Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Claudio Leal (USP)

Minicurrículo

    Claudio Leal é jornalista, mestre em Meios em Processos Audiovisuais pela ECA-USP e doutorando no mesmo programa. É autor da dissertação “O diálogo crítico de Walter da Silveira e Glauber Rocha” (2018) e do livro “O Universo de Emanoel Araújo” (Capella, 2019). Organizou a antologia “Underground” (Edições Sesc, 2022), de Luiz Carlos Maciel. É colaborador da “Folha de S.Paulo” e de outros jornais e revistas brasileiros.

Ficha do Trabalho

Título

    “Um cinema divino e maravilhoso”: diálogos de Caetano e Glauber

Seminário

    Cinema Comparado

Formato

    Presencial

Resumo

    Glauber Rocha e Caetano Veloso se conheceram superficialmente no ambiente cultural de Salvador, nos anos 60, e desenvolveram um diálogo posterior sobre cinema ainda não avaliado de forma concentrada. Entre as primeiras críticas de Caetano está uma análise de “Barravento”, em 1962. A partir de 1967, com “Terra em Transe”, essencial na deflagração do movimento tropicalista, a relação entre os dois se aprofunda. Este trabalho pretende abordar os pontos centrais desse diálogo crítico.

Resumo expandido

    Centrais na história da contracultura brasileira, Glauber Rocha e Caetano Veloso se conheceram superficialmente no ambiente cultural de Salvador, nos anos 60, e desenvolveram um diálogo posterior sobre cinema ainda não avaliado de forma concentrada. Entre as primeiras críticas de Caetano está uma análise de “Barravento”, em 1962, num período em que o jovem crítico reconhecia em Glauber um mito próximo, líder precoce do Clube de Cinema da Bahia e inspirador de suas ambições ainda incipientes no universo cinematográfico. Adiante, ele situará seu caminho pessoal, na cultura brasileira, entre Glauber e João Gilberto.

    A partir de 1967, com “Terra em Transe”, essencial na deflagração do movimento tropicalista, a relação entre os dois ganha densidade e, ao mesmo tempo, assume oscilações ao sabor dos conflitos emergentes entre a geração do cinema novo e aquela do cinema marginal.

    Nos anos do exílio político, Caetano se aproximou de Julio Bressane e Rogério Sganzerla, em Londres, e também viajou para Espanha ao encontro de Glauber, durante a filmagem de “Cabeças Cortadas”. Por algumas semanas, o músico hospedou Glauber em sua casa londrina. Nessa altura, ele se torna um interlocutor relevante do grupo do cinema novo e dos dois expoentes do cinema marginal.

    Glauber também conferia peso às posições de Caetano no debate público e, eventualmente, lhe cobrava intervenções estratégicas. Na cena da encruzilhada em “O Vento do Leste” (1970), de Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, Glauber entoa a canção “Divino Maravilhoso”, de Caetano e Gilberto Gil, reafirmando seu esforço construtivo no cinema brasileiro. Este trabalho pretende abordar os pontos centrais desse diálogo crítico, recuperando textos e entrevistas reveladores das posições de ambos no debate cultural durante a ditadura militar. “O Cinema Falado”, único longa de Caetano, também confere relevância a Glauber Rocha em sua argumentação ensaística.

Bibliografia

    MACIEL, Luiz Carlos. Geração em Transe: memórias do tempo do tropicalismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996.
    ROCHA, Glauber. Revolução do cinema novo. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
    _______. ROCHA, Glauber. In: Tropicália (org. COHN, Sergio; COELHO, Frederico). Rio de Janeiro: Azougue, 2008.
    TEIXEIRA, Francisco Elinaldo. “O experimental no cinema brasileiro: a propósito de O Cinema Falado, de Caetano Veloso”. In: Paiva, Samuel et al (orgs.). Estudos de Cinema e Audiovisual Socine. São Paulo: Socine, 2010.
    VELOSO, Caetano. Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
    _______. O mundo não é chato. (org. Eucanaã Ferraz). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
    XAVIER, Ismail. “Cinema e tropicalismo”. In: 20 anos da Tropicália. São Paulo: Sesc-SP, 1987.
    ________. Alegorias do subdesenvolvimento: Cinema Novo, Tropicalismo, Cinema Marginal. São Paulo: Cosac Naify, 2013.