giuliana. Atlas of Emotion: journeys in art, architecture and film. Nova York: Verso, 2018.
    CASTRO, Teresa. La pensée cartographique des images. Lyon: Aléas Editeur, 2008.
    CONLEY, Tom. Cartographic cinema. Minneapolis: University Of Minnesota Press, 2007.
    CORTADE, Ludovic. Cinema Across Fault Lines: Bazin and the French School of Geography. In: ANDREW, Dudley et al (Ed.). Opening Bazin: Postwar Film theory and Its Afterlife. Nova Iorque: Oxford University Press, 2011. p. 13-31.
    HARLEY, J. B.. The New Nature of Maps: essays in the history of cartography. Baltimore: The John Hopkins University Press, 2001.
    LATOUR, Bruno. Diante de Gaia: oito conferências sobre a natureza do antropoceno. São Paulo e Rio de Janeiro: Ubu Editora, 2020.