Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Maria Beatriz Colucci (UFS)

Minicurrículo

    Professora associada da Universidade Federal de Sergipe (UFS), na graduação em Cinema e Audiovisual e no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cinema (PPGCINE), no qual também exerce a função de coordenadora. Como pesquisadora, desenvolve projetos relacionados ao cinema documentário, à educação e fotografia. É graduada em Serviço Social e Jornalismo (UFJF), com mestrado e doutorado em Multimeios (UNICAMP). Coordena, desde 2018, o Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (Nice/UFS).

Ficha do Trabalho

Título

    Nice: formação, criação audiovisual e cineclubismo em Sergipe

Seminário

    Cinema e Educação

Resumo

    Esta proposta reflete sobre as relações entre cinema e educação a partir das experiências realizadas, desde 2018, pelo Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (Nice). Vinculado ao Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cinema (PPGCine/UFS), o Nice articula cursos de graduação e pós-graduação e escolas públicas da rede básica de ensino de Sergipe em projetos de pesquisa e extensão que envolvem formação de professores, oficinas e atividades de criação audiovisual e cineclubismo.

Resumo expandido

    A convergência de projetos de pesquisa e extensão em cinema e educação na Universidade Federal de Sergipe (UFS) culminou, em 2018, na criação do Núcleo Interdisciplinar de Cinema e Educação (NICE). Envolvendo inicialmente discentes e docentes vinculados ao Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cinema (PPGCine) e estudantes da graduação em Cinema e Audiovisual, o Núcleo se amplia e atinge outros cursos da IES, além de gestores e professores das redes básica e superior de ensino de Sergipe.

    Aprofundar as reflexões e ações conjunturais que colocam o cinema a dialogar com a educação é uma das formas de pensar a escola como um espaço de democracia, autonomia e liberdade, e o cinema como arte e possibilidade de criação que leva a um contato direto com o conhecimento. Contribuem para isso as reflexões de Paulo Freire (1996), Alain Bergala (2008), Jacques Rancière (2010) e Adriana Fresquet (2013).

    Nesse sentido, o NICE atua de forma colaborativa, apoiando iniciativas existentes nos espaços educacionais, e consolidando um movimento de pensar o cinema como ato educativo. Por meio de projetos integradores, as ações do Núcleo incluem formação continuada sobre temas diversos, como violência, gênero, economia, diversidade, cidadania e direitos humanos. Também articulam discentes da pós e graduação, na participação em projetos, eventos e disciplinas.

    No currículo de Cinema e Audiovisual temos a oferta regular da disciplina optativa Cinema, Educação e Direitos Humanos, que possibilitou a realização de produções audiovisuais e se tornou parte da formação complementar dos currículos de Educação e Biologia. No Departamento de Psicologia, as práticas de cinema e cineclubismo foram integradas às atividades da disciplina Pedagogias e Práticas de Educação e ao Projeto Cineclube realizado junto aos docentes do Colégio de Aplicação.

    Os projetos interinstitucionais do NICE marcam a inserção social do PPGCINE e um possível impacto futuro no sistema educacional público de Sergipe. Destacam-se as parcerias feitas com a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (SEDUC) para a implementação da Plataforma CINEDS e pesquisa-ação para construção de políticas voltadas ao cinema e educação. Também se destacam as parcerias com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), e com o Mestrado Profissional em Educação Tecnológica (ProfEPT), que permitiu a realização, em 2020, do filme em média metragem “Por que ficam os que ficam?”, resultado de pesquisa feita para o mestrado e apresentado como objeto educativo.

    As ações do NICE surgem como possibilidade de reflexão e formulação de experiências inovadoras de ensino e aprendizagem. Em 2021, oito projetos estão em execução, sendo quatro de extensão e quatro de pesquisa. Destes, mencionamos a pesquisa-ação interdisciplinar que visa elaborar, em conjunto com as diretorias regionais da SEDUC, uma proposta de política pública para a rede estadual de ensino. Também destacamos a proposta de formação audiovisual em comunidades indígenas de Pernambuco e Alagoas, que marca o início de uma parceria com a Fiocruz/PE, visando articular uma rede de produção audiovisual indígena, formada por cineastas-indígenas.

    Refletir sobre a trajetória do Nice implica pensar o cinema como lugar de experiência que se estrutura em um tripé de formação, cineclubismo e criação. Seja no contato direto com os filmes, pela prática cineclubista, que oportuniza construção coletiva de sentidos, seja na experiência direta com a criação audiovisual, através das oficinas, ou na ideia de formação continuada, que configura essas experiências como processos que vão se elaborando e reelaborando em contato com a escola e os sujeitos envolvidos. O cinema então é convocado a atuar como potencializador de uma ideia de construção coletiva, de saberes em intercâmbio constante, que exigem ao mesmo tempo atitudes colaborativas de pesquisadores, gestores, professores e alunos.

Bibliografia

    ARAÚJO, Raul Marx R. Cinema-Educação: alteridade, criação, experiência, emancipação e ética. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Sergipe. Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Cinema – PPGCINE. Sergipe, 2019

    BERGALA, Alain. A hipótese-cinema. Pequeno tratado de transmissão do cinema dentro e fora da escola. Rio de Janeiro: Booklinks; CINEAD-LISE- FE/UFRJ, 2008.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo, Paz e Terra, 1996.

    FRESQUET, Adriana. Cinema e educação: reflexões e experiências com professores e estudantes de educação básica, dentro e “fora” da escola. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

    KASTRUP, Virgínia. Experiência estética para uma Aprendizagem Inventiva: notas sobre a acessibilidade de pessoas cegas a museus. Informática na Educação: teoria & prática, Porto Alegre, v. 13, n.2, p. 38-45, jul/dez, 2010.

    RANCIÈRE, Jacques. O mestre ignorante: cinco lições sobre a emancipação intelectual. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica: 2010.