Trabalhos Aprovados 2022

Ficha do Proponente

Proponente

    Marina Cavalcanti Tedesco (UFF)

Minicurrículo

    Professora do Departamento de Cinema e Vídeo e do Programa de Pós-graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Integrante do Grupo de Pesquisa Cinematografia, Expressão e Pensamento. Organizadora do livro “Trabalhadoras do cinema brasileiro: mulheres muito além da direção” (2021). Bolsista Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. Seus principais temas de pesquisa são: direção de fotografia, gênero e cinema latino-americano.

Ficha do Trabalho

Título

    Diretoras de fotografia: difusão de dados e desigualdade de gênero

Seminário

    Estética e plasticidade da direção de fotografia

Formato

    Presencial

Resumo

    A direção de fotografia é em vários países a função da realização fílmica onde as mulheres estão menos representadas. Em 2019, fotografaram apenas 10,4% dos longas-metragens de ficção brasileiros estreados comercialmente. Considerando que informação e visibilidade são fundamentais para a identificação e superação das desigualdades de gênero, temos construído um banco de dados sobre as fotógrafas dos longas-metragens nacionais. Nesta comunicação, abordaremos as etapas e desafios de tal processo.

Resumo expandido

    Mulheres têm operado câmera ocasional ou profissionalmente durante toda a história do cinema. Não obstante, a fotografia cinematográfica foi e permanece sendo um território predominantemente ocupado por homens. As razões para isso são diversas e complexas e vão desde supostas inaptidões físicas (falta de força) e intelectuais (dificuldade de compreender conceitos da química, da física e das engenharias) até ações deliberadas para impedir a profissionalização das mulheres. Em 2019, elas fotografaram apenas 10,4% dos longas-metragens de ficção brasileiros que estrearam nas salas de cinema nacionais (contando fotografias divididas por homens e mulheres).

    Desde 2014, temos estudado tanto os aspectos quantitativos quanto qualitativos dessa sub-representação. E, em 2021, obtivemos recursos do edital Jovem Cientista do Nosso Estado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ para a construção de um banco de dados online, público e gratuito com informações diversas sobre quem são as diretoras de fotografia de longas-metragens no Brasil.

    A construção do banco de dados se justifica por diferentes razões. Em primeiro lugar, o desejo de disponibilizar mais dados da pesquisa do que aqueles que podemos trabalhar em nossos textos, em consonância com os preceitos da Ciência Aberta. Em segundo, porque é sabido que difusão de informação e visibilidade são fundamentais no combate às desigualdades de gênero, seja na sociedade em geral, seja no audiovisual. Por fim, nossa pesquisa aponta para um perfil semelhante de mulheres que conseguem ingressar e permanecer na direção de fotografia de longas-metragens no país. A partir do conhecimento destes perfis é possível pensar nas desigualdades entre as próprias mulheres.

    O banco de dados vem sendo desenvolvido por uma equipe interdisciplinar, que conta com discentes, docentes, técnicos-administrativos e profissionais das áreas da Comunicação, da Ciência da Informação e da Tecnologia da Informação. Conjuntamente, temos tomado decisões sobre: que modelo de banco de dados adotar; que servidor e domínio são mais convenientes; que interface é mais intuitiva para o usuário; que informações podem ser tornadas públicas (orçamentos de filmes, por exemplo, muitas vezes nos são repassados sob confidencialidade); como torná-las acessíveis através de mecanismos de busca que permitam combinar mais de uma variável; controle terminológico; etc.

    No momento de realização do XXV Encontro da SOCINE, teremos completado um ano de trabalho e o banco de dados já estará no ar em caráter experimental. Portanto, temos, com essa apresentação, um duplo objetivo. Um deles é o de apresentar as etapas e desafios que vivenciamos ao longo do processo, os quais podem ser importantes para outras pesquisas que estejam sendo desenvolvidas na área. O outro é a oportunidade de uma interlocução qualificada, posto que estaremos dialogando com pessoas que vivem e estudam direção de fotografia. O primeiro ano no ar do banco de dados está previsto como um período de testes e correções. Assim, o que for debatido no Seminário Temático pode ser incorporado à versão final do projeto.

Bibliografia

    CORDEIRO, Rosa Inês de Novais. Informação e Movimento – uma Ciência da Arte Fílmica. Rio de Janeiro: Madgráfica, 2000.

    ELMASRI, Ramez et al. Sistemas de banco de dados. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005.

    KRASILOVSKY, Alexis. Women behind the camera: conversations with camerawomen. Westport, CT: Praeger Publishers, 1997.

    OLIVEIRA, Fátima B. de (Org.). Tecnologia da informação e comunicação: a busca de uma visão ampla e estruturada. São Paulo: Pearson Prentice Hall: FGV, 2007.

    TEDESCO, Marina Cavalcanti. “20 anos de Tônica dominante: reflexões diversas a partir de uma fotografia histórica”. In: TEDESCO, Marina Cavalcanti. Trabalhadoras do cinema brasileiro: mulheres muito além da direção. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2021. p.87-104

    _________________________. “Mulheres atrás das câmeras: a presença feminina nas equipes de fotografia brasileiras”. Significação: Revista de Cultura Audiovisual, v. 43, p.47-68, 2016.