Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    ROBERTA AMBROZIO DE AZEREDO COUTINHO (UFPE)

Minicurrículo

    Doutoranda no programa de pós-graduação em comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM\UFPE) onde desenvolve uma pesquisa intitulada “O papel do efeito sonoro no cinema contemporâneo”. Bolsista do programa de Doutorado Sanduíche da CAPES na McGill University (Montreal\CA) de dez19 a maio20. Mestre em Comunicação também pelo PPGCOM\UFPE com uma pesquisa no âmbito dos estudos do som fílmico. Graduada em jornalismo e especialista em estudos cinematográficos pela UNICAP-PE.

Ficha do Trabalho

Título

    Como Analisar o efeito sonoro fílmico: Uma proposta metodológica

Seminário

    Estilo e som no audiovisual

Resumo

    Como analisar o efeito sonoro fílmico?A presente comunicação intenta encontrar possíveis respostas para tal questionamento por meio da propositura de um esquema metodológico que contemple de modo eficaz as especificidades que permeiam o estudo do efeito sonoro. Como suporte para tal elaboração metodológica, propomos uma abordagem conceitual da análise fílmica sonora a partir do diálogo com autores referência na área, tais como Rick Altman (2014), Alvim e Carreiro (2016) e Aumont e Marie (2013).

Resumo expandido

    Como analisar o efeito sonoro fílmico a partir de uma perspectiva estético-narrativa? De que forma(s) podemos descrevê-lo? Quais modos de observação e ferramentas analíticas se adequam melhor ao seu estudo? Como relacioná-lo com as imagens e demais componentes da trilha de áudio?
    No caso do elemento musical, as análises que sobre ele se debruçam, além de mais numerosas, contam com a sólida tradição analítica da esfera artística da música, cujos regimes de observação e o reconhecido vocabulário, embora não possam ser absorvidos sem as necessárias adaptações para o domínio cinematográfico, servem de norte para o estudo da música fílmica, de tal maneira que este subcampo já dispõe de uma rede expressiva de referências, como as emblemáticas análises de Eisenstein (1946) e Cláudia Gorbman (1987).
    Em relação as vozes, as tentativas de análise são mais esporádicas, sobretudo as focadas em seus aspectos não semânticos. Já o âmbito da análise dos diálogos é consideravelmente mais desenvolvido, contando inclusive com uma recente publicação sobre o tema, a coletânea Film dialogue (2013), a qual conta com treze ensaios onde a maioria desenvolve métodos analíticos. O próprio organizador do livro, Jeff Jaeckle, propõe na sua introdução algumas etapas que formariam a base de uma metodologia específica para análises de diálogos.
    Por outro lado, quando afunilamos a discussão para a investigação analítica do efeito sonoro, nosso fenômeno de interesse, percebemos uma notória escassez referencial, tendo em vista que não conseguimos elencar se quer uma metodologia específica para o seu estudo, além do fato de que grande parte das estruturas metodológicas postas dedicadas a banda sonora de um modo mais geral, ou desconsideram estes elementos na hora de analisar o “som” dos filmes, ou se limitam a “citá-los” como integrantes da trilha. Ademais, até mesmo a tarefa aparentemente simples de descrever essas sonoridades se mostra complexa, dada a instabilidade taxonômica que permeia os estudos desta ordem.
    É com esta problemática como horizonte que o presente estudo tem o objetivo de propor um esquema metodológico que contemple de modo satisfatório e eficaz as especificidades que permeiam o estudo do efeito sonoro, propondo também neste percurso uma reflexão crítica acerca do próprio método proposto, por meio da pontuação de suas possíveis limitações, de seu grau de usabilidade, bem como do seu nível de rigor científico.
    Ademais, como suporte para esta elaboração metodológica já em andamento, a qual faz parte da pesquisa de doutorado que desenvolvemos acerca do papel do efeito sonoro no cinema contemporâneo, propomos uma abordagem conceitual do campo analítico sonoro a partir do diálogo com textos referência sobre o tema, tais como os artigos de Rick Altman (2014), Alvim e Carreiro (2016), e o livro de Aumont e Marie (2013), referenciados na bibliografia deste trabalho. Tais publicações, além de mapearem propostas metodológicas desta ordem, problematizam as idiossincrasia e adversidades que permeiam o desenvolvimento de métodos de análise focados no som cinematográfico.
    Nesse sentido, não obstante a carga de singularidade que caracteriza os métodos que compõem a análise fílmica sonora, acreditamos na viabilidade do desenvolvimento de um esquema metodológico que, assim como os referidos exemplos do campo da música e do diálogo, forneça uma estrutura básica analítica capaz de nortear os analistas interessados em desenvolver um estudo sólido acerca da produção de sentido operada pelos efeitos sonoros em um filme. Pretendemos, portanto, que tal proposta metodológica não se encerre na tese onde vem sendo desenvolvida, e possa ser adaptada para servir aos objetivos e fenômenos de interesse de cada análise que nela se inspirar.
    Assim, o presente estudo pretende contribuir para o preenchimento de uma evidente lacuna científica no que diz respeito a produção de conhecimento acerca do efeito sonoro fílmico.

Bibliografia

    ALTMAN, R. Visual representation as an analytical tool. In: NEUMEYER, D. (Org.). The Oxford handbook of film music studies. Nova Iorque: Oxford University Press, 2014. p. 73-95.

    ALVIM, L; CARREIRO, R; Uma questão de método: notas sobre a análise de som e música no cinema. In: MATRIZes, 10 (2), mai/ago, 2016, p. 175-193.

    AUMONT, J; MARIE, M. A análise do filme. Lisboa: Texto & Grafia, 2013.

    BECK , J. Rewriting the Audio-Visual Contract’: Silence of the Lambs and Dolby Stereo.
    Southern Review (Australia) 33, 2000. no. 3: 273–291.

    CHION, M. A audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Texto & Grafia, 2011.

    EISENSTEIN, S. O sentido do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.

    GORBMAN, C. Unheard melodies: narrative film music. Londres: BFI Publishing, 1987.

    JAECKLE, J. Introduction: a brief primer for film dialogue study. In: (Org.). Film Dialogue. Londres: Wallflower Press, 2013. p. 1-18.