Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Deisimer Gorczevski (UFC)

Minicurrículo

    Professora e pesquisadora no Instituto de Cultura e Arte, na Universidade Federal do Ceará. Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Artes e do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR/CNPq). Realizou doutorado em Ciências da Comunicação pela Unisinos – RS e doutorado-sanduíche em Comunicação Audiovisual na Universitat Autònoma de Barcelona. Estuda processos de criação coletivos e colaborativos, cartografias e intervenções audiovisuais e micropolíticas urbanas.

Ficha do Trabalho

Título

    Processos de criação com cinemas que inventam comunidades

Resumo

    Ao pensar os modos de pesquisar e fazer cinema com comunidades, evidenciam-se desafios presentes, desde a constatação da complexidade das mutações nos modos de conhecer e se relacionar com o cinema e o audiovisual, na contemporaneidade, considerando questões que rompem com as linguagens clássicas, a emergente hibridização de gêneros, na perspectiva de um pensamento transdisciplinar e seus agenciamentos em práticas coletivas e colaborativas.

Resumo expandido

    A proposição de pesquisar a relação entre cinema e cidade emerge como desdobramento de experiências com intervenções audiovisuais e urbanas, iniciadas em pesquisas anteriores, que envolviam a área das artes (cinema e audiovisual, artes visuais, teatro e dança) em interface com a arquitetura e urbanismo, comunicação, ciências sociais e políticas públicas, entre outras, onde alargamos as relações com diferentes processos de criação, aproximando-nos de coletivos que atuam no urbano enquanto plano das intervenções.

    Ao pensar os modos de pesquisar e fazer cinema com comunidades, evidenciam-se desafios presentes, desde a constatação da complexidade das mutações nos modos de conhecer e se relacionar com o cinema e o audiovisual, na contemporaneidade, considerando questões que rompem com as linguagens clássicas, a emergente hibridização de gêneros, na perspectiva de um pensamento transdisciplinar e seus agenciamentos em práticas coletivas e colaborativas.

    Que cinema é esse que inventa e é inventado com a convivência comunitária? Como fazer pesquisas produzindo aprendizados coletivos e transdisciplinares com a cidade, com os moradores, com as associações, com fazedores de cinema? Essas questões apresentam algumas das inquietações que compõem a pesquisa Cinema In(ter)venção: Cine Ser Ver Luz, vinculada ao Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR/CNPq), na Universidade Federal do Ceará, em aliança com o Coletivo AudioVisual e a Associação de Moradores do Titanzinho, na cidade de Fortaleza – CE.

    O Cine Ser Ver Luz realiza sessões com programação temática, entre outras ações que visam aproximar a produção audiovisual cearense, nacional, internacional, bem como proporcionar um reencontro com filmes clássicos. Visa, principalmente, encontrar meios para partilhar a produção audiovisual local, entendendo-a como possibilidade de inventar outros modos do bairro e seus moradores expressarem suas singularidades, considerando a promoção das práticas artísticas e comunitárias.

    As temáticas das sessões do Cine e as escolhas dos filmes, no processo de curadoria, são modos de dialogar com as práticas cotidianas em busca de entender como as pessoas ocupam o espaço e se inventam em processos de singularização (GUATTARI, 1992). Nas análises dos filmes, nossas referências também consideram as contribuições de Deleuze e Guattari (1995), Guattari ( 2016), Raquel Schefer (2012) e o conceito de um cine menor em diálogo com Outros fazedores de cinema apresentado por Alice Fátima Martins (2019).

    A pesquisa convida à atitude de intervir e cartografar tendo como referências os estudos de Rolnik (1989), Costa (2020) e Gorczevski (2015). Nessa perspectiva, são problematizadas questões referentes aos modos de fazer ciência, pensando a relação entre pesquisador, participantes da pesquisa, território e o tema/problema de estudo. Entendendo a implicação do pesquisador – que acompanha, cartografa e participa dos processos de criação coletivos e singulares – afirmando um posicionamento estético-político.

    Entre o cinema e seus espaços de encontro e convivência, a comunidade experimenta sua força e (re)inventa a si mesmo, sua memória. O cinema que se inventa com o bairro aposta na dissolução das demarcações geográficas, midiáticas e existenciais, que segregam e limitam o convívio e a interação, investindo na heterogeneidade e multiplicidade de narrativas audiovisuais como ações micropolíticas.

Bibliografia

    COSTA, Luciano B. A cartografia parece ser mais uma ética (e uma política) do que uma metodologia de pesquisa. Revista Paralelo31, Pelotas, ed. 15. p.10-35. dez, 2020.
    DELEUZE, Gilles, GUATTARI, Félix. platôs: capitalismo e esquizofrenia. Vol.1. São Paulo: Editora 34, 1995.
    GORCZEVSKI, Deisimer (Org). Arte que inventa afetos. Fortaleza: Imprensa Universitária – UFC, 2015.
    GUATTARI, Félix. Caosmose: um novo paradigma estético. 2. ed. São Paulo: Ed. 34, 1992.
    GUATTARI, Félix. Un amor de UIQ: Guion para un film que falta. Buenos Aires: Caja Negra: Cactus. 2016.
    MARTINS, Alice F. Outros fazedores de cinema: narrativas para uma poética da solidariedade. Porto Alegre, RS: Zouk, 2019.
    ROLNIK, Suely. Cartografia Sentimental – Transformações Contemporâneas do Desejo. São Paulo: Estação Liberdade, 1989.
    SCHEFER, Raquel. Un cine menor. In. FERLA, Jorge, REYNAL, Sofía. Territórios Audiovisuales. Cine, vídeo, televisón, documental, instalación, nuevas tecno.1a ed. Buenos Aires: Libreria. 2012.