Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Bruno Vieira Lottelli (USP / CEUNSP)

Minicurrículo

    Cineasta e educador. Mestre em Meios e Processos Audiovisuais em Audiovisual pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Leciona as disciplinas de Direção de Fotografia no bacharelado em Cinema do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), em Salto/SP. É sócio da “Grão Filmes – Cinema e Novas Mídias” e membro do “ICine – Fórum de Cinema do Interior Paulista” e do Grupo de Pesquisa “História da Experimentação no Cinema e na Crítica”.

Ficha do Trabalho

Título

    Reichenbach fotografa Garrett: intercâmbios na Boca do Lixo

Seminário

    Estética e plasticidade da direção de fotografia

Resumo

    Em 1979, Carlos Reichenbach fotografou “A Mulher Que Inventou o Amor”, dando continuidade à parceria com o diretor Jean Garrett, iniciada em “Excitação” (1976), sua primeira participação na Boca do Lixo. Buscaremos, neste trabalho, cotejar as obras realizadas por Reichenbach como diretor de fotografia na Boca entre 1978 e 1981, destacando duas que o próprio dirigiu (A Ilha dos Prazeres Proibidos e O Império do Desejo) para então compará-las a outro par dirigido por Garrett (Mulher, Mulher e A Mu

Resumo expandido

    Após a realização de Lilian M: Relatório Confidencial (1975), o jovem cineasta Carlos Oscar Reichenbach desfez-se de sua parcela na sociedade da Jota Filmes, eminente produtora de publicidade paulistana, e rumou para a Boca do Lixo. Embora buscasse a priori desenvolver uma carreira como diretor com a liberdade criativa que não gozava ana publicidade, as primeiras oportunidades oferecidas a ele foram para fotografar uma série de obras da pornochanchada, filão de comédias ligeiras com apelo erótico que rendiam bons dividendos a produtores e exibidores naquele período.Já em 1976 fotografou “Excitação”, dirigido por Jean Garrett, iniciando uma parceria duradoura, chegando a ponto de converter-se em sociedade na Embrapi (1980-82). A respeito do surgimento de tais convites, Reichenbach ofereceu em entrevista uma resposta curiosa, combinando técnica e estética:”Me chamavam porque eu conseguia captar o lilás. Excitação e A Força dos Sentidos: são filmes em que isso era trabalhado constantemente. Eu trabalhava com lã de vidro de geladeira para conseguir dar o tom de pele feminina” (REICHENBACH, 2009)

    Entre 1979 e 1982, as cinematografias de Carlos Reichenbach e Jean Garrett conheceram seu auge na Boca, tanto em termos artísticos quanto comerciais. Neste período, Reichenbach dirigiu A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979), O Império do Desejo (1981) e Paraíso Proibido (1981), tendo fotografado todas as três sob o crédito de Alfred Stinn. Por sua vez, Garrett dirigiu A Força dos Sentidos (1978), Mulher, Mulher (1978), A Mulher que Inventou o Amor (1979) e O Fotógrafo (1980), sendo as três primeiras fotografadas por Reichenbach. Neste trabalho, interessa-nos investigar os intercâmbios realizados no exercício do direção de fotografia tomando como ponto de partida um conjunto de filmes nos quais o fotógrafo não necessita dialogar com outra pessoa, supostamente fruindo de completa liberdade criativa, pois acumula a função de diretor da obra, e comparando a outro conjunto, contemporâneo e fruto do mesmo circuito produtivo. Através de um esforço comparativo, recorrendo à análise das obras A Ilha dos Prazeres Proibidos, O Império do Desejo, Mulher, Mulher e A Mulher que Inventou o Amor, buscaremos apontar as continuidades e disrupções de uma obra para a outra, atentos à recorrência de técnicas (em especial, uso de movimentos de câmera) e estilos (escolhas de enquadramento e esquemas de iluminação). Finalmente, visa-se contribuir aos estudos da cinematografia brasileira, investindo energia no campo da produção popular realizada nos da Boca do Lixo, aproveitando-se da intensa colaboração entre seus membros para realizar nosso estudo comparativo.

Bibliografia

    LOTTELLI, Bruno. Por um cinema corsário: rotas cinematográficas de Carlos Reichenbach. Dissertação (Mestrado) – ECA, USP, São Paulo, 2019.
    LYRA, Marcelo. Carlos Reichenbach: o cinema como razão de viver. SP: Imprensa Oficial, 2004.
    OLIVEIRA, Rogério Luiz; TEDESCO, Marina Cavalcanti (Orgs.). Cinematografia, expressão e pensamento. Curitiba: Appris, 2019.
    ORMOND, Andrea. A mulher que inventou o amor. Rio de Janeiro: Estranho Encontro (blog eletrônico), 2007. Último acesso: 03/05/2021. Disponível em: https://estranhoencontro.blogspot.com/2007/08/mulher-que-inventou-o-amor.html
    REICHENBACH, Carlos. Entrevista com Carlos Reichenbach. In.: Dossiê Reichenbach. São Paulo: Revista Zingu!, 2009. Entrevista concedida a Gabriel Carneiro e Felipe Chamy. Disponível em: https://abraccine.org/2012/06/22/carlos-reichenbach-parte-iii/