Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Elianne Ivo Barroso (UFF)

Minicurrículo

    Professora Associada do Departamento de Cinema e Vídeo da UFF ligada ao PPGCINE/UFF e ao PPGMC/UFRJ. Desenvolve pesquisa na área de estética e montagem.

Ficha do Trabalho

Título

    Montadores brasileiros entre as décadas de 1910 e 1940

Seminário

    Montagem Audiovisual: Reflexões e Experiências

Resumo

    A partir da base de dados “Filmografia Brasileira” da Cinemateca Brasileira, listar os montadores citados entre os anos 1910 e 1949 com o objetivo primeiro de traçar uma história destes técnicos no Brasil. Em segundo lugar, buscar compreender o perfil dos mesmos e suas trajetórias profissionais dentro do cinema. E, por fim, identificar quando figuram as primeiras montadoras brasileiras.

Resumo expandido

    Nossa proposta é apresentar o levantamento de nomes de montadores brasileiros através da base de dados “Filmografia Brasileira” do site da Cinemateca Brasileira através da ficha técnica dos filmes cadastrados entre 1910 e 1949. Consultando a produção anualmente, identificamos cerca de 1500 títulos e encontramos mais de 400 películas, entre curtas, médias e longas metragens nos quais constavam a menção “montagem”. Conforme Arthur Autran, em seu artigo “A montagem no cinema brasileiro” (1919-1989) para o catálogo da mostra “Montagem no Cinema” realizada no CCBB em 2005/2006 , “(…) pode-se afirmar que, via de regra, naquele período [no final dos anos 1920], ainda era o próprio diretor quem montava o filme, o que demonstra claramente as precárias condições de produção reinantes”.
    O primeiro nome registrado como montador na base de filmes da Cinemateca Brasileira foi Silvino Santos em 1918 com “Amazonas, o maior rio do mundo” e outros três filmes datados do mesmo ano e dirigidos por ele. Em 1919, surgiram outros montadores que também assinaram a realização como Luiz de Barros, com “Ubirajara” e Francisco de Almeida Fleming em “Coração Bandido”. Felipe Ricci assinou a montagem e a assistência de direção de “João da Matta” de 1923.
    Nos anos 1930, nos deparamos basicamente com os mesmos nomes acrescidos de Humberto Mauro e alguns poucos que se iniciaram na montagem mas que depois foram trabalhar na direção ou em outras funções como Rui Costa (foi diretor e roteirista) assim como Manuel P. Ribeiro que exerceu o cargo de fotógrafo.
    Na década de 1940, chama a atenção a presença ainda tímida de mulheres na montagem diferente de outros países como, por exemplo, a França. Segundo o levantamento feito, somente em 1948, vemos o nome de Carla Civelli despontar como assistente de montagem de Alcebíades Monteiro no filme “É com este que eu vou”. No ano seguinte, encontramos Arlete Lester e Gilda de Abreu como montadoras ao lado de Nicolas Lounine em “Pinguinho de Gente”. Até o final do último ano pesquisado, achamos mais vezes Civelli, que finalmente aparece como única montadora do filme de “Luar do Sertão”.
    Queremos com esta investigação traçar uma história dos montadores brasileiros conhecendo seus nomes e suas trajetórias dentro do cinema. Observamos igualmente três aspectos importantes que merecem ser abordados neste período escolhido. O primeiro é o acúmulo de funções por parte dos diretores dos filmes no início do cinema. Em segundo lugar, a montagem como etapa formadora para outras atividades cinematográficas como a direção, o roteiro ou a fotografia. E, por último, discutir a baixa adesão feminina ao ofício da montagem nos 40 anos abordados.

Bibliografia

    ANDRADE, G. A sombra de uma estrela – Carla Civelli. IN: Logos Comunicação e Universidade.Volume 4, n 2. Rio de Janeiro: Uerj, 1997
    AUTRAN, A. A montagem no cinema brasileiro. IN: Catálogo da mostra Montagem no Cinema. Heco Produções/CCBB, 2005/2006.
    RAMOS, F. e MIRANDA, L.F. orgs. Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Edições Sesc, 2012.
    SCHETTINO, P. Diálogos sobre a Tecnologia do Cinema Brasileiro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.