Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Hadija Chalupe da Silva (ESPM Rio / UFF)

Minicurrículo

    Doutora e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (UFF). Professora das cadeiras de produção e distribuição audiovisuais na UFF e na ESPM-Rio. Seus principais temas de pesquisa são produção audiovisual, difusão de longas-metragens e coprodução internacional. Em 2018 desenvolvendo pesquisa pós-doutoral pela Oxford Brookes University sobre Distribuição de Filmes Brasileiros no Reino Unido.

Ficha do Trabalho

Título

    Coprodução Int. de documentário – O processo de Maria Augusta Ramos

Mesa

    Mercado audiovisual: reflexões, balanços e perspectivas

Formato

    Presencial

Resumo

    Maria Augusta Ramos – através de sua produtora Nofocofilmes (RJ) – é a pessoa que mais esteve à frente da direção obras documentais realizadas através da modalidade de coprodução internacional. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo iniciar uma pesquisa em torno dos projetos de obras documentais realizados através da modalidade de coprodução internacional utilizando a obra O PROCESSO (2018), como objeto de estudo para esta investigação.

Resumo expandido

    Ao analisarmos a trajetória das produções audiovisuais brasileiras nas diferentes janelas de exibição percebemos que apesar das mudanças, os desafios para atrair os espectadores são inúmeros. Observamos pontos comuns com outras cinematografias pois a relação espectador-obra-tela(s) foi sensivelmente modificada a partir da internet e das tecnologias digitais. Entretanto, ainda enfrentamos dificuldades que indústrias emergentes enfrentam, com a falta de continuidade de políticas e ações de incentivo ao setor.
    O estabelecimento de parcerias é uma das alternativas encontradas para uma produção impactada pela escassez. Talvez esta seja uma das principais características da produção independente brasileira: a busca por associações que viabilizem a realização de um projeto. Essas conexões podem acontecer em diferentes momentos da vida do projeto, com agentes de distintas atividades e qualificações.
    Em contraponto aos interesses e jogos políticos percebemos um movimento dos realizadores (Produtoras) em busca de formas de diversificar suas atividades em duas frentes. Vemos cada vez mais as produtoras dedicadas a uma elaboração cada mais diversificada do Plano de financiamento (composição dos recursos necessários para viabilização das filmagens até a conclusão da obra final). De um entendimento mais abrangente da relação que se estabelece entre a obra e as múltiplas possibilidades de difusão desses trabalhos, tanto em segmentos comerciais, como não comerciais.
    Com isso, vemos um crescimento na busca de novas fontes de financiamento (por meio de coproduções) e na busca de espaços internacionais para a difusão e comercialização desses filmes. Este fato dá suporte a um dos principais argumentos desta pesquisa, produção e difusão estão simbioticamente conectados e o entendimento dessa relação é salutar para a economia do setor.
    A coprodução internacional é um ótimo exemplo de como produtoras independentes podem potencializar fontes de financiamento e ampliação de telas de exibição. Desde 2005, vemos um crescimento gradual tanto na produção de novas obras, quanto do surgimento de mecanismos de fomento para essa modalidade de produção.
    Nesses 15 anos foram lançados um total de 184 obras em coprodução internacional, em que 68% tiveram o Brasil como empresa com participação majoritária na realização do projeto. Os principais países a coproduzirem com Brasil, são Argentina (41), Portugal (36) e França (28), mas vemos que único continente ausente da lista é a Oceania. Desse total, vemos que a ampla maioria são obras de ficção (82%) um total de 151 obras, o que mostra que há uma demanda reprimida de produções de animação (1 obra) e de documentários (32 obras).
    Ao analisarmos a difusão dessas obras no mercado nacional, vemos que a empresa distribuidoras que mais lançou obras documentais realizadas na modalidade coprodução foi a Espaço filmes (5 obras), seguida das empresas Elo Company e Vitrine filmes (4 obras cada).
    A pessoa que mais esteve à frente na direção de obras documentais feitas em regime de coprodução internacional foi Maria Augusta Ramos – através de sua produtora Nofocofilmes (RJ). Sua atuação nesta modalidade de produção foi tão profícua que sua obra O PROCESSO (2018) é o documentário em coprodução internacional que arrebatou mais espectadores as salas de cinema.
    Desse modo, este trabalho tem como objetivo iniciar uma investigação em torno dos projetos de obras documentais contemporâneos realizados em coprodução internacional, com especial foco na atuação da empresa produtora Nofocofilmes.
    Tentaremos compreender, em especial, como as relações de parceria se deram, quais das dinâmicas enfrentadas para a formalização e consolidação de seu plano de financiamento. Qual desempenho de exibição de suas obras em território brasileiro e internacional nas diferentes janelas de exibição.

Bibliografia

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    TRINDADE, Teresa Noll. Documentário e mercado no Brasil: da produção à sala de cinema. São Paulo: Alameda, 2014.