Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Laís Serra (PUC-Rio)

Minicurrículo

    Laís Bravo Serra possui Graduação em Design, especialização em Moda, PUC Rio (2012), Master em Marketing e Comunicação de Moda, IED Barcelona (2014), Mestra em Artes da Cena, UFRJ (2019) e Doutoranda em Artes e Design, PUC Rio. Carlos Eduardo Félix da Costa (CADU) é artista plástica e professor pesquisador do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio onde coordena o LINDA.

Ficha do Trabalho

Título

    O imaginário e Direção de Arte em “Os Pássaros” de Alfred Hitchcock.

Seminário

    Estética e teoria da direção de arte audiovisual

Resumo

    O imaginário é parte do psiquismo profundo, carregando imagens primordiais ou arquétipos, que emergem de acordo com os códigos expressivos de cada cultura e período histórico. O cinema apresenta elementos que se expressam em formas de acordo com a proposta conceitual ou narrativa de cada filme, estando, ao nosso ver, constantemente em diálogo com o imaginário. A partir da análise do filme Os Pássaros (1963) de Alfred Hitchcock, pretendemos apontar algumas manifestações e expressão do imaginário

Resumo expandido

    Os estudos sobre o imaginário fenomenológico apontam a imaginação como ato criativo, afirmando que antes das formas serem criadas pelas mãos, foram ideais. Essa imaginação é compreendida de maneiras distintas conforme a linha de pensamento. Para nossa análise adotaremos autores que provêm da linhagem de Gaston Bachelard e que se relacionam com o conceito de inconsciente coletivo, de C. G. Jung. Pensadores como Gilbert Durand, Danielle Pitta, e Joseph Campbell, compreendem as imagens nascidas na mente como provindas de fundos da psique humana que “carregam” potências dinâmicas universais. Para cada sociedade, período, cultura e até mesmo indivíduo, esses núcleos se apresentam com forma e códigos peculiares, tendo, entretanto, essência e dinamismo comuns. Cada um desses teóricos se volta para uma parcela das atividades criativas que transitam do inconsciente para o consciente, pautando modos variados com que essas representações do imaginário se organizam. Durand propõe um esquema, ainda que não hierárquico e fixado, que sugere um arranjo para nossa melhor compreensão do tema: os schemes, arquétipos, simbolismos e mitos. Inicialmente o imaginário se apresenta organicamente, com os movimentos do próprio corpo, a postura vertical ou a descida na deglutição dos alimentos. Em seguida os arquétipos, atitudes que aparecem como traços de personalidades, na postura de um povo, ritual ou sujeito. Já os símbolos são as primeiras imagens mais racionalizadas, as quais detém escolhas deliberadas na expressão do imaginário, apresentando-se em formas e cores eleitas por uma coletividade e que mais tarde reverberam em um “acordo” mais amplo, por exemplo o símbolo da cruz, relacionado com a narrativa bíblica. Nesse sentido, os mitos ganham forma, constituindo uma história, uma narração linear que engloba todas essas expressões anteriores, mas com formato racional que permite a compreensão da mensagem de modo bem estruturado. Segundo nossos autores, tais narrativas, desde os mitos até nosso objeto de estudo que é o cinema, carrega os simbolismos e arquétipos para constituição das histórias. E estes, por sua vez, aparecem em dinâmicas, personagens, mas também propriamente nas imagens, forma que iremos privilegiar. Na cultura moderna e contemporânea, um dos principais meios de expressão é o cinema, permeando tanto a indústria como a arte. Ele se propõe a articula mensagens dirigidas ao espectador que sejam, ao mesmo tempo, claras e de cunho emocional e subjetivo, recorrendo para tanto de técnicas, à exemplo da direção de som, fotografia, e a própria direção de arte. Assim, tomando esse meio de comunicação como uma linguagem com códigos delimitados, temos uma plataforma para os estudos do imaginário enquanto manifestação coletiva que se manifesta enquanto cores, cenários, figurinos, objetos, paisagens, etc. Igualmente, em certos casos, uma obra fílmica reconhecidamente autoral é realizada conforme uma poética bastante vinculada ao imaginário do mesmo. Ainda que seja produzida para as massas e por uma equipe, o autor (teoricamente) é aquele que dirige o que tal narrativa deseja apresentar, guiado-se por uma intencionalidade emocional e narrativa pessoais. Alfred Hitchcock, um dos maiores nomes da história do cinema, é nosso objeto de estudo de doutorado. Pretendemos, portanto, através da direção de arte de sua filmografia, aprofundar nossas pesquisas sobre o imaginário neste campo das artes. Nos servindo do filme Os Pássaros (1963), nos dispomos a mapear os principais elementos do imaginário presentes nesta obra que se formulam no campo da direção de arte. Assim, a intenção é a realização de uma análise investigativa sobre tal dialética entre cinema e a poética da imaginação fenomenológica, buscando compreender melhor as formas em suas potências criativas originárias. Por meio dos conceitos do esquema do imaginário descrito acima, a relação com a expressão cinematográfica da direção de arte e narrativa em dimensões simbólicas na imagem.

Bibliografia

    ARIAS, Maria Helena de Moura et al. Dicionário de Imagens, Símbolos, Mitos, Termos e Conceitos Bachelardianos. Londrina: Agripina Encadernación Alvarez Ferreira, 2013. AUMONT, Jacques. et. al. A Estética do Filme. 9a edição. São Paulo: Papirus Editora, 2017.
MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico de Cinema. 2a Edição. São Paulo: Papirus Editora, 2006.
BORDWELL, David; THOMPSON, Kristin. A arte do cinema, uma introdução. 1a Reimpressão. São Paulo: Editora Unicamp, 2018.
BROUGHER, Kerry; TARANTINO, Michael. Notorious: Alfred Hitchcock and Contemporary Art (Museum of Modern Art Oxford). Museum of Modern Art, Oxford:1999.
OLIVEIRA JR. Vertigo, a teoria artística de Alfred Hitchcock e seus desdobramentos no cinema moderno. São Paulo: USP, 2015.
HITCHCOCK, TRUFFAUT. Hitchcock Truffaut Entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.