Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Fabio Silvestre Cardoso (ANHEMBI MORUMBI)

Minicurrículo

    Doutor em Ciências na área de Comunicação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP) | Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (PROLAM). Mestre em Comunicação pela Universidade Anhembi Morumbi, com especialização em Política e Relações Internacionais pela Fundação Escola de Sociologia e Política. É autor do livro “Capanema”, biografia do ministro da Educação da Era Vargas. (Record, 2019)

Ficha do Trabalho

Título

    Cinema ou propaganda? Uma leitura de dois filmes sobre o impeachment

Resumo

    Em 2019, foram lançados dois filmes a propósito do impeachment de Dilma Rousseff. “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa; e “Não vai ter Golpe!”, produzido pelo Movimento Brasil Livre (MBL). O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise das estratégias narrativas dos dois documentários, buscando responder às seguintes perguntas: é possível comparar os dois filmes? Até que ponto esses filmes conseguem alcançar um consenso acerca da crise política de 2016? Cinema ou propaganda política?

Resumo expandido

    O ano de 2016 ainda não acabou. A tensão política em torno do impeachment de Dilma Rousseff — que começou com a votação na Câmara dos Deputados, em sessão filmada e exibida pelas principais emissoras de TV, no domingo de 17 de abril e se encerrou em 31 de agosto — ainda repercute para além das disputas políticas dos principais partidos do país. Essa tensão escalou a tal ponto que, mesmo em 2021, parece impossível chegar a um consenso acerca do que foi aquele processo. Dito de outro modo, existe uma dificuldade em determinar o que foi o impeachment sem afetar as sensibilidades dos ouvintes, leitores e telespectadores. Com o agravamento da crise política, então, são muitos os que apontam para 2016 como o momento de início de todas as dores. Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo avaliar as estratégias narrativas de duas obras que foram produzidas para, cada qual à sua maneira, estabelecer uma versão sobre o impeachment de 2016. Lançado em 2019, “Democracia em Vertigem”, produzido por Petra Costa, foi um dos filmes mais celebrados daquele ano, recebendo resenhas positivas em veículos nacionais e estrangeiros. Poucos meses depois, “Não vai ter Golpe!”, produzido pelo Movimento Brasil Livre, conta (outr)a história a partir da perspectiva do movimento que liderou parte das manifestações de rua de 2015 e de 2016. Afinal de contas, quais são as estratégias adotadas pelos realizadores desses filmes em suas respectivas narrativas? Tais filmes conseguem, de fato, chegar a um consenso ou se distanciam e se tornam símbolos da polarização inescapável de nossos dias? Por fim, mas não menos importante: como esses filmes se enquadram na percepção da crítica especializada: cinema ou propaganda? O trabalho toma como referência não apenas os filmes em questão, mas os textos que buscam definir o documentário como gênero e, além disso, investiga os mecanismos internos dos dois documentários com base em bibliografia especializada sobre o assunto.

Bibliografia

    AUMONT, Jacques et al. “A estética do filme”. Campinas, SP: Papirus, 1995.

    MIGLIORIN, Cezar. “Ensaios no real: o documentário brasileiro hoje”. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2010.

    RAMOS, Fernão Pessoa. “Mas, afinal, o que é mesmo documentário?” São Paulo: SENAC, 2008.

    VANOYÉ, Francis & GOLIOT-LETÉ, Anne. “Ensaio sobre a análise fílmica”. Campinas, SP: Papirus, 2020.

    XAVIER, Ismail. “O discurso cinematográfico”. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.