Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Baruch Blumberg Carvalho de Matos (FAP/UNESPAR)

Minicurrículo

    Mestrando do Programa de Pós-Graduação/Mestrado Acadêmico em Cinema e Artes do Vídeo (PPG-CINEAV) da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus de Curitiba II/Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e vinculada(o) à linha de pesquisa (2): Processos de Criação no Cinema e nas Artes do Vídeo. Membro do Grupo de Pesquisa CineCriare/Cinema: criação e reflexão (Unespar/PPG-CINEAV/CNPq). Graduado em Audiovisual pela Universidade Federal de Sergipe – UFS.

Ficha do Trabalho

Título

    DEAMBULAÇÃO E OS ESPAÇOS NA MISE-EM-SCÈNE DO FILME ANTES DO AMANHECER

Formato

    Remoto

Resumo

    O presente trabalho visa analisar como o diretor Richard Linklater usa a deambulação e os espaços como forma de direção em “Antes do Amanhecer” (1995). Linklater se utiliza da deambulação por lugares da cidade de Viena, na Áustria, para a construção narrativa do filme e, claro, como cenário. Com isso, busco entender de que forma esses elementos se constituem como estilo, na composição da mise-en-scène, com e sem os personagens principais do filme no quadro, para criação e reforço de sentido.

Resumo expandido

    O presente trabalho visa analisar como o diretor Richard Linklater usa a deambulação e os espaços como forma de direção em “Antes do Amanhecer” (1995), primeiro filme da “Trilogia do Antes” (1995 – 2013). No filme, as personagens se encontram em um trem a caminho de Viena, na Áustria, onde decidem descer para se conhecerem melhor. Enquanto as personagens se deslocam por ruas da cidade, parque de diversão, transporte público, bares, lojas de discos e igreja, a caminhada e os espaços são acompanhados por diálogos sobre amadurecimento, relacionamento, política, espiritualidade, etc. Linklater se utiliza da deambulação por lugares da cidade para a construção narrativa do filme e, claro, como cenário. Com isso, busco entender de que forma esses elementos se constituem como estilo, na composição da mise-en-scène, com e sem os personagens principais do filme no quadro, para criação e reforço de sentido. Partindo desse ponto, analiso como o diretor usa estes lugares (pontes, praças, cemitérios, transportes públicos, lojas, etc) como elementos da direção cinematográfica, observando como os locais previamente apresentados, e o passeio por esses lugares, ganham outro sentido e uma característica diferente dependendo da presença ou ausência das personagens, fortalecendo, assim, a mise-en-scène do filme e um maior interesse e empatia sobre as personagens e suas escolhas. Quase sempre apresentados com um plano geral, os espaços ganham seu papel como coadjuvantes da história, dando não só ambientes para as ações, mas também criando um lugar em suspensão para esse encontro recortado no tempo das personagens. Para fundamentar tais análises, busco nos autores Gilles Deleuze e Fábio Uchôa, suas contextualizações e propostas para deambulação no cinema, comumente também chamada de perambulação, discutindo como, diferentemente do neorrealismo, a imagem é construída para uma situação dispersa e as conexões postas propositalmente de forma supostamente fraca ou superficial, onde a deambulação e o espaço são os elementos fixos. No intuito de traçar o ponto de análise para o entendimento de espaço, me baseio nas ideias propostas por Maria Helena Braga e Vaz da Costa, para o espaço geográfico no cinema, como um dos responsáveis pela formação do imaginário coletivo que subjetiva a experiência fílmica. Além dos já referidos autores, me baseio na abordagem da Teoria de Cineastas, me aproximando da forma como o próprio Linklater observa as referidas particularidades em seu filme. Apesar de os filmes de Richard Linklater serem relativamente bem estudados, a abordagem que proponho é específica sobre procedimentos da constituição da mise-en-scène e, assim, buscam contribuir de forma complementar aos estudos já realizados.

    Palavras-chave: Antes do Amanhecer, Richard Linklater, Espaço, Deambulação, Teoria de Cineastas.

Bibliografia

    BAGGIO, E. T.; PENAFRIA, Manuela; GRACA, André Rui. Teoria dos cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema. Revista Científica/FAP (Curitiba. Online), v. 12, p. 19-32, 2015.
    COSTA, Maria Helena Braga e Vaz da. Cinema e construção cultural do espaço geográfico. REBECA, v. 2 – n. 1 – p. 250-262, jan./jun. 2013.
    DELEUZE, Gilles. A imagem-movimento. São Paulo: Brasiliense, 1985.
    EUGENIA FIORAVANTE, K. Geografia e Cinema: a releitura dos conceitos de espaço, paisagem e lugar a partir das imagens em movimento. ATELIÊ GEOGRÁFICO, Goiânia, v. 12, n. 1, p. 272–297, 2018.
    OLIVEIRA JR., Luiz Carlos. A mise en scène no cinema: Do clássico ao cinema de fluxo. Campinas, SP: Papirus, 2013.
    PENAFRIA, Manuela; GRAÇA, ANDRÉ RUI; BAGGIO, EDUARDO. Teoria dos Cineastas: uma abordagem para o estudo do cinema. ANIKI: REVISTA PORTUGUESA DA IMAGEM EM MOVIMENTO, v. 7, p. 67-71, 2020.
    UCHÔA, Fábio Raddi. Traços da perambulação no Cinema Marginal. ALCEU, v.17 – n.33 – p. 157-174, jul./dez. 2016.