Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Fernando Oriente (UAM)

Minicurrículo

    Fernando Oriente é mestre em Comunicação/Audiovisual-Cinema pela Universidade Anhembi Morumbi e bacharel em Jornalismo pela PUC-SP.
    É professor, crítico e pesquisador de cinema, comunicação e audiovisual.
    Ministra cursos de cinema em diversas localidades.
    É editor e crítico do site Tudo Vai Bem, além de colaborador de diversas revistas e sites, bem como escreve para catálogos de mostras e festivais, revistas acadêmicas e livros de cinema.
    Participa frequentemente de debates e palestras.

Ficha do Trabalho

Título

    O cinema dos simulacros de Brian De Palma

Formato

    Presencial

Resumo

    Este trabalho pretende abordar a valorização da potência do simulacro no cinema, processo teorizado por Gilles Deleuze (2009) e retomado por Leyla Perrone-Moisés (2005), e a relação entre este conceito e o cinema de Brian de Palma, sobretudo no filme “Dublê de Corpo” (1984). Pretendemos, ainda, demonstrar de que forma a crítica cinematográfica pode ser compreendida como um modo de renovação das teorias do cinema.

Resumo expandido

    Este trabalho pretende abordar a valorização da potência do simulacro no cinema, processo teorizado por Gilles Deleuze (2009) e retomado por Leyla Perrone-Moisés (2005), e a relação entre este conceito e o cinema de Brian de Palma, sobretudo no filme “Dublê de Corpo” (1984). Pretendemos, ainda, demonstrar de que forma a crítica cinematográfica pode ser compreendida como um modo de renovação das teorias do cinema. Para tanto, utilizaremos como referencial teórico alguns textos de diferentes críticos sobre o cinema de Brian De Palma. São textos que abordam outros longas do cineasta, mas que dialogam com “Dublê de Corpo” ao tratarem das estruturas características dos filmes e das particularidades da construção fílmica utilizadas pelo diretor, que se repetem e se renovam em seu cinema.
    Brian De Palma pode ser considerado como um realizador em que uma arte do simulacro opera como força central em suas obras. Em seus filmes é possível identificar alguns procedimentos discursivos, narrativos e estéticos em que os usos da linguagem cinematográfica estão a serviço da produção de imagens-simulacro e narrativas-simulacro. Em “Dublê de Corpo” a diegese invoca elementos narrativos e discursivos que não estão presentes nas cenas, mas que constantemente tem referenciais em outros cinemas, outros filmes – não apenas de De Palma –, mas principalmente daquele que é o ponto de origem, o fundamento de sua obra: os longas de Alfred Hitchcock. Em cada um de seus filmes De Palma remete o espectador (e a própria narrativa e suas imagens) à obra de Hitchcock. Portanto, para Brian De Palma, Hitchcock é a principal fonte da criação de seus simulacros.
    “Dublê de Corpo” evoca dois filmes seminais de Hitchcock: “Janela Indiscreta” (1954) e “Um Corpo que Cai” (1958). Mas retoma-os a partir de uma apropriação inventiva, operando uma construção fílmica em que ao mesmo tempo que remete a seu cineasta fetiche, o reconfigura distorcendo-o, ou seja, dentro da potência criadora do simulacro. Assim, De Palma emula seu cineasta fetiche não por meio de processos simplesmente miméticos, mas pela construção de cenas, narrativas, situações dramáticas e histórias que são reconfiguradas por meio de imagens-simulacro criadas por ele e que operam como se fossem imagens originais. O cineasta cria imagens que remetem a outro cinema, aquele de Hitchcock. Portanto, o simulacro é a potência pela qual o cinema de De Palma se materializa.
    Ao promover, por meio de sua mise em scène, as forças contidas no artifício do simulacro, o diretor eleva “Dublê de Corpo” a um objeto estético de gozo puro, que se dá por meio de um processo dialético da assimilação e não-assimilação de imagens arrebatadoras. Assim, seria possível afirmar que o cinema de Brian De Palma é o devir do simulacro.

Bibliografia

    ANDARDE, B. Brian De Palma: mal visto, mal dito. Revista Contracampo, 2003. Disponível em: http://www.contracampo.com.br/47/depalmaldito.htm.
    ARTHUSO, R. De Palma exilado: uma viagem do olhar. Revista Cinética, 2014. Disponível em: http://revistacinetica.com.br/home/de-palma-exilado-uma-viagem-do-olhar.
    DELEUZE, G. Lógica do Sentido. São Paulo: Perspectiva, 2009.
    KATSAHNIAS, I. O mundo-olhar de Brian De Palma. Cahiers du Cinéma, n. 507, 1996. In. Dicionários de Cinema, 2010 Disponível em: https://dicionariosdecinema.blogspot.com/2010/12/o-mundo-olhar-de-brian-de-palma-iannis.html?fbclid=IwAR3Y4rBDT8chLTBym8r7Y1VuuX42kdG4M6IlLB0G1VO09PdIs2P8p5lXObY
    PERRONE-MOISÉS, L. Texto, crítica, escritura. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
    SOARES JÚNIOR, L. Esquizofrenia e figuração. Revista Cinética, 2016. Disponível em: http://revistacinetica.com.br/nova/esquizofrenia-e-figuracao.