Trabalhos Aprovados 2021

Ficha do Proponente

Proponente

    Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) (UFF)

Minicurrículo

    Niteroiense, é doutora em Comunicação pela UERJ (2018). É professora do Departamento de Arte da UFF desde 1998. Dirigiu os curtas-metragens premiados “Era Araribóia um Astronauta?” (1998), “A Maldita” (2007), “Fantasias de Papel” (2015), e o longa-metragem “A Maldita” (2019). Exerce atividades de curadoria e júri em mostras e festivais. Publica artigos com foco em festivais de cinema e cinema documentário. Dirigiu o Araribóia Cine – Festival de Niterói (2002-2013).

Ficha do Trabalho

Título

    PRÁTICAS CULTURAIS DE PÚBLICOS EM FESTIVAIS DE CINEMA

Seminário

    Exibição cinematográfica, espectatorialidades e artes da projeção no Brasil

Resumo

    A comunicação refletirá acerca da experiência de participação dos frequentadores de festivais de cinema no que tange às suas práticas culturais, aos comportamentos, à recepção das obras e experiências de espectatorialidade, tendo como objeto dois eventos de natureza distinta. Um de caráter generalista e histórico – o XII Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (1979) e o outro de caráter especializado – o CineFoot, (anos 2010). As fontes para estes estudos são de matéria fílmica.

Resumo expandido

    Desde que iniciamos pesquisas acerca de festivais de cinema, uma questão nos atravessa: porque um mesmo filme mobiliza um grande número de espectadores quando exibido num festival de cinema e o mesmo nem sempre acontece quando a obra é mostrada em circuitos regulares de exibição? O que faz com que estes eventos sejam tão atrativos e mobilizem um grande número de espectadores? Algumas hipóteses relacionadas a “forma-festival” podem auxiliar na compreensão deste fenômeno. Longe de compreender os festivais de cinema como um segmento homogêneo, algumas características podem ser observadas e relacionadas à frequência dos espectadores. Muitos dos eventos de caráter competitivo se constituem como espaços de legitimação cultural ao conferir prestígio, honra e reconhecimento aos filmes selecionados (DE VALCK, 2016). O prêmio tem valor de notícia e gera a atenção de críticos, mídia e consequentemente do público.
    Além do forte aparato midiático, os festivais se constituem como importantes espaços de socialidades e de trocas simbólicas. A experiência de assistir a um filme coletivamente, a presença de artistas que participaram das obras exibidas nas sessões, os debates seguidos das exibições, são experiências que potencializam os festivais como espaços de interesse do público. Também podemos pensar os festivais como espaços de experiência cinéfila. O trabalho seminal de Bianca Salles Pires, sobre os festivais Mostra de Cinema de São Paulo e Festival do Rio investiga a relevância destes eventos na formação dos públicos cinéfilos (PIRES, 2019).
    Pesquisar um objeto efêmero – festivais de cinema – implica em alguns desafios. Os festivais de cinema estão muito focados em sua produção anual. Assim que o material produzido (identidade visual, por exemplo) esgota o seu valor de uso, isto é, divulgar o festival, ele é descartado. Também podemos afirmar, que por se tratar de um campo emergente de pesquisas, não há uma política efetiva de arquivamento dedicada à preservação e catalogação de documentos referentes aos eventos. Somado a isso, como muitos eventos são organizados por instituições privadas (produtoras culturais), em geral estes materiais não são disponibilizados para pesquisadores.
    Para esta comunicação, a abordagem centrará nas práticas culturais de frequentadores dos festivais de cinema, tendo como objeto dois eventos de natureza distinta. Um de caráter generalista – o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro -, e o outro de caráter especializado – o CineFoot – Festival de Cinema de Futebol. As fontes para este estudo são de matéria fílmica. No que tange o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nos debruçaremos sobre o material produzido pelo Setor de Rádio e Televisão da Embrafilme. Em 1979, durante a XII edição do Festival, uma equipe do programa Cinemateca, entrevistou o público do Festival na saída das sessões. O público era convocado a opinar sobre os filmes exibidos e sobre aspectos variados do Festival. Em relação ao CineFoot, o material audiovisual que será por nós analisado, diferente do material da Embrafilme, trata de imagens produzidas pelos organizadores do festival com o objetivo de registro do evento.
    O nosso objetivo aqui é promover reflexões acerca da experiência de participação dos frequentadores de festivais de cinema no que tange às suas práticas culturais, aos comportamentos, à recepção das obras e experiências de espectatorialidade. Buscaremos na análise promover um diálogo com as pesquisas de Bianca Pires (2019), sobre públicos cinéfilos em festivais, e o de Ana Rosas Mantecón (2017), sobre públicos de cinema.

Bibliografia

    DE VALCK, Marikje; KREDELL, Brendan e LOIST, Skadi (orgs). Film Festivals – History, theory, method, practice. London; New York: Routledge, 2016.
    MANTECÓN, Ana Rosas. Ir al cine: antropologia de los públicos, la ciudad y las pantallas. Ciudad de Mexico: Universidad Autónoma Metropolitana; Barcelona: Gedisa Editorial, 2017.
    JULLIER, Laurent e LEVERATTO, Jean-Marc. Cinéphiles et cinéphilies. Paris: Armand Colin, 2010.
    PIRES, Bianca Salles. A formação de públicos cinéfilos: circuitos paralelos, museus e festivais internacionais. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, UFRJ, Rio de Janeiro, 2019.
    PONTES, Igor Andrade. Investigação e catalogação da coleção SRTV do acervo Centro Técnico Audiovisual do Ministério da Cultura. Recine: Revista do Festival Internacional de Cinema de Arquivo. Ano 10, n.10. Arquivo Nacional. Nov. 2013.